“Capoeira é a maior embaixatriz do nosso Brasil”, garante mestre Zulu
sex, 28 de novembro de 2014 08:26DA REDAÇÃO – Uma das manifestações artísticas mais tradicionais do país passou a ser um bem para o mundo. Na quarta-feira, 26, a Unesco reconheceu a capoeira como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Nesta data, capoeiristas brasileiros gingaram ao som do berimbau durante a cerimônia realizada em Paris.
Levada para 123 países, também é conhecida como “brazilian martial art”, ou arte marcial brasileira. “A capoeira é a maior embaixatriz do nosso Brasil”, ressalta Agnaldo da Silva, o Zulu. Praticante desta arte desde 1997, o mestre é um dos mais antigos de Araguari. Atualmente, existem sete grupos de capoeira em atividade no município.
A relação da capoeira com o Brasil é indissociável. Alunos em qualquer parte do mundo precisam aprender as cantigas tradicionais das rodas, todas cantadas em português. E para se tornar mestre nessa arte, é obrigatório vir ao país para fazer uma espécie de aperfeiçoamento com duração de dois anos.
Criada como luta, essa expressão cultural popular pode ser compreendida de várias formas. “Para alguns é mais uma dança, uma arte marcial para quem aprecia a luta. Para outros é esporte. Pode ser uma forma de cultura, uma profissão, enfim, para mim a capoeira é uma filosofia de vida,” expôs Zulu.
BOM PARA CORPO E MENTE
Vigor físico, pontualidade e espírito de equipe são alguns dos benefícios adquiridos com a prática da capoeira. Por ser aeróbica, a atividade ajuda a emagrecer, melhora a circulação sanguínea e ajuda a definir os músculos.
HISTÓRIA
Totalmente brasileira, com origem no desejo de libertação dos escravos. Esta é uma das características apontadas por Zulu para explicar a origem da expressão popular criada como luta. “Capoeira é aquele tipo de pasto limpo, presente nas fazendas, onde os praticantes costumavam ir para treinar. O local acabou dando nome a atividade,” ressaltou.
O preconceito que os “capoeiras” sofrem é antigo. Segundo Zulu, a Princesa Isabel teria criado uma “guarda negra” para rechaçar comícios republicanos. Esses lutadores nunca eram presos porque contavam com a proteção real. “Com a Proclamação da República, um dos primeiros atos do Marechal Deodoro da Fonseca foi o decreto 487, que proibiu a capoeira e os praticantes passaram a agir contra a lei, sendo marginalizados e presos,” ressaltou.
Surgia então a tradição dos apelidos. “Para se esconder da polícia, o pessoal criava um nome de capoeira,” contou. A capoeira voltou a ser reconhecida como uma manifestação popular no governo de Getúlio Vargas.
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