Terça-feira, 03 de Setembro de 2024 Fazer o Login

Coluna: Direito e Justiça (25/07)

qui, 25 de julho de 2024 13:22

Direito e Justiça:

 

A Flor da Honestidade:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

– A honestidade é como uma flor tecida em fios de luz, que ilumina quem a cultiva e espalha claridade ao seu redor.

 

– Honestidade é fazer o certo mesmo quando ninguém estiver olhando; é mais do que falar a verdade; é fazer transparecer todo o seu pensamento sem qualquer restrição mental.

 

Ser honesto é cultivar e manter a dignidade e a honra, respeitando sempre a palavra empenhada e os direitos alheios; é ser verdadeiro, não mentir, não fraudar e não enganar; ser honesto é saber ganhar e saber perder, é ser leal, sincero e responsável para consigo mesmo e para com todas as demais pessoas.

 

_____________________________________________________________________________

 

 

A Flor da Honestidade:

 

Conta-se que, na China Antiga, um príncipe da região norte do país estava às vésperas de ser coroado imperador. Antes, porém, ele deveria se casar. Conhecendo as exigências das leis e os costumes locais, ele resolveu promover uma disputa entre as moças da China, fossem elas da nobreza ou não.

Feito o anúncio oficial, o príncipe marcou o dia em que receberia no palácio todas as pretendentes e lançar-lhes-ia o desafio. A vencedora seria sua esposa e futura imperatriz.

Uma velha senhora, serva do palácio havia muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua jovem filha tinha profundo e silencioso amor pelo príncipe, mas, sendo plebeia e pobre, jamais poderia sonhar em participar daquela competição.

Ao chegar em casa e contar sobre a cerimônia agendada pelo príncipe e sua finalidade, a velha serva espantou-se, ao saber que a filha pretendia ir e participar do evento.

Por isso, indagou-lhe, incrédula e penalizada:

– Minha filha, o que você fará lá? Você não tem sequer as vestes necessárias para competir com as outras. Estarão presentes as mais belas e ricas moças da Corte Imperial e do país. Tire essa ideia insensata da cabeça; eu sei que você deve estar sofrendo, mas não transforme o sofrimento em loucura.

– Não, querida mãe. Eu não estou sofrendo e também não estou louca. Sei que jamais poderei ser a escolhida, mas é a minha oportunidade de poder ficar pelo menos alguns minutos perto do príncipe. E isto me basta para eu ser feliz.

Porém, a jovem, que amava ternamente o príncipe, persistiu no seu intento de comparecer e participar do desafio, mesmo consciente de não possuir qualquer chance de vitória. E, chegando, afinal, o dia marcado, a jovem plebeia dirigiu-se ao palácio. E, de fato, lá estavam as mais belas e ricas moças, e todas elas tinham a mesma e fundada esperança de casarem-se com o príncipe.

Após alguma espera, o príncipe entra no salão e lança o desafio:

– Todas vocês são realmente muito belas, mas apenas uma será a minha esposa e imperatriz. Vou fazer-lhes um teste. Cada qual receberá uma semente. Deverá cultivá-la cuidadosamente. Após seis meses, teremos aqui mesmo um novo encontro. Aquela que me trouxer a flor mais bela será a vencedora, e tornar-se-á minha esposa e a futura imperatriz da China.

 

A jovem saiu com a sua semente e, já em casa, colocou-a num vaso. Dia a dia, resignada e pacientemente, a filha da velha serva não media esforços para obter uma flor a partir da semente recebida. Mesmo não tendo habilidades com jardinagem, ela cuidava da semente com alegria e ternura, tendo a esperança sincera de conseguir uma flor tão bela quanto era o seu amor pelo príncipe.

Passaram-se os dias, as semanas e os meses, e nada surgiu. A jovem tudo tentara; usara de todos os métodos que conhecia, mas nada havia nascido, nem mesmo um simples broto. Assim, os seis meses findaram e o seu tempo esgotou-se. No dia e hora marcados para o retorno, ela estava lá, no mesmo salão, e com ela as centenas de outras moças à espera do seu amado príncipe, mas sem nada para poder apresentar-lhe, a não ser um vaso vazio, sem qualquer flor.

Ao contrário dela, todas as demais jovens, sem nenhuma exceção, exibiam suas respectivas flores, todas belas, viçosas e exuberantes, das mais variados cores e formas.

Chega por fim o esperado príncipe e entra no salão. Uma por uma, cuidadosa e atentamente, ele observa todas as pretendentes e suas belíssimas flores, constatando que somente a humilde jovem, filha da velha serva, nada tinha para exibir, pois apresentava apenas um vaso vazio, sem flor alguma.

Após uma curta reflexão, que gerou uma tensa espera, o príncipe anunciou solenemente que a jovem plebeia seria sua esposa e futura imperatriz. E, como era de se esperar, ecoou pelo salão um murmúrio de protesto, admiração e surpresa. Pois, ninguém entendia ou aceitava que aquela jovem, que não lhe trouxera qualquer flor, pudesse ser a vencedora.

