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Coluna: Direito e Justiça

qui, 7 de maio de 2020 12:58

Abertura-direito-e-justica

 

O fiel retrato do Brasil

 

Perfeito. Absolutamente perfeito! Eis aí embaixo um fiel retrato do Brasil destes dias: o “Samba do Crioulo Doido”. Nessa bagunça anárquica em que vivemos (uma redundância necessária) o crioulo não estava louco coisa alguma: estava era profetizando…!

 

Samba do crioulo doido

 

Este é o samba do crioulo doido.
A história de um compositor que durante
muitos anos obedeceu o regulamento,
e só fez samba sobre a história do Brasil.
E tema da inconfidência, abolição, proclamação, Chica da Silva,
e o coitado do crioulo tendo que aprender tudo isso para o enredo da escola
Até que no ano passado escolheu um tema complicado: a atual conjuntura.
Aí o crioulo endoidou de vez e saiu este samba:
Foi em Diamantina, onde nasceu J. K.
E a Princesa Leopoldina lá resolveu se casar,
mas Chica da Silva tinha outros pretendentes
e obrigou a princesa a se casar com Tiradentes.
Laiá, laiá, laiá, o bode que deu vou te contar.
Laiá, laiá, laiá, o bode que deu vou te contar.

Joaquim José, que também é da Silva Xavier,
Queria ser dono do mundo e se elegeu Pedro II.
Das estradas de Minas, seguiu pra São Paulo

E falou com Anchieta, o vigário dos índios.
Aliou-se a Dom Pedro e acabou com a falseta.
Da união deles dois ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão.
E foi proclamada a escravidão.

Assim se conta essa história,
que é dos dois a maior glória.
A Leopoldina virou trem
E Dom Pedro é uma estação também.
Oô, oô, oô, o trem tá atrasado ou já passou.
Oô, oô, oô, o trem tá atrasado ou já passou.

*Composição de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)

 

 Algumas frases de Eça de Queiroz:

 

            No Século XIX, Portugal e Brasil eram nações independentes (eram mesmo?) e enfrentavam praticamente os mesmos problemas. Regimes monárquicos anacrônicos, atraso, cinismo, hipocrisia, corrupção e burrice das suas respectivas elites. Colonialismo por lá e escravidão por aqui. As marcas indeléveis de um perverso atavismo crônico perpetuam-se, enxovalhando o nosso presente e obscurecendo o nosso futuro. As frases seguintes falam por si mesmas:

*- Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.

*- Quando não se tem aquilo que se gosta é necessário gostar-se daquilo que se tem.

*- Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as ações – mesmo as boas.

*- O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia.

*- O amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam.

*-É que o amor é essencialmente perecível e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu. Mas depois! Seria, pois, necessário estar sempre a começar, para poder sempre sentir.

*-Curiosidade: instinto que leva alguns a olhar pelo buraco da fechadura e outros a descobrir a América.

Milagres acontecem:

            Se a Câmara Municipal de hoje desempenha pela voz do povo a pior de suas legislaturas, houve uma época remota em que os vereadores foram merecedores de elogio. E, por incrível que possa parecer, fui eu mesmo quem os elogiou. Grandes nomes pontificaram na Casa de Leis: Marlene Rodrigues da Cunha, Odilon Neves, Limírio Martins Parreira, João Rodrigues Alves, Joffre Alves Martins (Patesco), Joaquim Godoy e outros. Foi um tempo heroico em que se trabalhava pelo bem do Município até mesmo sem percepção de vencimentos. Incrível isso, não é mesmo?

A Câmara de Vereadores está indo bem.
DJ de 4.3.2005

Completaram-se dois meses dos novos mandatos legislativos, o que é muito pouco, considerando-se a sua duração de quatro  anos, ou seja, de 48 meses. No conjunto, os trabalhos dos vereadores de Araguari têm sido muito bons, tendo sido apresentados relevantes projetos de lei, embora alguns deles não possam vir a prosperar, em face do conhecido “vício de iniciativa”, mecanismo constitucional e legal que concentra nas mãos do Poder Executivo a parte mais relevante do processo legislativo: a iniciativa das leis.

O Brasil não muda para melhor. Não pode ou não quer?

Eis um comentário de muitos anos atrás e que me parece ser ainda atual, indicando que tudo irá se repetir. Hoje, temos dezenas de Partidos Políticos e nenhum deles tem a fórmula mágica capaz de tirar o Brasil do atoleiro em que se meteu.

