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Sob a sombra dos flamboyants

qui, 19 de junho de 2014 00:00

ABERTURA DEBAIXO DO PE DE LIMAO
Por Priscila Diniz

Já se aproximava seu 13º aniversário. Ela nunca havia sentido aquilo antes. Era a doce conquista de um beijo apaixonado. Ele também era jovem e completaria quinze anos exatamente, duas semanas após o aniversário dela. Foram apresentados por uma prima dele. Amiga dela.  Se tornaram amigos, mas era um sentimento diferente, apesar de tão jovens.

Mas, como em toda história de amor que se preze, algo bloqueava os sentimentos dela. Ele queria casualmente fazer um pedido ao pai da moça, oficializando assim o namoro. Ela sabia que o pai não aceitaria. Eram tão crianças e imaturos. E foi assim que ela decidiu dizer a ele tudo ao contrário. Não colocou a culpa no pai. Apenas disse que não sentia mais nada, era um sentimento em vão e que aquela união não passaria de uma simples amizade.

O coração dele se enrijeceu. O dela estava inseguro. Seguiram caminhos diferentes. Ela passou o 14º aniversário com os amigos, mas o pensamento era nele. Ele procurava em outros corações o amor que sentira na menina-mulher. Ela buscava em outros olhares o olhar marcante e sincero que via somente nele.

Quase três anos de encontros e desencontros. Olhares se desviando e um evitando o outro pelas ruas da cidade. Ela não se sentia com mais ninguém. Ele, de corpo em corpo, mas…

Ela cresceu, trocou a sapatilha pelo salto quinze. Era uma mulher menina. O ciúme do pai foi pro espaço: tudo era proibido, até sair com as amigas de vez em quando.

Ele se tornou quase um homem, com seus dezoito anos. Era bonito e chamava atenção. Encontrou uma boa profissão. Dava aulas numa renomada escola de informática. Também gostava da noite, das baladas e das festas. Mas o olho sempre nas redes sociais, à procura da menina.

Perto de dezessete, a menina sentiu que o coração já não pulsava por ninguém, que não fosse ele. As fadas se foram e a realidade se apresentava: o amor não é um produto pronto e nem chega embalado pra presente. O amor se constrói na caminhada da vida, nas diferenças e similitudes, nas coisinhas pequenas de momentos juntos. Pequenos cotidianos que desenham sorrisos e nos enchem de plenitude.

Enfim, se encontraram. Em meio a sanduíches e risadas, engataram o namoro, que o pai derrotado acabou engolindo. O noivado veio rápido e logo, o pedido em casamento, natural como as coisas do amor são.

Num dia chuvoso de novembro, casaram-se à sombra dos flamboyants.

Hoje planejam a formatura na graduação, os filhos, estão às voltas com a empresa, que aos poucos vai dando certo. A verdade é que existem pessoas que estão marcadas uma para a outra. É o significado da vida se reconfigurando em cada tempo, mas nunca perdendo a essência no amor.

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