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Vereador mais votado da história do Legislativo, Tiãozinho relembra trajetória política

qua, 5 de outubro de 2016 05:09

por Talita Gonçalves

Depois da entrevista com prefeito eleito Marcos Coelho (PMDB), a Gazeta do Triângulo realizará uma série de entrevistas com os 17 eleitos que deverão fazer parte do Legislativo a partir do ano que vem. A primeira delas se inicia com Sebastião Vieira (PRP), o Tiãozinho do Sindicato. Pela terceira vez reeleito como vereador, bateu nesta eleição o recorde de mais votado da história da Câmara em Araguari. A entrevista foi realizada na manhã de ontem, na Câmara, durante um intervalo na sessão.

LEGENDA Tiãozinho do Sindicato tem como sua principal base de apoio os servidores públicos municipais

LEGENDA Tiãozinho do Sindicato tem como sua principal base de apoio os servidores públicos municipais

 

Onde você estava no momento da apuração? Antiga praça 2, hoje Alice Goes Nunes, no bairro Paraíso. Estava cheio lá.

Como você se sentiu sabendo que havia sido reeleito e novamente, o vereador mais bem votado? Fiquei feliz demais, estava muito emocionado na hora, foi como se eu tivesse ganhado a primeira vez. A gente não sabe a hora que vai abrir a urna o que vai acontecer.

Devido às mudanças eleitorais, os candidatos tiveram apenas 45 dias para fazer a campanha. Qual foi o impacto disso em sua opinião? Disputei três eleições para vereador e duas para deputado. Todas elas com 90 dias. Agora com essa experiência de 45 dias posso dizer que não deu para ir a todos os lugares que eu deveria ter ido, faltou bastante gente para visitar. Mesmo assim votaram em mim e com a facilidade que a gente tem de se comunicar através de WhatsApp, Facebook, isso até ajudou. Mas financeiramente é bem melhor. Imagine gastar três meses de camisetas, santinho, gasolina. É melhor financeiramente e para a logística, mas pior no contato direito. Pelo meu número de eleitores é ruim, para quem tem um colégio eleitoral menor é melhor.

Você foi o vereador mais votado da história do Legislativo. Sim. É muita responsabilidade. O eleitor araguarino confiou em mim em massa. Se você conseguir 100 votos, 10 votos, pode ter certeza que você é um vitorioso. Mas 2.692 votos… é muita gente que confia na gente, que pediu voto para os amigos. Meu santinho não era rejeitado, então eu tive uma facilidade muito grande nessa eleição devido ao trabalho das duas primeiras. O povo araguarino abraçou minha eleição, isso eu posso dizer. Fiquei muito feliz com o carinho com que me trataram nas ruas. Mesmo quando alguém tinha compromisso com outro candidato, eles me tratavam bem, me respeitavam e elogiavam pelo meu trabalho.

Antes de ser o “Tiãozinho do Sindicato”, como foi o começo da sua trajetória? Vim de família pobre, meu pai era funcionário público concursado. Fui militar durante sete anos, cheguei a engajar e ter estabilidade no Exército, mas aí eu larguei para ir trabalhar numa van, na época era aquela Kombi, na prefeitura. Parece que você entra para trabalhar na prefeitura e se envolve de certa forma com a política e não sai mais.

Você então foi trabalhar como motorista. Eu era autônomo, puxava (sic) alunos, . Mas aí eu conheci o Túlio (Rodrigues da Cunha) e tive uma façanha, consegui mais de 300 votos para ele sem que fosse conhecido dentro do bairro Paraíso. Foi quando entrei na Câmara Municipal pela primeira vez; no dia da posse dele. Achei que era como se eu estivesse na Rede Globo. Eu pensava que aqui só entrava quem era rico, então nunca imaginava um dia ser vereador. Nesse mesmo mandato fui aprovado num concurso público em 2002. Aí eu sendo aprovado, fui trabalhar na secretaria de Serviços Urbanos. Dirigia máquina, mexia com trator (sic), fui um “severino” lá, fazia de tudo. Fui trabalhar para o Luciano Rosa, que era secretário de Serviços Urbanos e consegui dar os mesmos 300 votos para ele, e o Túlio perdeu a reeleição. Mas eu ainda não pensava em me candidatar.

Você começou a gostar da dinâmica da política, mas ainda não se via como vereador. Sim. Em 2003 quando eu era concursado, eles estavam montando uma chapa no Sintespa para tentar tirar um presidente que estava lá há 20 anos, o Fernando da SAE. Aí uma senhora que se chama Madalena, que eu abraço toda hora que vejo (sic) me indicou para participar dessa chapa. O convite foi para ela, mas disse “eu não tenho tempo para isso, mas tem uma pessoa aqui no Serviços Urbanos muito carismática, que pode ajudar vocês a ganhar essa eleição.” Aí me apresentaram para o presidente da chapa; fui o segundo tesoureiro e aceitei. E nós ganhamos. Assumimos em 2004. Quando a gente entrou, arrumamos a casa. Porém a pressão foi muito grande em cima da presidente do Sintespa e ela renunciou. Tivemos que fazer outra eleição. E como eu estava envolvido, não pensava em ser presidente, queria que fosse o Dr. Cristiano (Cristiano Gonçalves, atual Procurador do Município), mas eles me disseram “tem que ser você.” Quando eu fui o presidente a responsabilidade dobrou.

