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Araguarinos viajam à Brasília para acompanhar votação do impeachment

ter, 19 de abril de 2016 08:36

Talita Gonçalves

Araguarinos se juntaram a outras dezenas de milhares de brasileiros que foram à capital do país se manifestar a favor do impeachment da presidente Dilma no domingo, 17, durante a votação na Câmara dos Deputados. O ápice dos movimentos pró e contra o governo se deu no início da noite. De acordo com a PM do Distrito Federal, havia 26 mil pessoas do lado contra o impeachment e 53 mil a favor, totalizando 79 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios.

O ônibus que levou o grupo partiu de Araguari na noite de sábado, 16, organizado pelo Sindicato dos Produtores Rurais. Dos 40 lugares disponíveis, apenas dez foram ocupados. Seguiram rumo à Brasília Pedro Rodrigues Naves, representante do sindicato, Luiz Claudio Barreiros Cunha, Deivid Aguiar, Fabrício Mendonça Silva, Edgar Toledo, Ulisses Nazareth, João Gabriel Araújo, Maria Cecília Araújo e Maria Catarina Leão, além da reportagem da Gazeta do Triângulo.

Durante a viagem, o comerciante Deivid Aguiar foi um daqueles que reclamou da baixa adesão dos araguarinos ao movimento. Apesar do clima de medo que tomou conta das redes sociais diante da possibilidade de confrontos entre grupos pró e contra o governo, ele questionou a ausência de lideranças políticas da cidade. “Muitos que se auto proclamam líderes e esbravejam discursos de botequim sobre a crise, mostraram-se acovardados neste momento. Precisamos de mais coragem e menos populismo em nossa cidade,” disse ele.

Manifestantes pró impeachment se manifestaram em Brasília, próximo à Câmara dos Deputados

Manifestantes pró impeachment se manifestaram em Brasília, próximo à Câmara dos Deputados

 

Assim como Araguari, outras cidades também tiveram o transporte financiado pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) que disponibilizou 500 ônibus em todo o país, além de estabelecer uma mega estrutura na praça Portugal com tendas de apoio e alimentação gratuita para assistência dos participantes ao longo do dia.

“Vamos tirar o Brasil da lama” era o lema do movimento agropecuário, que teve como símbolo um gigantesco trator inflável com 10 metros de altura, 35 metros de comprimento e 15 metros de largura, fabricado nas cores da bandeira nacional.

Ulisses Nazareth atualmente está desempregado. Trabalhava em uma empresa de construção civil que, segundo ele, enfrentou dificuldades e parou as obras depois de um desacordo com o governo. Assim que soube da viagem, fez questão de participar. “Enquanto não tirarmos a Dilma, o país não vai melhorar,” defende.

Teve quem veio de fora para acompanhar este momento político do país. O argentino Andres Repetto cobria o impeachment para um canal de TV, página da web e rádio. “O Brasil é o país mais importante da América Latina, é uma potência. A possiblidade de destituição de um presidente é um momento importante não só para o Brasil, mas também para a Argentina. O que acontece aqui repercute diretamente em nossa economia,” disse.

Do lado pró impeachment do muro, estava André Rhouglas, 55 anos. Natural de Ponte Nova (MG) ele recebeu em uma reportagem do Estadão a alcunha de “o pagador de protestos”, uma alusão ao personagem Zé Burro, da peça o “Pagador de Promessas”, de Dias Gomes. O empresário tem percorrido várias cidades carregando uma cruz com cartazes que estampam imagens de políticos, mais recentemente, os envolvidos na Operação Lava Jato.

Desta vez, Rhouglas fez greve de fome. Disse que estava há quatro dias sem comer, tomando apenas uma mistura de água, isotônico e sucos. “Fome não tenho, mas meus músculos estão fracos. É sofrível, mas é um prazer fazer algo pelo meu país,” enfatizou.

Grande parte dos manifestantes começou a chegar a Esplanada dos Ministérios no final da tarde, durante o discurso dos líderes dos partidos. Antes do início da votação, policiais que passavam nas viaturas foram aplaudidos. Quando repórteres de emissoras de TV eram vistos, palavras de ordem como “Fora PT” e “Tchau, querida” eram entoadas.

Assim que os deputados começaram a votar, cada “sim” era comemorado como se fosse um gol. Os manifestantes acompanharam a votação por telões montados em diversos pontos da Esplanada.

Os araguarinos voltaram antes do término da votação, por questões de segurança. O grupo acompanhou pela televisão num posto de combustíveis o voto de número 342.

Depois do resultado esperado, o cansaço não foi maior do que a sensação de dever cumprido. “Estamos orgulhosos por ter acompanhado um momento histórico em  nosso país,” concluiu João Gabriel Araújo.

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