Local abriga nascentes que jorram grande quantidade
de água, contraste com a seca que assola o país

TALITA GONÇALVES – Poucos municípios do Brasil possuem reservas semelhantes ao Parque Municipal da Mata do Desamparo em áreas urbanas.  Os quase 28 hectares de perímetro, com boa parte de mata nativa, resguardam fauna, flora e belezas naturais, riquezas que grande parte da população araguarina ainda não conhece. A reportagem da Gazeta do Triângulo visitou o local, acompanhada por equipes da secretaria de Meio Ambiente e da Empol Construtora.

Depois de uma breve caminhada a partir da entrada principal, é possível avistar um lago com vários alevinos, prova viva que atesta a pureza dessas águas. Segundo a bióloga responsável pelo Parque, Sandra Graciele Pereira Diniz, existem cinco nascentes na mata. A quantidade de água que passou a jorrar constantemente de algumas delas surpreendeu até mesmo quem acompanha de perto esse pedaço do cerrado preservado na cidade. “Fizemos o replantio nas margens, mas não esperávamos que isso fosse acontecer,” contou a bióloga.

O que se vê hoje é resultado de um esforço que começou há cerca de oito anos. O conhecido “Buraco do Santa Helena”, enorme voçoroca que se formou no local e até comprometia as casas que estavam em volta, não existe mais. Ações como canais de drenagem e plantio de árvores em diversos pontos permitiram que a Mata do Desamparo chegasse ao estágio em que se encontra atualmente.

DESAFIOS

Para manter essas melhorias e garantir a preservação da área, a empresa Empol Construtora foi contratada pela prefeitura no segundo semestre desse ano. O contrato tem duração de um ano, no valor de 188 mil reais.

Grande parte desse trabalho consiste em retirar a grande quantidade de lixo abandonada ali, principalmente no setor que faz divisa direta com residências. Mesmo com limpeza diária, a quantidade de sujeira é incessante. Os moradores mantêm o hábito de jogar lixo, ainda que alguns tenham sido orientados. “As pessoas precisam se conscientizar para a importância de preservar o meio ambiente,” ressaltou o secretário de Meio Ambiente, Cristiano Carvalho.

Este é apenas um dos problemas. Neste mês, dois focos de incêndio tiveram de ser contidos. Além disso, há plantas não nativas da área que precisam ser retiradas sem comprometer o ambiente. Cavalos são soltos pelos donos na mata. Esgoto clandestino é lançado no sistema de drenagem e polui um canal construído para captar água das chuvas.

NATUREZA EM POTENCIAL

Apesar dos avanços, o Parque Municipal da Mata do Desamparo ainda não possui infraestrutura adequada para receber a população. O projeto prevê área de lazer, parques infantis, áreas de ginástica, sanitários, bebedouros, espaços de convivência para receber estudantes e visitantes, quiosques para piqueniques e um mirante. Além disso, o antigo clube Recanto do Galo foi integrado à área. Para transformar isso em realidade, serão necessários R$ 3 milhões em investimentos. “Precisamos aproveitar que em 2015 começa um novo mandato, momento ideal no sentido de obter verbas do governo federal,” concluiu o secretário.