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Coluna: Cantinho do Mário (12/02)

sáb, 12 de fevereiro de 2022 08:22

CANTINHO DO MÁRIO

 

QUEM QUER MORRER AGORA?

É comum e normal o medo de morrer, embora milhares de pessoas procurem a morte pelo suicídio. Uma vez ouvi de um palestrante a afirmação de que os suicídios não são informados em estatísticas porque poderiam influenciar negativamente a sociedade. Inventaram até dois nomes discretos para quem tem medo excessivo da própria morte e de outras pessoas de seu convívio: Tanatofobia ou Necrofobia. A pessoa que pensa excessivamente na morte tem pensamentos que assombram sua mente a todo momento, causando-lhe muita ansiedade, influenciando negativamente seu cotidiano. Embora o instinto de conservação seja relativo à sobrevivência e à perpetuação das espécies, é uma lei da natureza que todos os seres vivos possuem independente do grau de sua inteligência, pode ser puramente maquinal ou raciocinado, e pode ser corrompido por crenças. Há quem acredite que depois da morte física nada existe: são os niilistas. Outros acreditam que o espírito retorna a Deus, imaginem, bons, maus, pacíficos, violentos, em outras palavras, estariam alterando a essência do Criador e enchendo-o de imperfeições. Gente simplória. Finalmente tem quem acredite na eternidade do Espírito e na sua viagem rumo à perfeição. A educação religiosa também influencia os que temem ir para o inferno, trazendo ansiedade àqueles que acreditam em um Deus com as imperfeições humanas: ódio, ciúme e outros defeitos morais. Eu sempre acreditei que o momento importante em nossas vidas é o agora, considerando que o passado ‘já era’ e o futuro não aconteceu. Assim, se cuidarmos do presente praticando boas obras, amanhã ele será o passado e não interferirá negativamente no que podemos chamar de futuro, e teremos uma vida tranquila, sem receios do ‘desconhecido’. A falta de fé, de ocupação, e cabeça vazia são fatores de depressão, desânimo e falta de vontade de viver. Não sei se ainda hoje ainda se mantém o costume de execrar os suicidas, eles não tinham direito ao culto de corpo presente porque morreram em pecado e estavam irremediavelmente perdidos. Seria uma forma de desencorajar esta prática? Santa ignorância. O achismo dos pregadores virou lei? É um paradoxo, mesmo sabendo que a morte física é a única certeza e só de pensar nos benzemos. Não sei se foi um pastor ou padre que, com a igreja cheia, perguntou aos fiéis: Quem quer morrer e ir para o céu? Todos levantaram a mão, mas depois ele perguntou: Quem quer morrer agora? Ninguém se candidatou. O que provoca o medo da morte? Falta de fé, instinto de conservação, princípios religiosos, consciência pesada, não saber o que vai encontrar, apego na matéria? Acredito que a resposta está nos costumes e na personalidade das pessoas, tem gente que afronta o perigo de peito aberto e outros que vivem debaixo da cama. Valentes e covardes podem ser construídos, é uma questão de educação e treino, e a repetição leva à perfeição, diz o adagio. Contudo, é muito difícil vencer as tendências que trazemos de outras romagens. O Freud quase chegou lá. No fim ninguém vai ficar para a semente, o Matusalém morreu, o Lázaro que Jesus curou também, porque será que não acostumamos com a ideia? Afinal, o que há por trás da morte? A vida continua? Existe a perdição eterna? Existe céu? Vocês podem achar essa conversa muito mórbida, mas é o fim comum. Quando nascestes, todos riam e só você chorava, então viva de tal forma que quando fechar seus olhos todos chorem e só você sorria. Quem é feliz não pensa na morte, vive.

MÁRIO FERREIRA:.

 

 

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