Abençoada seja a rotina
qui, 15 de maio de 2014 00:00Alzira Riquieri
Um conhecido, entusiasmado demais com a formatura do filho em medicina, alugou uma chácara pra acolher toda família, nos dias do evento. Por várias vezes, foi a tal chácara com parentes e amigos para checar os últimos detalhes. Tudo pronto, vacas, porcos e frangos abatidos, chegou a grande semana. Pois sim, a festa era de quatro dias, como são as formaturas dos cursos cobiçados.
Vieram em grande estilo. Caminhão carregado de cerveja, pão de queijo, mandioca, aquelas pelotas gordas e deliciosas e muita paçoca de carne. Era visível a alegria do homem, afinal era o único filho doutor. Não agüentaram esperar pela quarta, e já foram chegando antes, a fim de preparar o que estava pronto há meses.
Beberam, comeram, dançaram, jogaram canastra, riram muito, e especialmente, dormiram pouco. No domingo cedinho, acordaram o dono da chácara: “- tenho de ir embora, não agüento mais tanta bagunça, quero voltar pra minha vida”. Nem descansaram do baile e já partiram, em busca da rotina.
A rotina é aconchegante e abençoada seja.
Fazemos todos os dias as mesmas coisas e adoramos isso. Experimente levantar uma hora antes do habitual. Com certeza, por uns dois dias, vai falar do sono atrasado.
Em viagens, a gente sai da rotina mesmo. A maioria de nós tem de comer arroz e feijão todos os dias, mas isso só existe aqui. Já vi questionamentos, em sites de viagens, sobre onde se come arroz com feijão, na Europa. Pode isso, com tanta coisa gostosa pra comer por lá? Isso é a rotina. E no dia da chegada em casa, que bom estar de volta. O sofá parece que vai abraçar a gente, a comida tem mais sabor e o café… que delícia é o café. Tudo é a rotina.
Li esses dia, um texto do terapeuta Fred Matos, que refletia sobre a zona de conforto: “Estranhamente 9 de 10 pessoas dizem sonhar em fazer muitas viagens pelo mundo. Mas até numa viagem, tão logo o avião sai do chão e já querem saber quando vão pousar, como é o quarto do hotel, onde está a mala, onde visitar e passam toda viagem aflitas pelo passo seguinte, incapazes de fluir com naturalidade.”
Ora, nada mais humano. Adoramos a rotina, às vezes até de um relacionamento capenga, de um emprego chato, de um curso nem tanto. Adoramos ir aos mesmos lugares, comer feijão com arroz, voltar para casa e nos abraçar ao colchão. A zona de conforto é conhecida, manjada e não tem surpresas, percalços e problemas.
A psicóloga Celine Vieira, com trinta anos de consultório, fala da rotina, não como algo necessariamente ruim, mas como a realidade que nos permite o planejamento. Traçar metas exige um olhar calmo, próprio da rotina e não da euforia ou tristeza.
Gosto de pensar em felicidade na rotina ou a rotina feliz, como exemplificada no comercial de margarina: mesa linda, com gente feliz, pão com margarina e café quente. Tudo previsível e aconchegante, de preferência com dinheiro no bolso e muita disposição pra viver.
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