por P.J. Godoy

Repórter da TV Globo retorna à cidade natal em evento beneficente

Duas Copas do Mundo, Taça Libertadores, Mundial de Clubes, Jogos Paralímpicos de Londres e Parapanamericanos de Guadalajara, no México. Matérias especiais somadas a entrevistas memoráveis e coberturas de Grandes Prêmios de Fórmula 1. Motivos não faltam para credenciar o repórter Renato Peters como um dos principais nomes do jornalismo esportivo brasileiro.

Nascido em Araguari, o jornalista da TV Globo jamais perdeu a oportunidade de retornar à terra natal quando possível. Apesar disso, a próxima visita promete trazer um novo aperitivo ao araguarino. Isso porque pela primeira vez, ele ministrará uma palestra no município.

Realizado pela Aprocima (Associação dos Profissionais de Comunicação e Imprensa de Araguari), o evento ocorre no dia 21 deste mês, no auditório da CDL (Câmara dos Dirigentes Lojistas). Apesar de gratuitas, as inscrições são limitadas. Para participar, basta que os interessados se dirijam à CDL ou ao Jornal Gazeta do Triângulo. A entrada será permitida mediante 2kg de alimentos não perecíveis, a serem destinados para instituições de caridade.

Currículo

Formado em 1997, Renato Peters iniciou a carreira aos 16 anos como radialista. Nos seis últimos meses de graduação, já se aventurava como estagiário na TV, meio pelo qual seguiria durante toda a carreira. Entre as diversas histórias que relatou, uma delas se escondia mais perto que imaginava.

Renato chegou a ser finalista do Prêmio Embratel por uma reportagem com o primeiro time de futebol feminino no país. Curiosamente, essa história começava em Araguari há mais de 50 anos. Antes do retorno à cidade, o jornalista comentou sobre os desafios, as conquistas e a realidade da comunicação esportiva brasileira.

Pioneiras do futebol feminino

“Foi uma história maluca. Algo que estava em baixo do meu nariz o tempo todo e nunca soube. Viajei o mundo, conheci muitos lugares e a melhor história que transmiti estava ao lado onde eu morava. Algo que jamais vou esquecer”.

 Esporte paralímpico

“Na verdade foi um desafio, pois havia muita resistência dentro da própria televisão. Ninguém estava acostumado a transmitir. Lembro que assim que comecei a fazer o programa na SporTV, conseguimos aos poucos ganhar espaço e foi dando certo. Felizmente, tivemos uma repercussão mais que esperada. Foi algo que mudou muito a minha vida, primeiro por ver de perto a superação de pessoas que conviveram com as dificuldades e o preconceito a vida inteira, representaram o país e depois foram recebidas na cidade natal com um caminhão do Corpo de Bombeiros. Poder contar essas histórias é muito gratificante”, contou.

Conflitos no Haiti

 

“Sinceramente não estávamos preparados para aquilo. Viajamos para fazer uma série de reportagens para mostrar como o Exército estava utilizando o esporte para reunir e integrar o povo. O problema foi que no meio disso tudo estourou uma rebelião popular, com vários conflitos. Acabamos cobrindo tudo de perto para o Jornal Nacional. Foi muito impactante, pois você começa a se questionar como ser humano, em meio aquela situação de pobreza sem nenhuma ação dos órgãos governamentais. Cheguei a me sentir mal várias vezes, mas certamente foi algo que enriqueceu bastante meu currículo”.

Jornalismo esportivo

“É preciso primeiramente acreditar na profissão, pois são muitas barreiras. É necessário tentar se aperfeiçoar ao máximo e aproveitar das informações que estão a nossa disposição todos os dias, além do básico de ler, escrever e aproveitar cada oportunidade. Acredito que o jornalismo esportivo brasileiro evoluiu bastante com o crescimento das mídias e a ascensão da mulher, mas ainda temos muito que melhorar”.

APROCIMA

A reportagem ainda falou com o presidente da Aprocima, Márcio Eduardo Marques. Para ele, a oportunidade não se restringe aos amantes do esporte. “Estamos falando de um araguarino que venceu na vida e hoje trabalha numa das maiores emissoras do mundo, com destaque nacional e internacional. É um momento importante para enriquecer o conhecimento de estudantes, profissionais e do público em geral, pois é uma referência para todos. Um jornalista credenciado, que esteve em Copas do Mundo e entrevistou nomes como Neymar e Emerson Fittipaldi, é algo que certamente interessa a muitas pessoas”, afirmou.

Há dois anos à frente da associação, Márcio Marques reconhece as dificuldades e os desafios durante o mandato, mas adianta outras novidades oferecidas ainda este ano à população.

“Era um sonho que agora está tomando a realidade que eu esperava. Teremos dois eventos de confraternização em breve e conseguimos pela primeira vez uma sede, com um espaço cedido pela prefeitura ao profissional da imprensa. Além disso, estamos acertando outras palestras para o fim do ano. Tudo isso fruto de um envolvimento de muitos. Precisamos evoluir aos poucos, esse é o caminho. Confesso que não é algo fácil. Infelizmente, nossa classe não é unida, por isso acredito que aquele que conseguir mudar essa situação vai caminhar muito bem futuramente”, completou.