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Permita-me discordar

qua, 14 de janeiro de 2015 00:00

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Obra de Adriano Souza, chargista da Gazeta do Triângulo

Obra de Adriano Souza, chargista da Gazeta do Triângulo

De repente, um sentimento comum se torna corrente. Em meio a tanta gente, afundo em aguardente para me livrar de uma hipocrisia aparente. Procurando rimas, encontrei lentes. Olhares de revolução, voltados para algo que há muito é a primeira emenda da Constituição.

Tão valiosa quanto um ar-condicionado sob o calor da Somália, é a descoberta do motivo pelo qual discussões pertinentes apenas surgem após tragédias, salvo algumas exceções. De fato, os 7 a 1 da seleção brasileira não adiantou de nada para se debater o futebol nacional, mas liberdade de imprensa e expressão são fagulhas da democracia garantida há décadas.

Depois de acompanhar o atentado contra a revista “Charlie Hebdo”, remeti a uma realidade global. O antídoto contra a liberdade pode ser encontrado em um ato de extremismo, num decreto ou numa simples caixa de credenciais. Em todos esses casos, o jornalista faz a função do goleiro, aquele que está sempre disposto a ajudar, mas basta uma falha para sentenciar sua condenação.

Afinal, alguém se lembra de Júlio César? Julgado como um dos vilões das últimas duas Copas, o arqueiro está há 629 minutos sem saber o que é sofrer gols pelo Benfica, de Portugal. Se os brasileiros deixaram o país para serem adorados em outras nações, com os muçulmanos não é diferente.

Zinedine Zidane e Muhammad Ali não me deixam mentir. Por isso, respeito quem preza pela sua crença, assim como aqueles que abdicam de qualquer uma. A verdade é que o caminho da intolerância não leva a destino algum.

Inútil como um “pau de selfie” é a liberdade de dizer apenas aquilo que se quer ouvir.  Política, religião e futebol também se d-i-s-c-u-t-e-m, ainda mais quando temos uma CBF no comando e um Ministério do Esportes liderado pelo pastor da igreja Universal. Assim como o francês Voltaire, “posso não concordar com nenhuma das palavras que você disse, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las”. Apenas permita-me discordar.

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