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Coluna: Pergunte ao Doutor (04/11)

qui, 4 de novembro de 2021 08:10

Saúde também é “papo de homem”

 

1-O que é a glândula próstata?

A próstata é uma glândula do aparelho reprodutor masculino, que pesa cerca de 20 gramas, de forma e tamanho semelhantes a uma castanha. A próstata fica localizada abaixo da bexiga e por dentro dela passa o canal da uretra, por onde a urina vai da bexiga para o meio externo e sua principal função, juntamente com as vesículas seminais, é produzir o esperma.

 

2-Quais são os dados do câncer de próstata?

A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o câncer de próstata é que são esperados 65.840 novos casos para 2021, ou seja, a descoberta de um caso a cada 7 minutos, porém muitos podem nem ter sido diagnosticados.

Os dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) mostram que a mortalidade por câncer de próstata aumentou cerca de 10% em cinco anos, subindo de 14.542 (2015) para 16.033 (2019).

No Brasil, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma).

Em valores absolutos é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente em homens, representando cerca de 10% do total de cânceres.

 

3-Qual impacto da pandemia na saúde masculina?

Após quase dois anos de pandemia, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) alerta no Novembro Azul para os impactos à saúde masculina neste período, sobretudo o diagnóstico e tratamento do câncer de próstata. Dados inéditos do Ministério da Saúde, obtidos a pedido da SBU, revelam que houve uma redução de 21,5%1 das cirurgias para retirada da próstata por câncer na comparação entre 2019 e 2020. A coleta de PSA e de biópsia da próstata, que junto com o exame de toque retal diagnosticam a doença, tiveram quedas na ordem de 27%2 e 21%2, respectivamente. O número de consultas urológicas no SUS também caiu 33,5%2. E as internações de pacientes com o diagnóstico da doença teve queda de 15,7%.

Segundo uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP) sobre o atraso cirúrgico emergencial e eletivo durante a pandemia, no Brasil, mais de um milhão de cirurgias foram canceladas ou adiadas, e os procedimentos cirúrgicos para tratamento do câncer de próstata também foram impactados, conforme mostram os dados do SIM.

As consultas com um urologista em 2021 continuam baixas. Até julho, foram realizadas 1.812.982 consultas. Em 2019, foram 4.232.293 e em 2020, 2.816.326.

 

4-Qual é o objetivo da campanha Novembro Azul de 2021?

O Novembro Azul, campanha anual da Sociedade Brasileira de Urologia de conscientização do câncer de próstata, este ano enfatiza a importância de o homem retomar seu cuidado com a saúde e voltar a ir ao médico. O diagnóstico precoce do câncer de próstata é fundamental para uma maior chance de cura.

É muito importante que os homens tenham acesso à informação, às consultas de rotina e também que recebam seu diagnóstico. Essa fuga do médico vai causar um efeito de mais diagnósticos tardios em longo prazo.

Apesar das preocupações e os cuidados com a saúde não devam se limitar a apenas um período do ano, ao calendarizar-se o mês de novembro como o Novembro Azul, também é a oportunidade de dar um maior espaço e visibilidade à causa, levando os conhecimentos e a educação a um número muito maior de pessoas, e possibilitando o engajamento de um número cada vez mais expressivo de instituições e meios de comunicação. É um trabalho de vários anos que já vem produzindo frutos, mas que agora, mesmo diante de uma pandemia sem precedentes como essa, também precisa ser continuado, pois as doenças não dão trégua.

Para estabelecer um diálogo com a comunidade, a SBU preparou ao longo do mês de novembro uma série de ações on-line e presenciais para chamar a atenção para o problema. Com o slogan “Saúde também é papo de homem” visa conscientizar o homem da importância de cuidar da sua saúde. A detecção precoce é fundamental para seu tratamento, visto que nessa fase, 90% são curáveis.

 

5-Quais são os exames para detectar a doença?

A recomendação da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) é que homens a partir de 50 anos procurem seu urologista para discutir a prática e a realização da avaliação. Aqueles com maior risco da doença (história familiar, raça negra) devem procurar o urologista a partir dos 45 anos. Os exames consistem na dosagem sérica do PSA e no exame digital retal, complementares para o diagnóstico, com periodicidade anual. Após os 75 anos, a recomendação é que somente homens com perspectiva de vida maior do que dez anos façam essa avaliação.

 

6- Por que não posso só fazer o exame de sangue? Por que é tão importante fazer o exame de toque retal?

Cerca de 10 a 20% dos casos não são detectados pela dosagem de PSA no sangue. O exame de toque e o PSA são complementares. O toque retal é rápido e praticamente indolor. Por meio dele, o urologista pode detectar outras anormalidades da próstata. Caso detecte alterações como o aumento de tamanho e presença de nódulos, o médico irá solicitar exames complementares que confirmarão ou não o câncer de próstata.

 

7- Quais são os fatores de risco para o câncer de próstata?

A Idade (cerca de 62% dos casos são de homens a partir dos 65 anos); Histórico familiar; Raça (maior incidência entre os negros); Alimentação inadequada, à base de gordura animal e deficiente em frutas, verduras, legumes e grãos; Sedentarismo e Obesidade.

 

8- É possível prevenir?

Evitar a doença, não. Mas é possível diagnosticá-la precocemente. O câncer de próstata em fases iniciais, quando em 90% dos casos pode ser curado, não apresenta sintomas. Por isso, a Sociedade Brasileira de Urologia ressalta todos os anos a necessidade de ir ao médico para verificar a saúde da glândula. Ao apresentar sintomas, o câncer já está numa fase mais avançada e pode causar vontade de urinar com frequência e presença de sangue na urina ou no sêmen.

 

9-Todo câncer de próstata precisa ser tratado?

A palavra “câncer” automaticamente remete a intervenções, muitas delas agressivas. Porém nem todo tipo de câncer de próstata necessita de cirurgia, quimioterapia e outros tratamentos e pode ser acompanhado através da vigilância ativa.

Após a avaliação urológica, os pacientes portadores de doença de baixa agressividade, avaliados através de critérios histopatológicos, clínicos e dosagem do PSA, podem optar por essa modalidade de tratamento. Entretanto necessitam ser monitorados para que em caso de progressão tumoral o tratamento adequado seja instituído.

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