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Cargos ligados à prefeitura são alvos da Operação Hoopoe

sáb, 14 de abril de 2018 05:53

por Tatiana Oliveira

Foram emitidos mandados de prisão contra eles e outros 31 mandados de busca e apreensão em diversos setores do Executivo e Legislativo

O Ministério Público de Minas Gerais – MPMG) e a Polícia Civil deflagraram ontem, 13 de abril, a operação Hoopoe, com o objetivo de desbaratar esquema de desvios de recursos públicos na prefeitura de Araguari, no Triângulo Mineiro. A investigação teve início em Araguari com o promotor André Luis Alves de Melo, responsável pela curadoria do Patrimônio Público, o delegado Rodrigo Fiorino da Polícia Civil, que presidiu as investigações desde o início, e o apoio do Grupo Especial do Patrimônio Público, por meio do delegado Fernando Lima Barbosa, de Belo Horizonte. Também contou com o apoio do Grupo Especial de Combate a Organizações Criminosas de BH – GAECO.

Operação teve início com venda de túmulos no cemitério e tomou proporções maiores

Operação teve início com venda de túmulos no cemitério e tomou proporções maiores

 

Foram cumpridos três mandados de prisão temporária, 32 de busca e apreensão e nove ordens judiciais de afastamento de agentes públicos e políticos. Há indícios da prática de crimes de organização criminosa, peculato, fraude à licitação e lavagem de dinheiro, cujas penas variam de três a 12 anos. Os mandados foram cumpridos contra André Fabiano Reis, superintendente da SAE; o vice-presidente da Câmara de Vereadores Cláudio Coelho (SD) e Juberson dos Santos Melo, que havia se afastado do cargo de secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo para possível candidatura nas eleições gerais de 2018.

Segundo o promotor Fabrício Fonseca Pinto, do Grupo Especial de Defesa do Patrimônio Público do MPMG, há indícios de que seja uma organização criminosa que se infiltrou na prefeitura e atua em diversos setores. “Essa organização criminosa atua em vários setores do município, em várias secretarias e em razão do tamanho da atuação dessa organização criminosa nós achamos por bem dividir a investigação para apurar os vários núcleos”, disse em coletiva de imprensa ontem no final da tarde.

Nesse primeiro momento, o foco é nos três investigados. “Focamos em um grupo dessa organização criminosa que envolve ao menos três líderes e eles negociavam contratos com empresas privadas para beneficiar os seus amigos e apaniguados políticos”, disse o promotor. “Havia negociação de contratos e a contrapartida era empregos para essas pessoas aliadas desses políticos. Há também provas de negociações de licitações. Essas provas demonstram que o superintendente da SAE negociou com determinadas empresas redução de preço para vencer uma licitação, clara demonstração de direcionamento do processo licitatório para beneficiar uma empresa que era contratada da SAE”, complementa. “A atuação deles, segundo indícios, era coordenada. Eles eram líderes dessa organização criminosa e havia a atuação de outros executores, outros operadores. Eles lideravam de forma coordenada, atuavam em várias frentes, os três. Os indícios demonstram que o objetivo, a princípio, seria proveito político e financeiro para a própria organização e para terceiros”, completa.

O início das investigações foi com a venda de túmulos no município, com pagamentos de altas taxas e a partir desses indícios de irregularidades houve a instauração de inquérito policial. “A partir de interceptações telefônicas, nós conseguimos obter provas que demonstraram a existência de indícios com relação à existência de uma organização criminosa”, relata o promotor. Essas interceptações telefônicas, segundo o delegado responsável pelo caso Rodrigo Fiorini, foram realizadas em um período de 9 meses.

O ex-secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo também foi citado pelo promotor durante a coletiva de imprensa. “Esse ex-secretário mantém contato com o representante de uma empresa onde diz que estava tratando de aprovação de um projeto de lei na Câmara e autorizaria a suplementação orçamentária na ordem de R$ 7 milhões para cumprir um compromisso com essa determinada empresa. Essa prova demonstra o tráfico de influência da prefeitura para beneficiar uma empresa privada”, coloca.