E como foi? Comprei briga com o prefeito Marcos Alvim para conseguir que os direitos dos servidores fossem cumpridos e ele cedeu a nossa pressão, fazendo o plano de cargos de salários do servidor público. Mesmo assim eu não queria ser candidato porque não tinha dinheiro. Isso foi quando? Em 2007. Tinha uma lenda de que para entrar na Câmara era preciso ter pelo menos uns 300 mil reais.

E quando você decidiu se candidatar a vereador? O Miguel de Oliveira me convenceu. Aí em 2008 me afastei da presidência do sindicato. O Miguel me convenceu de que ganharíamos a eleição, mesmo sem dinheiro. Lembrei os 300 votos do Paraíso que viraram 500 e com o trabalho para o servidor, a gente conseguiu 2.639 votos. Você já entrou como o mais votado na eleição? Sim.

Você acha que nesses dois mandatos deu para fazer o que pretendia? Tudo o que o servidor tem hoje de conquistas, posso dizer que foi através do nosso mandato. Não tinha respeito com a CLT. Conseguimos que as férias fossem pagas antes, o Fundo de Garantia não era depositado, então a gente conseguiu que fossem cumpridos esses requisitos, sob pena de multa, não só na época do Alvim, se estendeu para o Marcão, o Raul e agora Marcão de novo. Nossa expectativa maior, conseguida com o Raul, é que os pisos continuem sendo pagos e o Marcão prometeu um plano de saúde e será cobrado.

Você se candidatou a deputado e não ganhou por pouco. Foi por 413 votos. Você pretende tentar de novo? Tenho pretensão em ser pré-candidato até que a Justiça me permita ser candidato. Porque onde eu fui nessa campanha de vereador, me cobraram essa eleição de deputado. Senti que muita gente que não acreditou, dessa vez entende que Araguari precisa de um deputado. Agora a consciência é outra. São quase R$ 15 milhões que a gente perde por ano de investimento, multiplica isso por quatro anos, são R$ 60 milhões no mínimo. Tem a verba parlamentar, mas você pode buscar verba com senador, com algum deputado federal.

Nesta eleição, você apoiou o prefeito Raul Belém e ele não conseguiu a reeleição. Quais são as perspectivas em relação à vitória do Marcos Coelho? Minha obrigação é legislar e fiscalizar. A gente tem que dar um tempo para ele ver como está a casa. Vou cobrar muito dentro da área da saúde, até porque ele já prometeu que vai reabrir o Pronto Socorro e melhorar o atendimento da UPA. Temos perspectivas de melhoras, inclusive em relação a exames, consultas e tendo o Dr. Clayton que é médico, é meu amigo, foi médico do sindicato. Quase lancei ele secretário de Saúde do governo Raul. Perspectiva boa para o servidor e para a cidade.

Mesmo batendo recordes de votação, você acredita que é possível ter mais votos? Muitas pessoas tiveram que apoiar candidatos da família, mesmo sabendo que eles não iriam ganhar, mas que poderiam ter me apoiado.

Que mensagem você gostaria de deixar? Gostaria de agradecer essa votação expressiva e dizer que vou corresponder com muito trabalho, dedicação e seriedade. Me orgulho de ter crescido em Araguari, ter estudado em Araguari, criado meus filhos aqui, ter um presente de Deus que foi minha esposa, me deu meus filhos. Agradeço minha mãezinha, meus irmãos e esse dom divino que Deus me concedeu. Não é fácil ser o mais votado três vezes. A responsabilidade é grande e a força é divina.

3 Comentários

  1. José disse:

    Ai eu pergunto como o nobre vereador vai negociar a favor dos funcionários públicos municipais se ele é oposição. Ná época que o Prefeito Marcos ganhou o funcionário não teve nada a seu benefício só recebeu em dia.

  2. Mariana Silva disse:

    Miguel apadrinhou ele,e assim teve muita grana,mas muita mesmo para se eleger;passando para outra entrevista…Araguari e os aumentos salariais do vereadores,prefeito,etc. Temos o aumento também dos impostos abusivo nestes anos passados! Que tal o vereador que protege animais? Parece ser bem mais proveitoso para a sociedade!

  3. Bruna Andressa Mendes Ferreira disse:

    Boa noite!!
    Esse é o meu vereador, que me representa e luta por nós, fez um trabalho maravilhoso durante 8 anos, ganhando a valorização do povo e dos funcionários públicos, concorreu a vaga de Deputado Estadual, e não ganhou por 413 votos, uma decepção para Araguari, pois deixou de ganhar mais recursos, homem sincero, íntegro, e que Deus continue te abençoando e com toda a certeza a força é Divina sempre !!! Parabéns por tudo

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