            É um quadro político absolutamente surreal, onde “chefes” e “chefetes” controlam os seus “currais eleitorais”, tornando-se autênticos “donos” de siglas partidárias: de uma, duas, três, enfim. Arrumam, arrumam-se, alugam, alugam-se, vendem, vendem-se, fazem o que bem querem e a necessária “cláusula de barreira”, que tiraria esses Partidos Políticos oportunistas da disputa não veio para valer, mas somente para disfarçar e perpetuar essa vergonhosa anarquia política.

O próprio poder Judiciário, apesar de seu ativismo indesejável, que se intromete onde não é chamado, brinca de defender a Constituição, eis que não nos assegura uma segurança jurídica verdadeira e estável. Na cúpula do Poder, indicada lamentavelmente por méritos políticos e não por méritos funcionais, existem correntes diversas e divergentes, mas que no final de tudo só cuida dos próprios umbigos, prevalecendo sempre o famigerado “espírito de corpo”.  Assim, o bem-estar da população brasileira quase nunca está em primeiro lugar, escondendo-se a nua e crua realidade por trás de um juridiquês anacrônico e ridículo.

E assim vamos caminhando de crise em crise, de tranco em tranco, perdendo anos e décadas, mantendo e aumentando as desigualdades econômico-sociais, estabelecendo castas odiosas, ficando para trás como país em face do restante do mundo. Vejam:

Grande país, pequeno presidente.
DJ de 3.12.2004;

 

            Em excelente entrevista que concedeu ao Jornal do Brasil, na segunda-feira passada, Joel Silveira fez um exame crítico do governo do presidente Lula. Não custa lembrar que Joel Silveira é um dos jornalistas brasileiros de folha corrida impecável. Seu início na área internacional deu-se quando foi contratado por Assis Chateaubriand para cobrir a Segunda Guerra Mundial para os Diários Associados. A única advertência que recebeu de Chateaubriand, ao embarcar: “Seu Joel – disse-lhe Chateaubriand – faça-me um favor: não morra”. É claro que Joel Silveira obedeceu à risca a recomendação do velho “Chatô”.

Um de seus companheiros de cobertura da guerra foi Rubem Braga, também dos Diários Associados.

Hoje, aos 86 anos, Silveira continua cada vez mais lúcido, como mostram os seguintes trechos de sua entrevista, nos quais examinou sucessivos erros cometidos por Lula como presidente do País.

“E as eleições municipais que acabam de acontecer no Brasil?”, questionou o JB.

JS: “O grande derrotado foi o PT. Apesar de ter feito maior número de vereadores, perdeu nas grandes capitais, como Rio, São Paulo, Curitiba, Florianópolis e Porto Alegre. O Lula deve ter tirado de cogitação um novo mandato. Ele está governando através de medidas provisórias, a oposição é terrível. Para mim, há dois candidatos à presidência: o Geraldo Alkmim e o José Serra. No Ceará, a Luizianne venceu a oligarquia dos Jereissati, que são os donos do Ceará. Em todos os estados importantes, o PT perdeu, e o PT é o Lula. O governo fracassou. Este homem está há quase dois anos no governo.

P. S.:

Errou feio. O PT ficou no poder maior durante 14 anos e deu no que deu. Agora, temos na Presidência uma figura estranha, atípica, que morde e assopra, que conversa hoje e desconversa amanhã. Foi posto lá por uma maioria que não queria mais o continuísmo. No entanto, parece-me  que “demos” com os burros n’água. O que teremos de aturar agora?

3 Comentários

  1. Anônimo disse:

    Grande intelectual que escrevia sob o pseudônimo de Stanislaw Ponte Preta. Esse samba é uma sátira. Já li muitos textos dele na escola.

  2. Anônimo disse:

    Sei não, mas me parece que começaram em 1977 a receber salários, não sei se aqui foi nessa data.
    Que eu sei que eram da época que não recebiam salários eram a Marlene, o Odilon, o Patesco, o João Rodrigues Alves, o João de Godói. Essa outra pessoa citada que eu lembre era da época que já tinha salário, porque no inicio dos anos 80 já estava uma sangria desatada pelo fato de já estar recebendo salários, mesmo os antigos que que já estavam lá a mais de 25 anos queriam entrar para usufruir. Um verdadeiro afronto ao operário que trabalha 8h por dia por um salário minimo. Fazer o que se os erros já vem lá de cima.

  3. Anônimo disse:

    Mesmo agente sabendo que as pessoas que ocupavam esses cargos na maioria eram famílias tradicionais, fazendeiros e alguns que tinham um certo prestígio. Será que não tinha uma verbinha de gabinete na área. Depois que passaram a ser remunerados então é que o olho gordo cresceu mesmo. Todos queriam sem exceção.

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