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O ódio racial explode com o “Oscar branco”

qua, 28 de janeiro de 2015 00:02

Abertura meio desligado

oscar tão branco
Assim que a academia divulgou a lista de indicados ao Oscar 2015, a mídia em geral e os internautas criticaram a ausência de negros nas categorias de melhor ator/atriz e ator/atriz coadjuvante. A prova da insatisfação foi o sucesso das hashtags #OscarsSoWhite (Oscar tão branco) e #whiteOscars (Oscar branco), que chegaram a ser o assunto mais comentado do Twitter.

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As críticas acaloradas tiveram suporte porque nenhum dos integrantes do elenco do drama “Selma”, baseado nas reais passeatas dos movimentos civis nos EUA na década de 1960, foi incluído na disputa. A discórdia foi ainda maior pelo fato do ator David Oyelowo, intérprete de Martin Luther King, ter ficado de fora, mesmo depois de passar por bruscas transformações físicas para encarnar o papel, algo que muito agrada a Academia. A diretora do filme, Ava Du Vernay, também não foi indicada na categoria de direção, mas “Selma” está na disputa de melhor filme do ano.

Diante da repercussão negativa, a presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, Cheryl Boone, teve que se posicionar. Ela, a primeira presidente afro-americana da Academia, disse que gostaria de ver mais diversidade racial e de gênero nas indicações ao Oscar. “Nos últimos dois anos, avançamos muito em relação ao passado, nos tornando uma organização mais diversa e inclusiva por meio da admissão de novos membros”.

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Comentário da coluna –  A mídia brasileira também pegou carona na onda do “Oscar so White”. Uma rápida busca pelo tema na internet revelou várias manchetes que cobravam diversidade na premiação hollywoodiana. Como sempre, a Carta Capital trouxe uma das abordagens mais exageradas: “Oscar 2015: a festa do homem branco”.

A observação acima pode parecer apenas um pretexto para relembrar que a revista foi alvo de críticas em 2013 ao publicar uma foto de sua própria equipe, da qual nenhum negro sequer fazia parte. Mas não. O “faça o que eu digo e não o que eu faço” praticado pela revista reflete um pensamento de muitas pessoas, que, por má fé ou ingenuidade, geram ainda mais segregação e ódio racial em prol de uma pretensa igualdade.

Esse tipo de reação, especialmente da Carta Capital, chega a ser cômica de tão absurda. E o “12 anos de escravidão”? Que levou um monte de estatuetas? É evidente o viés esquerdista da academia, da premiação, dos atores, dos envolvidos com a indústria do entretenimento norte-americano. A premiação, pelo menos teoricamente, quer valorizar a arte, independente da cor de quem a faça. O que fazer então para remediar a ausência de negros e mulheres no Oscar? Criar cotas? A academia é contestada pelas indicações baseadas em politicagem e não raro comete certas injustiça, mas nunca baseadas em preconceito racial.

Pensar em “Selma” como um filme especial, que merecia todas as categorias graças à sua história de luta contra o racismo, seria jogar na lama os valores que o próprio filme defende.

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