A herança imobiliária de dois imigrantes europeus
qui, 12 de junho de 2014 00:54A casa do italiano pioneiro
O primeiro rádio da emergente Uberabinha, e também o primeiro automóvel, pertenceram a um italiano que fixou morada na cidade, o fotógrafo e comerciante Ângelo Naghettini. Graças à sua câmera temos, hoje, importantes registros da pacata cidade de Uberabinha, preservados no Arquivo Público Municipal. Sua residência também está preservada, no começo da avenida Afonso Pena, quase esquina com rua Goiás, no início da chamada Cidade Nova, ambicioso plano de expansão da década de 1920. A cidade se concentrava, naquela época, no espaço do bairro Fundinho de hoje. A beleza e excentricidade da construção constitui uma amostra dos projetos arquitetônicos que estavam sendo incorporados e implementados em Uberabinha.
O palacete, denominado Ângelo Naghettini, foi construído entre os anos de 1925 e 1927 por um construtor alemão que se encontrava na cidade, a serviço da Prefeitura Municipal, cujo nome não se tem registro. O edifício, com três pavimentos, era o mais alto da cidade, na época de sua construção, e um dos mais requintados. Empregou tecnologia inovadora utilizando cimento importado e novos materiais nos acabamentos. Mobiliários e ornamentos também foram importados. Foi projetado para abrigar a residência da família do italiano e seu estúdio de fotografia, que ocupavam o primeiro pavimento.
Com a marca do pioneirismo, alguns cômodos comerciais no térreo foram usados para outros empreendimentos do proprietário, tais como empresa funerária, a primeira ótica da cidade e também a primeira fábrica de molduras de quadros e espelhos, e loja de joias. O terceiro pavimento constituía-se de um mirante e sótão, que durante algum tempo foi utilizado também como um segundo estúdio fotográfico.
Depois da morte de Naghettini, em 1970, a divisão dos cômodos do térreo foi alterada, sendo alugados para estabelecimentos comerciais. O primeiro e o segundo pavimentos permaneceram desocupados até 1983, quando o imóvel foi arrematado em leilão por Victório Siquieroli. Após esta data, o primeiro e segundo pavimentos também foram redivididos e passaram a ser alugados para lojas. O proprietário do imóvel adquiriu o terreno da lateral esquerda e o transformou em estacionamento para as lojas.
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Os vários negócios do português
O português Joaquim Marques Póvoa foi empreiteiro e figura relevante no setor de comercial e industrial da cidade de Uberabinha. Em 1926, ele montou seu primeiro negócio vendendo secos e molhados.
A prosperidade dos negócios na cidade o levou a montar uma filial no distrito de Martinópolis, atual Martinésia, denominada A Americana Filial Casa Póvoa, que vendia tecidos e também secos e molhados. A inauguração desta loja foi fundamental para a eletrificação do distrito. Entretanto, o baixo consumo e as mudanças políticas ocorridas na época não deixaram Martinópolis prosperar. Isso acarretou o fechamento da loja que passou então a ter vários usos como cinema, farmácia, clube de dança familiar e depósito de arroz, até a sua venda em dezembro de 1953.
Joaquim Marques Póvoa foi construtor e proprietário do Cine Teatro Avenida, inaugurado em 10 de outubro de 1926, que era contratado por José Peppe, sócio da firma Peppe & Cia.
Em 1935, um dos empregados de Joaquim Marques Póvoa abriu processo de acidente de trabalho contra o português. Nesse documento, encontra-se a referência de que o patrão possuía a mais sólida fortuna de Uberlândia, sendo um grande industrial e abastado comerciante, proprietário dos melhores prédios residenciais e de aluguéis da cidade, além de outros no distrito de Martinésia.
Em meados década de 1930, aproveitando o crescimento que a Estação Ferroviária Mogiana propiciou eu seu entorno, com a construção de vários galpões para o armazenamento de encomendas que eram transportados pela estrada ferroviária, lojas, residências, além de hotéis e pensões para a instalação das pessoas recém-chegadas, Joaquim Marques Póvoa construiu um prédio ao lado do cinema e na esquina das avenidas Afonso Pena e João Pessoa de frente para a praça da estação.
O imóvel foi construído com o intuito de receber uma pensão de grandes proporções, refletindo o expressivo movimento de pessoas, cargas e dinheiro nessa região. No pavimento inferior da Pensão, até a década de 1940, existiu o bar Trianon, muito refinado e bem freqüentado pela elite uberlandense. A Pensão Guanabara, no andar superior, funcionou até a década de 1970, ainda conservando seu nome original.
Com a saída da estação, a construção do novo fórum e, em seguida, do Terminal Central, o hotel, renomeado para Hotel São Pedro e depois para Hotel Real foi perdendo lugar. Associado ainda ao aumento do comércio varejista popular e de serviços, a região foi brutalmente desvalorizada, o que impossibilitou a conservação do ponto e da serventia de um hotel de tamanha proporção.
Atualmente, o andar superior é utilizado como residência, e o pavimento inferior conta com seis lojas, sendo duas lanchonetes, outras duas de brinquedos e presentes, uma ótica e relojoaria, e outro comércio de quinquilharias. O Cine Teatro Avenida também foi desativado e hoje abriga um banco.
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Coimbra Júnior.
(*) Administrador de Empresas, especializado em Finanças. Trabalha atualmente na Via Travel Turismo. Criou a página História de Uberlândia no Facebook.
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Bom dia,
Estou traçando a árvore genealógica da minha família que imigrou da Itália para Uberlândia em 1893. Gostaria de uma sugestão de onde conseguirei informações históricas da imigração italiana na zona rural da então Uberabinha, pois sou de Goiás e minha pesquisa será em Uberlândia.
Meu avô era proprietário da torrefação de café Confessor na Avenida João Pinheiro.Preciso saber se meu avô além dá torrefação de café foi proprietário de mais algum estabecimento em Uberlândia.E se existe fotos desta época.Desde já agradeço
aAloja de secos e molhados na esquina da João Pinheiro com a Bernado Guimarães, hoje o INSS, foi de meu Avô, irmão de Joaquim Marques Póvoa, o seu nome é Antonio Marques Póvoa casado com Líria Emília Saraiva. Tendo 8 filhos. Meu avô Antônio também veio de portugal aos 11 anos, ajudado pelo o irmão Joaquim.
Prezado Coimbra Junior
Recebi a solicitaçao de uma pessoa que gostaria de informaçoes sobre o Sr Henrique Pedri, que tinha um “comércio” na antiga Praça Cel Carneiro , ela procura saber dados desse senhor que é bisavô dela e eu gostaria ,se possivel, saber a localizaçao correta dessa loja. Se possivel , tambem, se voce souber, a localização do PAÇO MUNICIPAL anterior ao da praça Clarimundo Carneiro
Obrigado
Abraço
Paulo Roberto Garcia