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Zumbi dos Palmares: você acredita?

qua, 26 de novembro de 2014 00:02

Abertura meio desligado

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Dia da Consciência Negra, comemorado na semana passada. A data se refere à morte de Zumbi, o herói nacional símbolo da luta contra a escravidão. Na escola aprendemos que o quilombo era uma sociedade igualitária, destino para os escravos fugidos, onde poderiam, enfim, conquistar a sonhada liberdade.

Zumbi foi educado em um convento em Alagoas, aprendeu a falar latim e português, recebeu o nome de Francisco. Ainda jovem, foi para o Quilombo dos Palmares. Por volta de 1678, o líder dessa comunidade era Ganga Zumba, que aceitou uma oferta de paz da Capitania de Pernambuco: todos os escravos fugidos seriam livres se o quilombo se submetesse à autoridade da Coroa Portuguesa; mas Zumbi rejeitou o posicionamento de Ganga Zumba, preferiu a resistência contra a opressão portuguesa e tornou-se o novo líder do quilombo. Foi morto por vinte guerreiros em uma ação contra o quilombo, em 20 de novembro de 1695.

Morrer por uma causa nobre. Assim como os santos da Igreja Católica, como a guerreira Joana D’Arc, o filósofo Sócrates, Zumbi se tornou um símbolo, deixou de ser um homem para representar um ideal.

Mas…, será que foi isso mesmo que aconteceu na realidade, lá no distante século 17? Alguns historiadores têm bons motivos para acreditar que não, definitivamente. Parece estranho pensar que Zumbi tinha escravos, mas sim, ele tinha. Não há motivo para espanto. Naquela época era normal ter escravos. O historiador Edision Carneiro afirma no livro Quilombo dos Palmares, que eram livres aqueles que conseguiam chegar até lá, mas os que eram raptados à força de vilas e povoados vizinhos eram escravizados. Ainda parece absurdo? O abolicionismo começou a surgir com os ideais iluministas na Europa e nos Estados Unidos, um século depois de Zumbi.

No livro Palmares, de Flávio dos Santos Gomes, o quilombo é descrito por um capitão holandês chamado João Blaer como tendo uma estrutura social de impérios africanos, com rei, guardas e subserviência.  Além disso, o historiador marxista Décio Freitas, o que escreveu sobre a vida de Zumbi no convento, teria se baseado em cartas do padre que conviveu com ele, mas ele nunca mostrou essas mensagens. E pior ainda: e se a negativa do acordo de paz foi o que causou a destruição do quilombo? Será que houve mesmo um acordo de paz? Não dá para ter certeza.

O que distingue a realidade da ficção? Os livros didáticos de história não ajudam muito a responder essa pergunta. Nenhuma das opiniões acima está presente neles. O tempo vai passando e ainda somos levados a acreditar na versão oficial, assimilando como realidade inquestionável apenas um lado da moeda, o lado onde aparece o herói nacional fabricado por escritores que usam o cabresto do politicamente correto, tentando encaixar sua ideologia em cada fato.
O resultado é uma história que parece fábula, com personagens que desafiam a lei e a ordem, que fizeram grandes feitos, de conflitos entre mocinhos e vilões. A realidade é mais complexa do que esse tipo de relativismo. Será que precisamos mesmo de um mito, de uma lição de moral inventada para entender que somos seres humanos iguais, independente da cor?
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