Política (vol I)

Texto opinativo-subjetivo

Desde que iniciei minha trajetória aqui na Gazeta do Triângulo, muitos leitores e amigos me fizeram uma pergunta bastante relevante: no final das contas, meu interesse com a coluna era a política? E se eu iria me candidatar a algum cargo eletivo?

Já para responder essa questão de imediato, sem rodeios, gostaria de dizer que pelos próximos anos não tenho interesse de participar do processo eleitoral. Apesar de ser um tema discutido por mim há décadas, e já ter passado essa ideia pela minha cabeça, com certeza; hoje, com mais maturidade e consciência, acredito ser possível ajudar fazendo o que sempre fiz, criticando o que há para ser criticado, baseado na técnica e na ciência, e elogiando quando deve ser elogiado.

Política, palavra com origem no grego “politeia”, significa todos os procedimentos adotados para a administração da cidade, é uma das ciências mais nobres que temos enquanto seres humanos.

A pessoa que se doa verdadeiramente à coisa pública (res/publica) merece todo respeito. Contudo, infelizmente o que vemos não é mais essa doação. Hoje, a maior preocupação está em atender interesses egóicos e fortalecer sistemas já consolidados que trazem privilégios apenas para os participantes.

Todas as crises atravessadas por nós só podem ser resolvidas pela política, sem ela não há salvação. Fui um crítico tenaz da lava-jato quando ela passou de um movimento da justiça com foco no combate à corrupção para um movimento cujo principal objetivo era destruir o sistema político, além de acabar com milhões de empregos e empresas. Isso não pode acontecer. A justiça tem que ser serena, sóbria, sem os holofotes e prêmios na lapela dos seus membros. A mão que julga não pode ser ornamentada com anéis e homenagens, sob pena de perdermos a busca real pela efetividade jurisdicional. O julgador deve ser discreto, saber da sua importância e da necessária imparcialidade, uns dos maiores corolários princípios do Estado democrático de direito.

O administrador público precisa ser fleumático, não deve se confundir com a coisa política, e necessita compreender o respeito inerente ao exercer a administração do bem comum. Aqueles que se escondem no ego e focam na personalidade, cedo ou tarde, sucumbirão às tentações desse último. Como disse no texto anterior em relação a esse tema.

Hoje em minha cidade, apesar de não ter votado no atual mandatário e não o conhecer pessoalmente, reconheço o seu esforço de inovação, de respeito à ciência, de afastar ideologias e cumprir o artigo 37 da Constituição da República. Sinceramente, torço para que continue assim.

O legislador deve fiscalizar com respeito, e se distanciar de crenças pessoais; também precisa lembrar sua tarefa de fazer uma sociedade melhor, pensando que a composição social não é somente de iguais, portanto, é necessário compreender as diferenças.

Em relação a Câmara Municipal, também percebo excelentes vereadores que renovaram a cara da cidade, e atuam para o bem comum. Sou um otimista, e vejo dias melhores para nossa querida cidade.

E assim encerro, desejando um feliz aniversário para a nossa amada Araguari, que completará 133 anos nesse mês.

 

Nota do colunista: No dia 3 de setembro retornarei com esse assunto no volume II. Já na próxima semana, recebo na coluna um convidado muito especial. Fábio Marinho, psicanalista, filósofo e teólogo, presenteará nossa cidade com um texto aqui. Fico muito feliz pela amizade e deixo presente os meus votos de melhora, pois está se recuperando da covid. Até lá!