Jardins de infância, por João Baptista Herkenhoff
ter, 25 de fevereiro de 2014 00:00João Baptista Herkenhoff (*)
Basta a referência a uma obra para que Raymundo Andrade nunca seja esquecido em Cachoeiro de Itapemirim.
Tudo o que ele fez ou deixou de fazer, todos os acertos e erros de sua vida pública perdem relevância quando nos postamos à face do magnífico Jardim de Infância que esse cidadão, que então não era um político, construiu na cidade de Rubem Braga. A instituição, depois de sua morte, passou a ter seu nome.
A inspiração para criar o Jardim de Infância nasceu de uma viagem que Raymundo Araújo de Andrade e sua esposa Maria da Victória fizeram à Argentina, quando tiveram a oportunidade de conhecer um jardim de infância.
Na época em que foi criado o Jardim de Infância em Cachoeiro, só havia no Estado o Jardim de Infância Ernestina Pessoa, localizado em Vitória.
A fundação de um jardim da infância, numa cidade interiorana, onde havia quintais e ruas sem perigo para que as crianças brincassem, só não era de causar espanto maior porque essa cidade tinha uma grande tradição cultural – terra de poetas, escritores, compositores, estadistas.
Mesmo assim, nem todos acreditaram no projeto. Criticaram Andrade pelo seu sonho que parecia coisa de megalomaníaco.
Com a crença de uns e a reprovação de outros, o Jardim de Infância foi adiante.
Os jardins de infância buscam estimular a curiosidade das crianças.
Criam um ambiente pródigo em oportunidades de agir e interagir. As crianças relacionam-se umas com as outras e também com adultos. Neste intercâmbio crescem mentalmente e socialmente. Os jardins de infância desenvolvem o potencial linguístico, afetivo, social, estético, cognitivo e motor dos pequeninos que, de maneira natural e espontânea, aprendem a respeitar as diferenças. O jardim de infância assinala um marco positivo na vida das crianças, motivo pelo qual são felizes todas aquelas que têm a oportunidade de desfrutar deste tesouro educacional.
Para crescer de maneira harmoniosa, toda criança precisa de outras crianças e de um espaço capaz de lhe proporcionar experiências de desenvolvimento físico, mental, existencial. Esse espaço físico deve ser projetado para proporcionar liberdade de movimentos, contidos apenas pela aprendizagem do respeito de uns para com outros.
A entrada de uma criança para o Jardim de Infância implica na separação dos pais ou daquelas pessoas que constituem seu universo. A criança não tem uma exata noção de tempo e não sabe quanto vai durar a separação ou até mesmo se é uma separação definitiva. Pode sentir-se abandonada, um pouco sozinha. Pode chorar, gritar, bater, atirar coisas no ar. Por este motivo muitos cuidados devem cercar este momento preliminar para que não seja de angústia, mas, pelo contrário, seja de alegria pela experiência do novo.
* Magistrado aposentado, Livre-Docente da Universidade Federal do Espírito Santo e escritor.
E-mail: jbherkenhoff@uol.com.br
CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/2197242784380520 [1]
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