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Calor excessivo e poucas chuvas afetam lavouras de Minas Gerais

qua, 7 de fevereiro de 2024 08:03

Da Redação

O clima tem causado um descontrole grande na produção
Divulgação

No último trimestre de 2023, as altas temperaturas e as chuvas escassas atingiram o Cerrado Mineiro, afetando a lavoura do produtor de café Rubens Alexandre Pieroli, que cultiva 14 hectares no município. O produtor prevê para a safra de 2024 uma quebra de 25% devido aos problemas climáticos. A produtividade deve ser de 45 sacas por hectare.

“Este ano, a produção vai ser inferior por conta da falta de chuva e da temperatura muito alta na época de floração e de enchimento dos grãos. O clima nos últimos anos tem ficado muito quente. Está difícil manter a média de produção mesmo com irrigação”, afirmou Pieroli.

Segundo o produtor, o município enfrentou dias com 45°C de temperatura. “O clima tem causado um descontrole grande na produção. A gente esperava uma floração mais uniforme, mas tivemos de quatro a cinco floradas, de

agosto até novembro. Já tem café pintando para maturar agora, o que era para começar só em abril”, explicou Rubens Alexandre.

O presidente da Associação dos Cafeicultores de Araguari, Cláudio Morales Garcia, diz que a safra na região terá uma perda de 25% a 30%. “Essa perda leva em conta a queda de chumbinho na lavoura, por causa da alta temperatura. Teve pouca chuva também no fim do ano, não dá para saber qual vai ser o prejuízo total”, afirma Garcia.

Ressalta-se que, a associação reúne 450 produtores que cultivam 23 mil hectares em Araguari e municípios vizinhos. A produção no ano passado chegou a 930 mil sacas.

Os efeitos do El Niño devem agravar a queda na produção, esperada para a região do Cerrado Mineiro, por causa da sazonalidade da cultura bianual.

O diretor-executivo da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, Juliano Tarabal, espera uma quebra de 30%, com a colheita entre 5 milhões e 5,2 milhões de sacas. A região engloba 55 municípios. São 4,5 mil produtores com 250 mil hectares de cafezais. “Além da questão da sazonalidade, a gente teve em novembro um período de calor muito elevado e chuvas irregulares em dezembro. Em janeiro choveu dentro de um ritmo mais normal e as temperaturas não foram tão elevadas”, afirma Tarabal.

Conforme o primeiro levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), publicado em

janeiro, a produção de café na safra de 2024 em Minas Gerais terá um crescimento de 0,6% em relação ao ciclo anterior, totalizando 29,18 milhões de sacas. A produção do Brasil deve aumentar 5,5%, para 58,08 milhões de sacas.

Fatores climáticos são a principal causa para esse desempenho abaixo da média nacional, mostra a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), que deve divulgar neste mês um levantamento com informações mais atualizadas da safra.

“Faltou chuva nas regiões produtoras na época de floração no ano passado. E as lavouras ainda estão se recuperando da geada de 2021. Devido a esses fatores, a produção em 2024 ficará abaixo do esperado, frustrando uma safra maior em Minas Gerais”, afirma, em nota, o engenheiro agrônomo e coordenador estadual da Emater-MG, Willem de Araújo.

Ainda, conforme o engenheiro, parte dos produtores atrasou a aplicação de fertilizantes em decorrência da falta de chuvas no fim do ano passado e dos preços elevados dos insumos e há o risco de disseminação de doenças causadas por fungos com as chuvas intensas e constantes observadas neste início de ano.

“As chuvas também atrasam as práticas culturais como a adubação, o que pode acarretar aumento da queda de frutos e folhas, no período de maior demanda de nutrientes pela planta”, esclareceu Araújo.

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