Ingresso garantido, passagem de avião, hotel reservado e finalmente chegou sexta-feira. De mochila nas costas, a viagem do nosso conterrâneo começa. A primeira vez que o Murilo pisou na “Cidade Maravilhosa” tinha como destino o Rock in Rio. Entusiasta do heavy metal, Murilo Cardoso, ou Chuvisco para os colegas da época do Isolina, foi no Monsters e conheceu São Paulo.

Para gente como nós, que mora em cidade do interior e não costuma ter grana para viajar com frequência, festivais ou shows de rock internacionais são mesmo acontecimentos marcantes. Meu amigo apareceu ontem na porta da Gazeta do Triângulo com uma cara amassada, de quem ainda não recuperou as energias.

No sábado de manhã, rolezinho na rua Augusta e parada para compras na Galeria do Rock. A liberdade de quem não vai de excursão faz o passeio ir além do show. De mochila nas costas (ele adora carregar peso nos shows) e na companhia de uns roqueiros de Belém com quem ele fez amizade, o Murilo encarou dois quilômetros de fila antes de entrar no sambódromo. Depois disso, missão cumprida. Então conversamos sobre os shows que ele assistiu:

COAL CHAMBER – Metalcore pesado, bem para o lado do Slipknot. – Bem chato então – Sim, um pouco (risos). (O vocalista se irritou porque muita gente começou a vaiar e a mostrar o dedo médio para o palco, mas nessa hora o Murilo tinha ido embora.)

RIVAL SONS – Senti uma pegada meio country neles, não acompanhei o show todo, mas tava até bom – nunca ouvi falar nessa banda – até então, eu também não.

MOTÖRHEAD – O Lemmy passou mal, aí o Andreas Kisser e o Derrick do Sepultura subiram no palco com os outros integrantes da banda e improvisaram uma jam.

JUDAS PRIEST – É o Rob Halford entrando com aqueles chicotes de sex shop, daquele jeito (…) hahahaha!– entrou ‘divando’ então. Você gostou?– Foi bom, mas a aparelhagem do evento no geral foi inferior a do Rock In Rio.

OZZY OSBOURNE – O Ozzy é um velhinho muito bonitinho. Ele é meio surdo, fica distraído com o retorno.– e o repertório? – Ele iniciou com “Bark at the Moon”, tocou os Black Sabbath né, “War Pigs”…encerrou com “Paranoid”.O show durou uma hora e meia, Foi legal. O Ozzy molhou a galera com um esguicho de água. – A idade dele pesou? – Ele fez as pausas dele, mas acho que deu conta do recado sim.

No segundo dia de show, o Murilo entrou com três hamburgões da estação Tietê escondidos em uns moletons dentro da mochila, junto com um cantil cheio de conhaque de gengibre. O pessoal que fazia a revista só implicou com o vidrinho que ele tinha, com lima de bico, achando que era algum tipo de inalante. Até eu ficaria na dúvida. Ele me explicou que o vidro tinha álcool com uma espécie de lima que tem um biquinho, mistura que ele coloca no nariz devido à sinusite. Mesmo com essa explicação técnica, para entrar, ele teria que deixar a lima de bico no guarda volumes por 35 reais. Tchau remedinho.

STEEL PANTHER – Uma banda de glam muito ruim. Aí tinha a turminha do hard rock, de calça colada, acessórios…

YNGWIE MALMSTEEN  -nossa, aí você morreu de emoção – (Risos), sim, aí me aproximei do palco. Paredão de Marshall, estrutura ok. Mas o vocalista era péssimo. Aí nas últimas músicas eu fui dormir um pouco – peraí, tinha um lugar para dormir perto do palco, o lugar que mais lota de gente? Tinha um lugar com espaço onde o pessoal estava sentado, deitado.

UNISONIC – Uma banda de um ex-Helloween, para quem gosta é show.

ACCEPT – Não tinha tanto contato, mas é pancada, muito animado. “Ballstothewall, manna na..”

MANOWAR – A banda é muito figura, tocou no talo, som alto pra caramba. Mandaram as clássicas e o baixista conversou em português “Alô São Paulo” – bancou o Bono Vox, o povo adora– “..quem aqui gosta de true heavy metal? E o que vocês dizem para aquelas pessoas que não gostam de heavy metal? Vão se f…” Foi legal.

KISS – Teve Judas de novo, e depois subiu a bandeira deles– acho que esse é o show que eu mais queria ver – Foi bom. Eles começaram depois de uma hora e dez minutos até organizar tudo – o Kiss é o teatro né –Sim. Luzes, aparelhagem, mega estrutura, cabo de aço, e eu cansado. Aí rolou a fumacinha e a banda entrou. – Eles pisaram em pintinhos? – Não (risos),mas o Genne Simmons ficou voando no palco com cabo de aço, começou a tocar, babar sangue, a guitarra soltava uns foguetes, uma loucura. Na segunda parte do show o Paul Stanley segura no cabo de aço e atravessa no meio da galera. Na última, Rock n Roll All Nite, eles estavam em uma base que foi para a frente do palco, e rolou umas luzes, chuva de papel e fogos de artifício. Acho que tinha umas 60 mil pessoas.

O Murilo ressaltou a falta de organização do Monsters, principalmente na hora da saída. O pessoal quase saiu na porrada para conseguir entrar nos ônibus e nos táxis, que não eram suficientes. Antes de ir embora, ele deu um pulo no Brás. “Cheguei aqui em Araguari com 6 reais no bolso. E nem quero ver minha fatura do cartão… Mas vale a pena.