Meio Desligado – O avanço da direita
qua, 29 de junho de 2016 05:33O mundo assistiu aos eleitores britânicos optarem pela saída do Reino Unido da União Europeia. Contrariando as previsões de permanência, a escolha vitoriosa teve 51,9% dos votos. O primeiro-ministro David Cameron, do Partido Conservador, renunciou ao cargo enquanto acompanha a ascensão do companheiro de partido, Boris Johnson, que apoiava a saída. O problema da imigração tem impulsionado o fortalecimento da direita no continente europeu em países como Itália, Suécia, Holanda e com vitórias eleitorais na Áustria, Croácia, Suíça e recentemente, na Espanha.
Nos Estados Unidos, depois de dois mandatos consecutivos do liberal Obama, surge o fenômeno Trump. A vontade de mudança fez com que os americanos rejeitassem até mesmo o tradicional modelo conservador, representado por Ted Cruz, dando a vitória ao empresário, que é figura controversa e acumula declarações polêmicas ao longo da campanha.
Um movimento semelhante, mas por razões distintas, pode ser observado na América Latina. Desde o final da década de 90, partidos e movimentos populistas de centro esquerda e esquerda chegaram ao poder, e privilegiados com um momento econômico positivo a nível mundial e o boom das commodities, conseguiram manter-se no poder por certo tempo.
Porém, esse modelo insustentável de economia começou a ruir. À medida que o desemprego e a inflação avançavam, assim como os escândalos de corrupção, a opinião pública começou a mudar. O que se viu no Brasil, guardadas as devidas proporções, também aconteceu na Venezuela, Bolívia, Chile e Argentina. Neste último país, Mauricio Macri pôs fim a mais um mandato “Kirchner” nas urnas. Os líderes de esquerda, diferente do que prometeram, continuaram a perpetuar e até agravar as práticas ilícitas que tanto criticavam em governos anteriores, sejam estes conservadores ou ditatoriais.
E no Brasil eis que emergem nomes de direita como o senador Ronaldo Caiado e principalmente o deputado Jair Bolsonaro. Ele é a nêmesis perfeita da esquerda, e o mais irônico disso é que ela foi criada justamente pela esquerda. O politicamente correto, o falso moralismo, a repressão de pensamento, a dificuldade de aceitar qualquer tipo de pensamento que não tenha saído debaixo das barbas de Marx, seja nas escolas ou universidades impulsionaram uma reação inversamente proporcional, algumas vezes até com a mesma violência e agressividade.
O diretor espanhol Pedro Almodóvar disse recentemente em uma entrevista que está “aterrorizado com o avanço da direita.” Ele deveria estar se perguntando porque isso acontece e com certeza, encontraria a verdadeira razão de seu assombro: o fracasso da esquerda.
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NÃO É O FRACASSO DA ESQUERDA, MAS É A REAÇÃO DO CAPITALISMO EM DETRIMENTO DA SOCIALIZAÇÃO DOS BENS DE CONSUMO E O RECEIO DO SISTEMA CAPITALISTA DE CEDER TAMBÉM À SOCIALIZAÇÃO DOS MEIOS DE PRODUÇÃO. CONTUDO, NÃO É A MORTE DE UMA LIDERANÇA QUE SEPULTAM AS LUTAS DE VCLASSE. ALIÁS, SERVE PARA APERFEIÇOÁ-LAS, CORRIGIR RUMOS, CONDUTAS. ENFIM, CONSTITUI INSTRUMENTOS PARA “DEPURAÇÃO”.
Perfeito! Somente completo: a esquerda fracassou não porque falhou em sua promessas, ou traiu a própria doutrina, mas justamente por cumpri-las a risca.
A nova “Direita” que surge peca justamente contra si mesma, porque se recusa a conservar as ideias que lhe pertencem. Temos experimentado uma direita, principalmente nos grandes debates políticos, que tem uma espécie de posição apofática. Vemos na Teologia Apofática, que tenta-se explicar Deus definindo-O pelo que não é, e na Política, parece ser o mesmo. O termo se encaixa por ser religioso, e expressa bem o dogmatismo ideológico existente na política, quase um fanatismo. No fim, a Direita afirma-se basicamente pela negação de seu oposto, como vemos com Trump e companhia.
Não imagino que seja posição política, a princípio, mas sim o desespero para agarrar qualquer outra coisa que não seja a loucura esquerdista.