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Surdez

sex, 14 de novembro de 2014 00:01

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1- O que é surdez?
A surdez é um distúrbio que pode acometer pessoas de todas as idades. Algumas crianças nascem com perdas auditivas que variam de grau e intensidade, e o decréscimo da audição parece ser regra nas pessoas que teimam em viver muito tempo.

O ouvido (ou orelha, nome proposto pela nova nomenclatura médica), é uma estrutura complexa, dividida em três partes: externa, média e interna.

O som é captado pelo ouvido externo, que é constituído pelo pavilhão, canal auditivo e tímpano. O pavilhão é uma espécie de concha acústica cartilaginosa, com formato especial para captar as ondas sonoras e conduzi-las ao canal auditivo. As vibrações que essas ondas produzem na membrana do tímpano progridem pelo ouvido médio e pelo interno até alcançar as células sensitivas que as transformam em sinais nervosos a serem transmitidos ao cérebro.

É com o cérebro que ouvimos o canto dos pássaros, a voz da pessoa amada, o riso dos filhos, os noturnos de Chopin, a sirene de alarme, o grito de socorro, o toque do telefone e da campainha.

Infelizmente, essa estrutura preparada para receber as ondas sonoras e transformá-las em impulsos elétricos para serem codificados e decodificados pelo cérebro pode apresentar lesões que interferem no mecanismo da audição.

2-Para entender a natureza dos problemas que levam à surdez, vamos começar explicando a fisiologia da audição?
O som chega à orelha externa  sendo captado pelo pavilhão, entra no conduto auditivo e faz vibrar o tímpano, uma membrana bem fininha que separa o ouvido externo do ouvido médio. Essa vibração movimenta três ossículos – martelo, bigorna e estribo – conectados um ao outro, que funcionam como uma alavanca e conduzem as ondas sonoras até a cóclea, uma das partes do ouvido interno. Na cóclea, existem células ciliadas capazes de reconhecer se o som é forte ou fraco, agudo ou grave, e de conduzi-lo ao nervo auditivo de onde é enviado, sob a forma de ondas elétricas, para o cérebro. O cérebro é que codifica aquele som e o interpreta.

3-Poderíamos dizer, grosseiramente, que a audição é constituída por um sistema de canais que conduz as ondas mecânicas (o som é uma onda mecânica) até o ouvido interno. Ali essas ondas são transformadas em estímulos elétricos que são enviados ao cérebro e é ele que reconhece se ouvimos o latido de um cachorro ou o choro de uma criança?
Perfeitamente. A fisiologia da audição depende do bom funcionamento de todas essas estruturas para que o som seja interpretado corretamente no cérebro.

4-Você poderia caracterizar cada uma das três partes que constituem o ouvido?
O ouvido externo é constituído pelo pavilhão, pelo conduto, ou meato auditivo, e pela membrana timpânica. Essa membrana separa o ouvido externo do médio, que vai dos três ossículos (martelo, bigorna e estribo) até as janelas oval e redonda.

O ouvido interno é formado pela cóclea, onde estão as terminações do nervo auditivo, e pelo labirinto, que é constituído pelos canais semicirculares e pelo vestíbulo. O labirinto é muito conhecido por conta de uma disfunção que provoca tonturas e vertigens chamada labirintite.

A surdez pode instalar-se por deficiência na condução das ondas sonoras em qualquer uma dessas partes e também por problemas no cérebro.

5-Quando o teste feito na maternidade não revela problemas de audição, os pais podem ficar sossegados ou devem prestar atenção no desenvolvimento desse sentido na criança?
Devem prestar atenção, porque as perdas auditivas podem ser progressivas. Embora não tenham aparecido na maternidade, podem instalar-se aos seis, sete meses de vida da criança. Além disso, existem as perdas adquiridas. As otites, por exemplo, aparecem mais quando a criança deixa de ser amamentada no seio materno ou quando começa a frequentar a escola, e são responsáveis por perda de audição que somente será percebida e diagnosticada mais tarde.

6- Na faixa que vai da adolescência à idade adulta, a prevalência dos problemas de audição é menor?
É menor, exceção feita às pessoas continuamente expostas a ruídos ou a certos produtos químicos no trabalho. Essas devem passar por testes de audição pelo menos uma vez por ano. Existe legislação que lhes garante esse direito, assim como existem programas que visam a evitar tais perdas.

7- Ficamos impressionados com o volume do som que os jovens escutam dentro dos automóveis. Muitas vezes perguntamos como conseguem aguentar um som tão alto, fechados dentro dos carros, se é difícil suportá-lo a vinte metros de distância. Esses adolescentes correm risco de desenvolver surdez?
Se a exposição for muito frequente, sim. Com o passar do tempo, o som produzido pelo diskman, pelo walkman ou pelos aparelhos instalados nos carros pode gerar um problema auditivo. Há músicos que apresentam esse tipo de problema em virtude do excesso de ruídos ao qual estão expostos.

 8-O pior é que essa perda se instala gradativamente e a pessoa nem percebe?
Perfeitamente. A perda gradativa da audição pode ocorrer sem que a pessoa se dê conta do que está acontecendo. Não é evidente como um ferimento ou uma catarata no olho. É invisível. Por isso, depois de algumas horas numa discoteca expostos a um som muito alto, é comum os frequentadores saírem com a sensação de ouvido tapado ou com um zumbido no ouvido. Isso é sintoma de uma lesão nas células auditivas que, aos poucos, pode levar à surdez.

9-O declínio da audição acontece sempre com a idade?
A perda pode ser precoce e começar aos 40 anos, mas o mais comum é cerca de 60% das pessoas apresentarem algum problema auditivo a partir dos 60 anos. Isso acarreta o afastamento social do idoso – sentado à mesa com a família, não consegue participar da conversa; vai à igreja e não escuta o que o padre está falando -, porque ninguém tem muita paciência ao lidar com gente que não ouve bem. Em 35% dos casos, porém, essa situação desagradável poderia ser evitada com o uso de aparelhos para surdez.

10- O que pode fazer uma pessoa com 60 anos para retardar o declínio da audição?
Não deve expor-se a ruídos, nem a sons agudos, nem automedicar-se. De resto, só a vida vai dizer qual é o ritmo da perda da audição de cada um, uma vez que ela faz parte do envelhecimento.

11- Existem pessoas mais predispostas a apresentar declínio da audição quando ficam mais velhas?
Pessoas de olhos azuis têm mais tendência a apresentar perdas auditivas. É uma predisposição genética que leva ao chamado “ouvido de cristal”, um ouvido mais frágil e mais susceptível ao declínio da audição.

Além dessas, pessoas expostas a muito ruído no trabalho também correm maior risco de perda da audição.

12- Adolescentes que escutam música num volume muito alto também se enquadram nesse grupo?
Provavelmente são candidatos a perder a audição mais cedo, porque a perda das células ocorre precocemente.

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