Segundo o promotor, a negociação viria de abertura de crédito suplementar a diversas secretarias como a de Educação. “Nessa negociação ele disse que os recursos sairiam cerca de R$ 100 mil na secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo; R$ 100 mil da secretaria de Educação” descreve. “Ou seja, com orçamento combalido do município, várias deficiências na prestação de serviços públicos e os recursos eram desviados para os cofres de uma empresa privada”, lamenta.

A prisão temporária foi decretada em cinco dias e pode ser renovada em mais cinco ou convertida em preventiva. “Vamos ouvir os investigados, eles tem direito a defesa e contraditória, é importante registrar isso.  A partir dessas e demais oitivas e análises das provas vamos demonstrar, concretizar os indícios que comprovamos. Pode ser que a prisão não seja renovada porque eles colaboraram ou porque conseguimos as provas necessárias”, coloca o promotor.

Além da prisão temporária, houve a prisão em flagrante do superintendente da SAE, por ter sido encontrada em sua casa uma arma com o número raspado. Também foi encontrado no porta-luvas do veículo do superintendente da autarquia a quantia de R$10 mil em dinheiro, cuja origem terá que ser comprovada ao MPMG e à PC.

Os investigados serão encaminhados aos presídios, sendo que o superintendente da SAE possui direito a cela especial, por ser advogado, coloca o promotor. “Ele será encaminhado para uma unidade prisional onde seja resguardada a sua integridade física, um direito previsto pela legislação para a proteção das prerrogativas do advogado.

O delegado Fernando Lima Barbosa, de BH, também pronunciou-se durante a coletiva. “Eu gostaria de dizer para a sociedade que clama cada vez mais por extirpar esse problema gravíssimo que acontece no Brasil que é a corrupção praticada por agentes públicos e que, tanto o MP quanto a PC irã trabalhar com o máximo empenho para evitar cada vez mais essa prática delituosa que tanto assola a nossa comunidade, a nossa sociedade”, coloca.

Os seguintes locais estavam entre os alvos de mandado de busca e apreensão: secretaria de Obras; secretaria de Saúde; SAE; residência particular de alguns representantes; Câmara Municipal; Sintespa e duas salas do Palácio dos Ferroviários.

Conforme apurado pela Gazeta do Triângulo, foi decretado afastamento imediato de: vereador Claudio Coelho; superintendente da SAE André Fabiano Reis; Juberson dos Santos Melo (já estava afastado); secretário de Saúde Rafael Guedes; secretário de Serviços Urbanos Candido Costa Arruda; secretário de Gabinete Marco Antônio Farias e dos servidores Elcio Gonçalves Cury (cemitério), Cristiano Abilio de Deus (Obras), e Roberto Cury (cemitério). Segundo o promotor, eles foram afastados por terem alta influência dentro do Executivo. Não foi pronunciado sobre envolvimento deles nas acusações da operação.

Os trabalhos contam com o apoio da Promotoria de Justiça de Defesa de Patrimônio Público de Araguari, do núcleo central do Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) em Belo Horizonte, GEPP, Grupo de Apoio Policial (GOP) e Promotoria de Justiça de Combate aos Crimes Cibernéticos e Polícia Civil.

A operação tem a participação de três promotores de Justiça e 110 policiais civis. O nome da operação se refere ao pássaro da mitologia que come excrementos.

A assessoria de imprensa da prefeitura manifestou-se em nota oficial. “O prefeito Marcos Coelho vem a público esclarecer que a operação denominada “Hoopoe”, tem e terá o total apoio e colaboração de todos os setores e departamentos da prefeitura de Araguari”.

13 Comentários

  1. Sergio disse:

    Pra mim esse advogado sem vergonha, tem que mofar na cadeia , vagabundo André Reis ; vagabundo , você não vale nada , tem que mofar na cadeia.

  2. Nixon disse:

    Hoopoe está remexendo os excrementos e a coisa deve feder…

    Salve Hoopoe!

