por P.J. Godoy

Após manifestação, Raul Belém comenta sobre o momento de sua gestão

“Se me perguntassem se a cidade está como eu gostaria, diria que não. Nem por isso deixaremos de enfrentar os problemas e atender a maioria dos moradores, principalmente carentes. É um momento que não busco a popularidade ou aplauso, e sim a condução da administração da melhor maneira que atenda a todos”. Foi assim que o prefeito Raul Belém (PP) começou a entrevista coletiva concedida ontem no Palácio dos Ferroviários.

 

Um dia depois do protesto pelas ruas araguarinas, o chefe do Executivo quebrou o silêncio e esclareceu as principais reivindicações que ganharam os gritos dos moradores. Questionado, ele atribuiu a manifestação a um caso isolado, mas reconheceu as dificuldades diante do momento atual.

“Trata-se de um direito do cidadão, mas acredito que ficou muito claro que isso se restringe ao interesse de poucos. Em momento algum deixaremos de abrir diálogo com as pessoas, desde que essas pensem no bem coletivo do município. Muitos têm atacado de forma gratuita a administração, com baixaria ou mentiras. A oposição faz parte do governo, mas deve acontecer por meio de debates e críticas construtivas para o desenvolvimento da cidade. Vivemos numa crise nacional e os municípios são os mais atingidos”, admitiu o prefeito, que falou acerca dos principais pontos levantados durante a semana.

BURACOS NAS RUAS

“Consegui observar uma indignação em relação aos buracos. A questão é que acabamos de passar por um período chuvoso extenso, iniciando a estiagem somente neste momento. Gastamos muito dinheiro para tratar essa situação e acabamos perdendo com o retorno das chuvas. Trata-se de um problema de várias gestões. Existe asfalto em Araguari com mais de 30 anos e não foi realizado nenhum planejamento de drenagem com as galerias pluviais. Apesar disso tudo, estamos concluindo a Comissão Crulls e a Padre Norberto e recapeamos a avenida Bahia e a rua Marcílio Dias. Reestruturamos totalmente a avenida Brasil, evitando que mais de duas mil famílias fossem prejudicadas pela falta de mobilidade urbana. Além disso, temos mais de 90 ruas com asfaltamento gratuito, em parceria com o Batalhão de Engenharia de Construção, como parte do projeto “100% asfalto”.

SAÚDE

“Sabemos que muito ainda tem que ser feito, mas acredito que a maioria dos problemas serão sanados com a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) que está 90% pronta. Mudamos a Farmácia Municipal para um local adequado, ampliando os medicamentos. Sobre a Santa Casa, o grande furo é em relação ao SUS (Sistema Único de Saúde), que não paga sequer 10% dos gastos reais com o paciente. Mesmo assim conseguimos alguns resultados. No mês anterior fizemos 15 mil atendimentos no Pronto Socorro, maior número da história do município. Nesta quarta-feira, 15, levarei pessoalmente à Brasília o pedido para pagamento do repasse para as UBSF (Unidades Básicas de Saúde da Família), que estão paralisadas nos bairros Independência, Portal de Fátima, Chancia e Goiás Parte Alta, além dos serviços de reforma e ampliação no Ouro Verde”.

EDUCAÇÃO

“Retiramos várias escolas de um verdadeiro caos, com notas abaixo da média no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). Mas não fizemos apenas isso. Reformamos escolas e creches, com acessibilidade e toda a estrutura para atender os alunos e somos uma das poucas cidades mineiras que paga o piso da Educação ao professor”.

INFRAESTRUTURA

“Mesmo com todas as dificuldades, conseguimos avançar para a instalação da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Central, a qual representa a maior obra da história de Araguari. Estamos licitando o viaduto no São Sebastião, que era uma demanda antiga daquela comunidade, e buscaremos junto ao governo federal uma solução definitiva para o córrego Brejo Alegre, dando sequência ao projeto do Parque Linear. Além disso, entregamos duas mil casas e estamos perto de concretizar mais mil, atendendo três mil famílias”.

IPTU

“O que houve foi uma correção monetária. Entendemos a lamentação, especialmente daqueles que vivem ou trabalham no centro. Não é fácil para um empresário arcar com o aumento do combustível, iluminação e ainda o IPTU, mas não houve outra saída a não ser o reajuste sobre a inflação. Enquanto em alguns casos aumentou o valor, em muitos diminuiu. O Supremo Tribunal Federal obrigou os municípios a não cobrarem taxas de limpeza pública, por isso tivemos uma perda de R$ 1,9 milhão. No ano passado conseguimos beneficiar várias pessoas com o IPTU Social, projeto criado nesta gestão, onde os imóveis com até 70m² são isentos da cobrança, como no Minha Casa Minha Vida. Mesmo assim, enquanto não houver um pacto federativo na pauta do governo federal, dificilmente teremos as devidas condições que gostaríamos”.