Coluna: Saúde Alerta (01/07)
qua, 1 de julho de 2020 01:48
Obesidade infantil, um assunto de família
As medidas de isolamento social foram adotadas para conter o avanço da Covid-19. Sendo assim, todas as escolas tiveram suas aulas interrompidas e seus alunos ficaram em casa.
Um estudo que foi realizado na cidade de Verona, na Itália, analisou 41 crianças, e demonstrou alguns resultados preocupantes sobre os efeitos que as medidas de isolamento social surtiram em relação à obesidade infantil.
Elas já estavam matriculadas em um programa de tratamento para obesidade, preenchendo regularmente questionários comportamentais projetados para mostrar como elas estavam se saindo em relação a fatores de risco conhecidos para obesidade.
Em comparação com o ano passado, os participantes estavam comendo uma refeição adicional e dormindo meia hora a mais todos os dias durante o lockdown. Seja com atividades escolares, seja em contato com os amigos, elas passavam cinco horas a mais do que o habitual na frente das telas e comiam significativamente mais junk food e carne vermelha. Por fim, as crianças do estudo passavam duas horas a menos, por semana, praticando atividade física.
A Covid-19 chegou inesperadamente e de fato mudou o estilo de vida de muitas famílias.
As crianças em todo o mundo ficaram presas em casa, recorrendo aos jogos de videogame, assistindo mais televisão e passando mais tempo sentadas. É uma tendência natural, especialmente quando não há muito o que fazer.
Estudos prévios demonstraram que no período de férias escolares há maior dificuldade no controle do peso por parte dos pacientes. Outros autores postularam também que, durante o confinamento, as famílias estocavam alimentos ultraprocessados e ricos em calorias, uma hipótese fortemente corroborada por observações recentes do mundo real.
As crianças ganham mais peso, não durante o ano letivo, mas, principalmente, durante os meses em que estão fora da escola.
A obesidade é uma doença crônica que gera grandes fatores de risco para infecção pelo coronavírus, já que ela diminui a imunocompetência.
É importante chamar atenção para os efeitos no longo prazo da obesidade nas crianças, já que o fechamento das escolas e o isolamento social podem exacerbar a epidemia da obesidade infantil.
A pesquisa demonstrou que o lockdown exacerbou os fatores de risco para ganho de peso associados às férias escolares, como: comportamentos alimentares inadequados, pouca atividade física e baixa qualidade de sono. Essas mudanças em uma direção desfavorável ocorreram após três semanas de confinamento durante o bloqueio nacional.
Tais achados apontam para a necessidade crítica de implementação de medidas preventivas durante os períodos de lockdown, principalmente quando sua duração é incerta.
A pandemia da COVID-19 tem efeitos colaterais que se estendem além da infecção viral direta. Crianças e adolescentes que lutam contra a obesidade são colocados em uma posição infeliz de isolamento, que parece criar um ambiente desfavorável para a manutenção de comportamentos saudáveis.
A forma mais importante pela qual as famílias podem se unir contra comportamentos menos saudáveis durante o isolamento é criar uma cultura de bons hábitos alimentares dentro da família.
Com os trabalhos escolares, as atividades e o tempo social regular mudando para os bate-papos por vídeo, o tempo passado diante das telas está aumentando, sendo recomendado que os pais tentem limitar o tempo que as crianças passam olhando para telefones, computadores e telas de TV.
Sentar-se à mesa para comer sempre foi um forte reforço da dinâmica familiar, de acordo com especialistas em desenvolvimento infantil. Com mais pessoas trabalhando em casa durante a pandemia, isso pode ser mais fácil de fazer do que antes.
Sabe-se que as crianças, hoje, estão mais ansiosas do que nunca, e pelo menos uma das razões para isso é o excesso do tempo ocioso.
É necessário manter uma rotina durante esse período, tanto para a sanidade das crianças quanto para a dos pais, devendo equilibrar isso com algumas boas brincadeiras e bagunças à moda antiga.
Quando as crianças conseguem se exercitar ou comem frutas e legumes, não se esqueça de elogiá-las por isso. Se você está comendo uma bela salada ou fazendo pilates em casa, garanta que as crianças o vejam “gostando muito” do que está fazendo.
Para motivar as crianças, combine as atividades mais saudáveis com aquelas de que mais gostam, sendo que sempre que você misturar algo de que as crianças gostam muito com algo de que não estão a fim, você terá um resultado positivo
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