  3. Anônimo disse:

    E quem surripiou na surdina,não vai acontecer nada . Quem enriqueceu com o dinheiro da cidade, vai ficar por isso mesmo. Tem que investigar as sujeiras que ficaram para trás também para ser completa. Senão vai ficar o sujo rindo do mal lavado. Parece que ouvi a voz de um vereador na porta do ministério público fazendo reportagem ou eu me enganei, ou faz uma coisa ou faz outra. Araguari não tem mesmo sorte, saiu da brasa e voltou para o espeto..

  4. Anônimo disse:

    Tem um ex diretor blindado do cemitério que eu não vejo o nome dele em nenhum lugar. Vai ser sortudo longe.

  5. Cezar disse:

    Parabéns ao Ministério Público.
    Acho que deve ir até o fim. Precisamos passar esse país a limpo. Chega de tanta podridão. Afinal não é justo pagarmos tantos impostos e ver nosso dinheiro entrando apenas nos esquemas desses “políticos esquemistas” pelas suas cuecas, malas, e contas bancárias no exterior. Não me surpreende pois uma cidade que arrecada tanto como a nossa ( pedágios, barragens, empresas, etc ) e completamente as traças como está. Acho que tem muito mais gente envolvida e gente graúda, pode investigar que vão pegar tubarão aí.

  6. Rogerio Batista Ribeiro disse:

    Realmente, essa situação dos túmulos no cemitério e bem antiga, não é só da administração atual, sem querer defender ninquem, pois tive problemas lá em 2010

  7. andre luiz grigorio disse:

    temos que entender que: todos esses elementos da administração publica, são pessoas que nada mais nada menos são pagas para administrar nossos impostos , e cabe a nós sociedade, fiscalizar, cobrar e denunciar, mas de forma seria e com convicções. vamos juntos mudar o BRASIL. depende de nós, depende de cada um fazer o seu papel. AVANTE BRASIL, a hora da mudança chegou.

  8. Douglas disse:

    E precisou de uma operação de fora coordenada pelos homens de BH. Valeu MP. Mas e o procurador do município??? Cadê??? Agora é só vasculhar que vão encontrar vários peixes grandes nessa corrupção. Agora Juberson, de você eu sinceramente não esperava não. Sinceramente, que decepção Jubão. Araguari abandonada, em quem confiar?!???

  9. anonimo disse:

    O mp poderia aproveitar e olhar a respeito esse comissonados quantos não estão sendo beneficiados com esse cargos tirando vagas do pessoal que fez o concurso e esta aguardando uma convocação que não acontece por causa dessas vagas que estão sendo preenchidas por eu conhecer o fulano que conhece o siglano

  10. Roberto disse:

    Nossa que podridão tanto corrupto descoberto todo dia a nivel municipal estadual e federal, fica dificil votar neste Brasil. Se falar pega ladrão não fica um meu irmão. E tem candidato a Presidente que quer ser o salvador da Pátria, usando a linguagem que o povo quer ver mais tá só fazendo besteira mostrando que é lobo vestido de cordeiro. Votou só a favor do Temer. Fica esperto população Brasileira. ACORDA BRASIL…

  11. Roberto disse:

    A atual administração de Araguari, não gosta de concurso Público, só faz processo seletivo temporário, porque ai é mais fácil manipular o servidor. Pode esperar nunca vão chamar os concursados, todos eles.

  12. Sílvio disse:

    Araguari sendo passada a limpo. Demorou mas chegou. Se fizerem um bom trabalho vão chegar a mais gente. Qual razão há para ficar entupindo a prefeitura com cargos comissionados se tem concursados que, após aprovados, ainda não tomaram posse de seus cargos? As administrações anteriores e a atual representam o fracasso de uma situação política ordinária. Nem o sol é capaz de iluminar algum santo nessa nojeira toda. Ganham para administrar o ente público ou para roubar? Pelo visto …

  13. anonimo disse:

    A atual administração de Araguari, não gosta de concurso Público, só faz processo seletivo temporário, porque ai é mais fácil manipular o servidor , sim concordo mais quero ver se procurar o ministerio publico e fazer mandato de segurança se nao vai achar mais coisas irregulares ai vai chegar o ponto da cidade ficar sem ninguem no poder

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