Saúde Alerta – Como criar uma rotina pode preservar a saúde mental e física nesses tempos de quarentena?
qua, 15 de abril de 2020 05:34São tempos difíceis de quarentena, não há como negar. Se um tempo atrás nos dissessem que o ano de 2020 começaria com o mundo sofrendo uma pandemia de coronavírus, muitos não acreditariam.
Aqui no Brasil, muito antes do coronavírus desembarcar, havia dados da Organização Mundial da Saúde apontando que somos o país mais ansioso do mundo. E agora? Como fica a situação em tempos de isolamento?
Para evitar que se eleve a curva de crescimento do número de casos do novo coronavírus, a recomendação é de isolamento ou distanciamento social para todos aqueles que puderem ficar em casa. Além disso, limitar as saídas apenas para ir ao mercado ou a farmácia, quando muito necessário está entre as medidas indicadas para este momento de pandemia mundial.
Entretanto, para algumas pessoas, limitar os acessos e ficar apenas em casa pode causar desconforto e provocar sentimentos conflitantes. Por mais que se tenha conhecimento sobre a importância deste momento de isolamento, a ansiedade pode aumentar, principalmente naquelas pessoas que possuem algum grau de funcionamento ansioso.
É preciso dar-se conta de que são os pensamentos ‘catastrofizantes’ direcionados ao futuro, os responsáveis pelo aumento de ansiedade.
Outro impacto importante, menos comum, mas que pode ser muito grave é o aparecimento de sintomas depressivos. Comportamento de maior isolamento do que o esperado, diminuição de prazer e interesse nas atividades diárias possíveis, insônia e alteração de apetite são sintomas que nos alertam para uma complicação nesse sentido.
Conscientizar-se de que esta situação é temporária, respeitar seu próprio ritmo e capacidade de absorver as informações estão entre os cuidados que podem ajudar no entendimento e clareza das ideias.
As notícias estão por todos os lados e isso pode causar diversos sentimentos, desta forma, se for o caso, desligue a TV e se desconecte do celular por algumas horas. As informações continuarão à sua disposição para quando você puder acompanhá-las melhor.
Dicas para manter a saúde mental e física
Ler, interagir com as pessoas e praticar exercícios físicos são algumas dicas importantes para os dias de confinamento. A primeira exercita diversos circuitos cerebrais fundamentais para a manutenção das funções cognitivas. A segunda ajuda a manter o contato afetivo com outras pessoas. E, sem dúvida, a prática de atividades físicas é fundamental para a saúde.
Exercícios contribuem para um bem-estar geral, ocasionando diversos benefícios ao nosso corpo, melhora da condição cardiovascular e, também, em situações que são muito pertinentes ao momento: a diminuição de estresse e ansiedade e melhora da imunidade. A boa alimentação também é importante.
Caso não tenha a orientação de um profissional, a pessoa pode optar por realizar exercícios simples como pular corda, realizar apoios, abdominais, agachamentos, polichinelos e utilizar garrafas de água ou embalagens de 1 quilo de alimento como pesos. É indicado variar o tipo de treino a cada dia, evitando a monotonia. Este tipo de atividade pode ser realizada tanto por adultos quanto por idosos que não possuam nenhuma doença cardiovascular, respiratória ou nas articulações.
Salienta-se a importância de as atividades serem e possuírem a intensidade e carga adequada para o praticante tolerar todo o exercício e evitar possíveis lesões e dores indesejadas.
Para as crianças, a recomendação é estimular as atividades lúdicas. Além das brincadeiras, também existem os jogos de videogame com sensores de movimento, o que possibilita unir o desafio e o exercício.
Estabeleça uma rotina
Para organizar todas essas dicas, o primeiro passo é criar uma rotina. Sem as atividades diárias normais, a organização da semana é prejudicada. Por isso, para começar, é preciso ter um planejamento: estabeleça o que vai fazer, organize seu dia de forma consciente e tenha um propósito.
As crianças são as que mais necessitam de organização. Com as escolas suspensas, sem poder encontrar os amigos para brincar ou respeitar a programação das aulas, a sensação de desestabilização pode causar muita angústia. Os adultos são os responsáveis por prover esta estruturação, acolhendo as incertezas e inseguranças dos pequenos. O caminho é conversar, perguntar, acolher, entender e reassegurar.
Os idosos estão sob cuidado total da sociedade, por serem a faixa etária de maior risco. É necessário ajudá-los no que for preciso, para evitar que eles se exponham desnecessariamente. Somado a isso, tirar um tempo para conversar com eles é uma maneira de ajudar com a inquietude do isolamento. Uma peculiaridade desta faixa etária é estar, pelas leis da natureza, mais próxima do final da vida. A proximidade da morte e a ameaça à nossa sobrevivência provocam uma noção de finitude que não estamos acostumados a ter em nossa cultura.
Porém, essa consciência também pode trazer uma nova maneira de ver a vida. Pode modificar nossas escalas de valores ao percebermos o que realmente importa e que vida queremos deixar de herança, por qual biografia queremos ser lembrados.
Somos seres humanos e, por mais que nos esqueçamos, a maior parte do tempo, somos frágeis.
Como dizem por aí: -“A vida é um sopro”.
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