Da Redação – Com Assessoria

Se o mercado automotivo viveu um 2015 aquém de todas as expectativas – queda de 26,6%–, as vendas de veículos entre dezembro de 2015 e janeiro deste ano traçam um panorama bem preocupante para o setor.

Muitos brasileiros tem trocado modelo mais caro por outro mais barato

Dados do mercado apontam que, na comparação entre o acumulado de janeiro de 2016 e dezembro de 2015, houve uma queda de 28%.  O gerente de veículos, Antônio Longuinho da Costa, informa que houve uma queda de 30% nas vendas na comparação entre janeiro de 2016 ante o mesmo mês do ano passado.
O mercado de vendas de veículos no Brasil está, hoje, travado, segundo o consultor em mercado automotivo, Paulo Garbossa. “Não há uma clara política econômica no país, e, isso, tira a confiança do consumidor brasileiro”. Garbossa esclarece que, sem emprego, o consumidor não está comprando. “Mas não é somente neste segmento. Isso acontece em várias áreas do varejo”, diz o consultor.

A realidade, segundo o especialista, é que há muita gente vendendo o carro para pagar dívidas ou mesmo trocando um modelo mais caro por outro mais barato para reduzir as prestações. “A perspectiva para 2016 é de uma queda nas vendas de veículos em torno de 7% em relação ao ano passado”, afirma Garbossa. Para ele, o mercado automotivo no país vem perdendo o fôlego desde 2012, 2013 e o setor vem em “uma linha descendente” desde o final de 2014.

O gerente, Antônio da Costa, confirma que janeiro foi ruim e “não tem como negar”. Conforme informou, a queda de vendas em relação a dezembro de 2015 foi na ordem de 9,8%. Segundo ele, o mercado tem diminuído as margens de lucro para se adequar. Para atrair o consumidor, a loja oferece taxa 0% com entrada de 40% e financiamento em 24 vezes. “Mas para tudo há negociação”, garante Costa.

Em outra concessionária a queda nas vendas em janeiro de 2106 foi de 15% em relação a dezembro de 2015. Um recuo que atingiu 20% comparando-se janeiro deste ano a janeiro de 2015”, destacou o gerente de vendas, Milton José Pinto.

Para Leonel Nogueira Messias, proprietário de uma concessionária, os araguarinos tem poupado na hora de conquistar o carro próprio e preferido optar pelo pagamento à vista.

Ele comenta que no ano passado suas vendas se concentraram em veículos no valor aproximado de 100 mil reais. Mas neste começo de ano, a maioria dos carros vendidos está na faixa de 20 a 30 mil reais. “Não houve queda nas vendas, o que houve foi a mudança de opção. Carros populares tem saído com mais frequência, diferente de 2015”, explicou.

Montadoras iniciam o ano com ajustes

Diante da queda nas vendas, as montadoras do país começaram 2016 procedendo a cortes na produção. Trabalhadores de três linhas de montagem – das quatro existentes – na Fiat, em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, estão em férias coletivas desde o dia 27 de janeiro. O período é de 20 dias e a assessoria de imprensa da montadora não divulgou o número de funcionários envolvidos. Eles só retornam ao trabalho no dia 15 de fevereiro. A montadora informa que a parada é para ajustar a produção à demanda do mercado de veículos no país.

Só uma linha de produção está funcionando na fábrica em Betim. Outras montadoras no país, como Ford, Volkswagen e Mercedes-Benz também anunciaram férias coletivas e redução da jornada de trabalho na Bahia, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, além de São Paulo.