A juventude que nunca morrerá
qua, 3 de dezembro de 2014 00:03
Há algum tempo, enquanto perdia tempo vendo bobagens na internet, uma manchete da morte de Roberto Bolaños me assustou. Fiquei perplexa, mas num segundo momento fui checar a informação, era mentira, assim como tantas outras mortes falsas de famosos que vez ou outra aparecem em ambientes virtuais. “Corre aqui filha, corre aqui na sala,” meu pai me chamava para dar a notícia. Dessa vez era verdade.
Não sei o que senti, acho que não tristeza, nem espanto. Fiquei com a sensação de ter me importado mais da vez que a notícia era falsa. Bateu aquela nostalgia do Chaves, mas isso acontece de tempos em tempos e sem um motivo específico. A história do menino que se escondia no barril continua viva e ainda tem o poder de encantar as novas gerações. Alguns dizem que Bolanõs é o Chaplin de seus tempos, melhor que MontyPhyton. Mas sinceramente, isso não faz diferença.
O Silvio Santos bem sabe a peleja que é quando “Turma do Chaves” sai da programação. Já ouvi dizerem “ah, na dúvida ele coloca o Chaves”. Mas me lembro muito bem das pessoas mandando cartas para o SBT numa das vezes, e mais recentemente, e-mails, pedindo para que o programa voltasse ao ar.
Cenários bem simples, pouco orçamento, uma equipe de atores talentosos e um ótimo roteiro. Quem poderia imaginar o sucesso que faria “El Chavo del Ocho” ou o Garoto do 8. E não, ele não morava no barril como parece. Uma comédia que não envelheceu, algo difícil, uma vez que a arte de fazer rir está sempre em mutação. E mesmo que não tivesse qualidade artística nenhuma, essa série mexicana está tão enraizada com nossas memórias afetivas de infância que fica difícil analisá-la de forma racional.
Ao mesmo tempo em que fazia rir sem apelar para a grosseria ou sacanagem, a história da vila também tinha momentos emocionantes. O dia que acusam Chaves de ter roubado um ferro de passar roupas, ou naquela vez que todos vão viajar para Acapulco, menos ele. E as músicas? “Se você é jovem ainda, jovem ainda, jovem ainda…”, “Que bonita sua roupa…”. Inesquecíveis.
Quando o Chavinho sentia fome, tinha vontade de entrar na TV e repartir meu lanche da tarde com ele. Torcia para ver a Dona Florinda e Professor Girafales se beijando, e tinha raiva dela quando batia no seu Madruga. Achava graça das espertezas da Chiquinha. E um dia até montamos uma barraca de limonada na garagem de casa, meu irmão, minha querida amiga de infância, Pamela, e eu. Nosso suco tinha gosto de limão mesmo, e não cor de tamarindo com sabor de groselha. De onde tirei essa ideia?
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