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Campanha busca controlar vírus da gripe vacinando crianças

qui, 10 de abril de 2014 02:38
Doença mata 2.000 pessoas por ano só no Brasil e preocupa autoridades de saúde
Foto: Divulgação

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DA REDAÇÃO
(com assessoria)

Contato – Segundo especialista, crianças transmitem mais o vírus da gripe, pois têm mais contato físico com pais e coleguinhas na escola.

Cerca de meio milhão de pessoas morrem de gripe todos os anos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Só no Brasil, dados do Ministério da Saúde apontam para 2.000 mortes anuais – mas esse número pode ser muito maior, já que nem todos os casos são reportados. Ainda subestimada por grande parte da população, a gripe é foco de preocupação de especialistas, e, para contornar esse quadro, a melhor forma é investir em vacinação.

Por isso, a campanha de imunização do Ministério da Saúde deste ano, que começa no dia 22 e vai ao dia 9 de maio, inclui um novo grupo, que não era considerado prioritário no ano passado: as crianças de 2 a 5 anos incompletos. Segundo pesquisas internacionais, as crianças de até 5 anos são as que mais transmitem o vírus da gripe, daí a ideia de imunizá-las.

O ideal seria vacinar toda a população todos os anos. Mas são 200 milhões de pessoas, não há recursos nem estrutura para isso. O programa de vacinação do Brasil foi aumentando e incluindo mais pessoas com o passar dos anos. Hoje, temos um dos melhores programas do mundo.

Contágio – “Historicamente, nós, médicos, já sabemos: começa a infecção na criança e depois a morte em adultos”, relata a médica Lúcia Bricks, diretora de saúde pública da fabricante de vacinas Sanofi Pasteur Brasil.

Os motivos para isso são vários. “Primeiro, porque a criança elimina o vírus do corpo por mais tempo. Enquanto o adulto elimina por cinco a seis dias, a criança pode chegar a 14. Segundo, porque elas têm mais contato físico com os pais e com os coleguinhas na escola”, explica a médica. Hábitos de higiene também estão na lista. “Por mais que você explique a uma criança que ela deve lavar as mãos, ela não vai ficar passando o álcool em gel”, pondera Lúcia.

Seguro – Além das crianças, gestantes, idosos, indígenas e outros grupos podem se vacinar na rede pública de saúde. Aqueles que não pertencem aos grupos alvo de vacinação podem procurar clínicas particulares, ao custo médio de R$ 100.

Quem for se vacinar não precisa temer quanto à segurança da vacina. “O vírus é cultivado em tecido embrionário de galinha. Depois, ele é morto e quebrado em partes bem pequenas. Então, não é possível que a vacina cause a doença”, afirma a médica. Também não são comuns os casos de reações. “A literatura já demonstrou que as reações são locais. A pessoa pode ficar com o local da aplicação dolorido e vermelhinho, mas os sintomas somem sozinhos em até 48 horas”, garante Lúcia.

Diferença – Diferentemente de um resfriado comum, a influenza tem sintomas que limitam as atividades do dia a dia. Em 100% dos casos, a pessoa apresenta febre – muitas vezes alta – e, na maioria das vezes, há tosse. Também são comuns as dores de cabeça e no corpo.

“Se você sabe que teve contato com alguém com gripe e começa a ter esses sintomas, pode ir correndo para o serviço de pronto-atendimento que muito provavelmente houve a transmissão”, recomenda a médica Rosana Ritchmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

O tratamento para a gripe é simples, com um antiviral, mas deve ser iniciado precocemente. Caso contrário, os efeitos começam a ser menores e as chances de complicações aumentam. “Tendo uma complicação de influenza – a mais comum é a pneumonia –, o paciente não consegue nem tomar a medicação oral. E, infelizmente, ainda não há um medicamento endovenoso que se possa dar para pacientes graves”, revela Rosana. Nos casos mais agudos, as complicações da influenza podem levar à morte.

ARAGUARI

A prefeitura de Araguari tomou todas as providências para vacinar aproximadamente 28 mil pessoas.

Uma equipe da secretaria de Saúde participou na última terça-feira de uma reunião na Superintendência Regional de Saúde onde foram discutidas as estratégias para alcançar a meta dos municípios que integram a regional.

Lúcia Hirono, coordenadora do Departamento de Epidemiologia da secretaria municipal de Saúde, explica que a meta é vacinar pelo menos 80% deste total de pessoas. “São 14.529 pessoas com idade acima de 60 anos, 6.090 crianças de seis meses a menor de 5 anos, 2.175 trabalhadores da saúde, 1.016 gestantes e 167 mulheres com até 45 dias de pós-parto, 3.834 pessoas com doenças crônicas ou que mereçam cuidados especiais. Além disso, vamos vacinar os privados de liberdade e os funcionários do sistema prisional”, relatou Hirono.

A secretária de Saúde, Lucélia Aparecida Rodrigues, também se manifestou: “Inicialmente a vacina será disponibilizada em todas as unidades de saúde, entretanto, estamos estudando a possibilidade de colocar um ou mais postos de vacinação em local estratégico para facilitar o cumprimento da meta que é vacinar no mínimo 80% do público alvo da campanha”, informou.

O dia nacional de mobilização será em 26 de abril. A imunização protege contra os subtipos do vírus influenza: H1N1, H3N2 e B. “Vacinar é proteger a pessoa contra a gripe. É importante que as pessoas saibam que a vacina não produz gripe, ao contrário do que muita gente pensa”, explicou Lucélia Rodrigues.

De acordo com o Ministério da Saúde, a vacinação pode reduzir entre 32% e 45% o número de hospitalizações por pneumonia e de 39% a 75% os índices de mortalidade por influenza.

Gripe suína

Morte – Uma criança indígena da etnia Xikrin, de 1 ano e 3 meses, morreu no domingo, vítima do vírus H1N1, segundo a secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará. Ela não havia sido vacinada.

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