Artista plástico araguarino ganha exposição em Belo Horizonte
sáb, 9 de abril de 2016 08:05Da Redação
Em cartaz desde ontem, mostra é a primeira com grande produção do artista araguarino nas últimas duas décadas em BH
Entrou em cartaz ontem na Grande Galeria do Palácio das Artes, em Belo Horizonte, a exposição “Arqueologia Existencial”, que reúne mais de 90 obras de Farnese de Andrade (1926-1996). Natural de Araguari, o artista plástico teve uma passagem pela capital mineira antes de ir par ao Rio de Janeiro, onde morreu. Há duas décadas Belo Horizonte não recebe uma grande exposição individual do artista, cujas obras atualmente estão cotadas a preços que variam de R$ 30 mil a R$ 400 mil.
A mostra reúne trabalhos produzidos nas décadas de 1970 a 1990, com destaque para obras feitas em madeira, entre elas oratórios, imagens e suas famosas assemblages.
“Farnese é um artista que reverbera o interior mineiro em sua obra. Essa característica ele jamais perdeu, mesmo depois da transferência para o Rio, quando passa a incorporar a eloquência do litoral. Minas Gerais é a essência em seu trabalho, onde estão o silêncio e a contundência do interior”, afirmou o curador da mostra, Marcus de Lontra Costa, em uma entrevista recente.
Introspectivo e dono de uma linguagem singular, o araguarino expressa em sua obra traços da polêmica personalidade, resgatando memórias afetivas da infância mineira até chegar ao período mais transgressor, quando morava no Rio. Temáticas como religiosidade e sexualidade são destaque na produção do artista, repleta de simbolismos.
Além da utilização de madeira, há também a presença de elementos gastos, velhos e usados – fotografias antigas, imagens sacras, cabeças de bonecas de porcelana compradas em antiquários, bonecas de plástico ou até mesmo algo encontrado no lixo. Segundo o curador da exposição, ele foi um dos pioneiros do uso da resina na arte. “Na época (anos 80) ele sequer conhecia a técnica da qual foi precursor”, afirma.
“Arqueologia Existencial” também irá exibir dois vídeos preparados especificamente para a mostra e o filme “Farnese”, do crítico Olívio Tavares de Araújo, que ganhou o prêmio de melhor curta-metragem do Festival de Cinema de Brasília, em 1971.
A obra de Farnese
De acordo com Lontra, os colecionadores do artista mineiro seriam verdadeiros obsessivos. “Em São Paulo, por exemplo, há um homem que tem 90 Farneses, enquanto em Goiânia outro contabiliza 80 obras dele”, revela o curador.
Embora tenha recebido vários prêmios no Brasil e fora dele após sua morte, gerando fascínio de críticos apreciadores de arte por todos os cantos, Farnese de Andrade nunca chegou a ter reconhecimento público intenso, principalmente em sua terra natal. Por uma questão afetiva, Lontra Costa planejar trazer a mostra para Araguari e outras cidades do Triângulo.
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