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Gazeta do Triângulo comemora 79 anos

sáb, 5 de março de 2016 08:44

por Talita Gonçalves

Não conheço um político que não se queixe da imprensa. O da oposição se queixa e o da situação se queixa. Nunca vi ninguém dizer assim ‘essa aí tá fazendo o meu joguinho’. Eu no fundo acho que a imprensa é um bom remédio para consolidar a democracia, para fiscalizar a administração pública. Por mais que você não goste, sem ela não teríamos democracia. Nos momentos históricos que não tivemos imprensa sabemos o preço que tivemos que pagar.”

Edição número 001 dia 7 de março de 1937

Edição número 001 dia 7 de março de 1937

Não há como discordar da opinião do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, proferida em uma coletiva de imprensa no dia 24 de abril de 2005, durante seu primeiro mandato. Gozando de forte popularidade, prosseguiria inabalável em meio ao escândalo do Mensalão para receber, novamente, a faixa presidencial em 2007. Também é certo que Lula viveu uma relação de amor e ódio com a imprensa ao longo de sua trajetória política. Nos últimos dois anos, mais especificamente, de ódio, dado o avanço da Operação Lava Jato.

Diariamente os noticiários são invadidos com manchetes de empreiteiros e políticos presos, investigados por desvios que comprometem a vida de milhões de brasileiros e afetam inclusive o projeto de estabilidade nacional. As pessoas precisam saber, e se não existissem jornais, como saberiam? Como bem observou Lula, isto é indispensável para a manutenção da democracia.

A Gazeta do Triângulo comemora seu 79º aniversário em tempos de turbulência tanto no país quanto na própria imprensa. No entanto, o compromisso do jornalismo a serviço daquilo que é público, com credibilidade e imparcialidade continua sendo um ideal inabalável. Contribuir para o desenvolvimento de Araguari, a partir da abordagem de assuntos de interesse da sociedade foi uma motivação comum entre aqueles que passaram pela redação ou que, de alguma forma, contribuíram para que ela se firmasse como um veículo de destaque na região chama que o empresário Darli Amaral mantém acesa desde 2004, quando assumiu de Afif Rade a direção do jornal.

Um trabalho que não raro encontra obstáculos, que é alvo de críticas, merecidas ou não. Apesar de tudo e afinal de contas, se aqueles que defendem o governo criticam o jornal e os que fazem oposição ao governo também criticam, não deve ser ruim assim desagradar democraticamente.

CURTIR E COMPARTILHAR

O acesso à internet e as redes sociais ampliou a comunicação entre as pessoas. Se por um lado nunca houve tanta informação e notícias à disposição gratuitamente e em questão de segundos, por outro esses espaços de debate e circulação de ideias também geram confusão. O imediatismo prejudica a qualidade, e além disso, mídias independentes caem na parcialidade ou atendem a interesses específicos por carecerem de estrutura e de certa independência financeira.

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Desde 2009, a Gazeta do Triângulo disponibiliza sua edição online, com acesso gratuito e possibilidade de compartilhar o conteúdo em diferentes redes sociais. As páginas do impresso chegam para milhares de assinantes. Na versão pela internet atinge a impressionante marca de 1,5 milhão de acessos.

Com um alcance maior, aumenta a responsabilidade da equipe que produz o jornal e a proximidade com os leitores. O espaço para comentários é livre, desde que o conteúdo não seja ofensivo. Além disso, muitas matérias importantes nascem a partir de sugestões da população. O jornal é e continuará sendo um canal aberto de comunicação com os araguarinos.

DAVI E GOLIAS

O caminho do bom jornalismo possui frequentes obstáculos, que são ainda maiores em cidades do interior. Em comparação com os veículos das grandes metrópoles, com recursos, estrutura e muitos anunciantes, nos municípios pequenos, a realidade é outra. Como bem observou Miguel Domingos de Oliveira em um artigo escrito em 1956, que homenageava a Gazeta do Triângulo pelos seus 20 anos, intitulado “Podemos reclamar de nossos jornais?”, os jornalistas precisam lidar com certas limitações que seus colegas de capitais não estão acostumados, tão importantes para o exercício da profissão.

“Às vezes a gente se põe a pensar sobre a celeuma que muitos fazem a respeito da coragem dos jornalistas das capitais. Longe de mim tentar desmerecer esses valorosos combatentes a quem tanto deve a pátria. Mas é preciso reconhecer que eles lutam à sombra de um grande escudo, que é a vizinhança das mais altas câmaras legislativas e judiciárias, contando ainda com a solidariedade irrestrita dos órgãos congêneres.”

Depois de quase um século, muita coisa mudou, mas alguns desafios ainda são os mesmos, assim como para tantos outros jornais em funcionamento pelo país.

NOVOS CAMINHOS

Nos últimos dez anos, o impresso recebeu sentença de morte. Grandes jornais impressos encerraram a circulação no papel, as assinaturas estão em declínio e os anunciantes cada vez mais escassos. De fato, o futuro parece incerto, mas engrosso as fileiras dos colegas otimistas que confiam na credibilidade e qualidade como pilares do bom jornalismo, que há de ter demanda, visto a amplitude do acesso à informação e consequentemente, um mercado que o faça viável economicamente.

A equipe da Gazeta do Triângulo agradece aos profissionais que trabalharam e trabalham neste jornal, assinantes, anunciantes, fornecedores, parceiros, clientes, colunistas, colaboradores e leitores que nos acompanham e apoiam ao longo desta trajetória. Comemorar 79 anos de existência é um prazer e um privilégio raro.

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