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Brasil, Pátria Educadora e o novo Ministro da Educação: habemus ministro!

ter, 7 de abril de 2015 07:18

No discurso de abertura de seu segundo mandato a presidente Dilma apresentou o eixo norteador de seu projeto político elegendo o slogan “Brasil, Pátria Educadora” como lema de seu governo.

Nos últimos anos, percebe-se forte tendência em atribuir à escola uma série de responsabilidades que, a priori, não são suas e para as quais não está preparada. Na escola, não há (e imagino que não deva ter mesmo) escolta armada, câmeras de monitoramento ou profissionais treinados com técnicas de segurança, imobilização, defesa pessoal ou algo do tipo.

Tampouco existem psicólogos, assistentes sociais, terapeutas, nutricionistas, pediatras etc. Há casos em que falta professor devidamente certificado para o ensino desta ou daquela disciplina! Assim, caro leitor, como é que ESSA ESCOLA poderá resolver o problema da violência ou todas as outras mazelas que permeiam a vida social? A escola não é, definitivamente, a panacéia para uma sociedade adoecida.

A comunidade exige que a escola, por si só, possua, por exemplo, uma estrutura democrática, ao mesmo tempo em que combata, coaja, evite e extinga a violência, o bullying, a criminalidade, a indisciplina etc.

Campanhas, oficinas, planejamentos e projetos pedagógicos sensibilizam, conscientizam, mas não resolvem todos os problemas do país. Aulas de ética, por exemplo, não garantem que indivíduos ajam corretamente. Um quadro negro, um giz branco, um livro didático e carteiras enfileiradas não fornecem condições para que a escola salve o país da violência, da corrupção, da desigualdade, da intolerância, do desrespeito aos Direitos Humanos. Conforme a pesquisadora Anete Abramowicz “A escola não pode tudo, mas pode mais”. Seguramente, a escola pode e deve muito, mas não pode tudo!

O novo ministro da Educação, em recente entrevista a um site de notícias, antes do anúncio de seu nome para a emblemática e estratégica pasta da Pátria Educadora, afirmara  “O grande problema do Brasil é que temos mobilização, atividade política, mas não temos cultura ou educação política”, afirmou. “Precisamos de educação política, de mais discussão política. Precisamos passar a discutir projetos, e não apenas apontar quem é mais ou menos corrupto”.

Todas as experiências da existência podem ser educativas. A educação ocorre nos diversos espaços do escopo social e, outrossim, na esfera privada. A família é educadora, assim como a comunidade, o poder público, os movimentos sociais, as associações de classe, o trânsito, a legislação, a religião e, evidentemente, também a escola.

A educação é responsabilidade da escola, mas não é atributo exclusivo da mesma. Uma Nação educada-educativa-educadora é um projeto coletivo em permanente construção. Não pode prescindir do envolvimento de todos partícipes.

Conte conosco, Ministro! Juntos, nós podemos. Yes, we can!

 

MAURO SÉRGIO SANTOS

Especialista em Educação – UFSJ

Mestrando em Filosofia – UFU

ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DE ARAGUARI

PROFESSOR DE FILOSOFIA

Autor do livro “Camaleão: metapoesia”

3 Comentários

  1. Kátia Amaral disse:

    Muita boa reflexão.

  2. Bia disse:

    A reflexão é valida, pena que muitos não entendem, e delegam a escola uma demanda que está além do aprendizado acadêmico. A família está aos poucos colocando a escola na difícil tarefa de educar além da sala de aula. Contudo o professor hoje não tem autonomia para indagar o aluno , e está refém da violência dentro da sala de aula.

  3. Flávia Fonseca disse:

    É isso aí! Parabéns Mauro!

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