Ordenando que se fizesse o silêncio, calmamente, o príncipe explicou:

– Esta foi a única de vocês que cultivou realmente a flor que a tornou digna de tornar-se minha esposa e futura imperatriz da China. A flor da honestidade. Porque todas as sementes que lhes entreguei eram estéreis e não podiam produzir tais flores. Somente ela, com certeza, laborou todo esse tempo com seus esforços e seu amor, tentando conseguir obter uma bela flor e, corajosamente, veio perante mim com ou sem resultados.

E finalizou:

– Portanto, ela é a vencedora, porque soube cultivar a flor mais bela: a flor da honestidade.

 

FONTE: Não identificada.

 

 

____________________________________________________

 

 

Comentário Pessoal:

 

O príncipe escolheu bem. Em seu país, ao longo de 6.000 anos ininterruptos de uma História brilhante e rica, a honestidade é valorizada sobre qualquer outra coisa. Assim como o respeito aos mais velhos, ou seja, aos idosos.

 

A cultura chinesa é muito rica e diversificada. Como um país milenar e multiétnico, a China possui diversos segmentos culturais, línguas, escritas e tradições diferentes que convivem em harmonia no imenso território chinês. Dentre os maiores grupos étnicos encontram-se os Han, Mongóis, Tibetanos, Uigures e Cantoneses.

 

A etnia Han constitui o maior grupo étnico da China (e de todo o mundo), representando quase 92% da população chinesa, ou seja, mais de 1,24 bilhão de pessoas (cerca de 18% da população mundial); a sua língua é o mandarim, o idioma nativo mais falado em todo no mundo, de caráter tonal e escrito por meio de ideogramas. Existem, no momento, mais de 7.000 ideogramas, mas a maioria deles não é utilizada. Até chegar ao nível colegial, um estudante chinês dever conhecer aproximadamente 3.000 ideogramas.

 

Tradicionalmente, a cultura chinesa típica valoriza os seguintes valores: harmonia, benevolência, retidão, cortesia, sabedoria, honestidade, lealdade e piedade filial. Sem dúvida alguma, foram estas qualidades que preservaram a unidade e a grandeza da China nestes 6.000 anos de sua trajetória como nação e país, resistindo e superando todas as intempéries e dificuldades postas no seu caminho.

 

Na China, a maturidade (inclusive a velhice) é sinônimo de sabedoria. Os idosos são tratados com dignidade, muito respeito e consideração por sua contribuição para com a sociedade e por sua vasta experiência acumulada. As pessoas costumam falar com orgulho dos sacrifícios feitos pelos mais velhos em benefício da família.

 

Valorizar o papel do idoso na comunidade é tradição antiga na China. É atribuída a Confúcio a frase “Ao servir seus pais, um filho os reverencia na vida diária, fazem-nos felizes, cuida deles na doença e mostra uma grande tristeza na sua morte”. De acordo com o filósofo, o respeito aos mais velhos é uma das características essenciais de uma boa sociedade.

 

Os idosos chineses são muito ativos. Uma voltinha pelas ruas das cidades do país é suficiente para se deparar com grupos de pessoas da terceira idade dançando, praticando lutas, fazendo exercícios ao ar livre, soltando pipas e conversando com jovens reunidos ao seu redor, e com eles dialogando, ensinando e exemplificando.

 

Dignidade, reverência, respeito e consideração para com os idosos são mesmo traços marcantes e próprios da cultura chinesa e dos povos orientais em geral. Tais atitudes resultam de uma educação milenar e persistente, que reconhece o valor da contribuição passada e da experiência presente para um futuro estável e forte dos respectivos países.

 

Sem pretender discorrer acerca de ideologias ou regimes e formas de governo, mas reforçando todo o meu entendimento, penso que não é por outra razão — o permanente respeito às tradições e valores morais ancestrais – que a China superou íntegra todas as invasões e investidas contra a sua soberania, especialmente no decorrer dos Séculos XIX e XX, quando outros povos, então mais fortes, transformaram-na em um autêntico “quintal do mundo”, para vir a reerguer-se e tornar-se, hoje, a maior potência econômico-financeira da Terra.

 

Araguari – MG, 25 de julho de 2024.

Rogério Fernal .`.

1 Comentário

  1. Eliane disse:

    Flor da Honestidade uma linda lenda chinesa, essas lendas da China são muito reflexivas. As outras moças quando viram que a semente não germinava, provavelmente trocaram por outras. Eles têm uma cultura exemplar tão diferente do Ocidente e a tecnologia deles é tão forte, tanta modernidade que eles criam. O idoso do Ocidente é muito parado, tem uma péssima alimentação e vivem doentes, tem uns vídeos do Vietnã que eu sigo e o arroz deles é feito na pura água, mas tem muitas guloseimas do Ocidente também. O Ocidente poderia seguir o exemplo do Oriente e tratar melhor seus idosos.

Deixe seu comentário: