por Talita Gonçalves

Eleito pela segunda vez, o candidato do Partido Verde, conhecido pela forte atuação no bairro Goiás, falou sobre experiência como líder do governo na Câmara e trabalho em outras regiões da cidade

O principal representante do Executivo na Câmara é Paulo do Vale (PV) vereador reeleito com votação significativamente maior do que em sua primeira candidatura. A proximidade com o prefeito Raul Belém (PP) foi um diferencial em sua atuação nos últimos quatro anos. Com o resultado das eleições, Paulo do Vale preferiu não falar em derrota, e sim, respeito à decisão da maioria por mudança. Ele esteve na redação da Gazeta do Triângulo no final da manhã de quinta-feira, 6.

 

Onde você estava no momento da apuração dos votos? Eu estava em casa. Fiquei sozinho em casa, não acompanhei a apuração, assistindo um show de Henrique & Juliano. Você não gosta da agitação? Preferi ficar em casa sozinho, minha esposa acompanhou no comitê junto com os colaborados, enquanto fiquei refletindo sobre o momento.

Como você ficou sabendo? Minha esposa chegou contando da votação e pela experiência que a gente tinha da eleição anterior, era esperada essa reeleição.

Você acha que os 45 dias de campanha foram suficientes? Como você avalia essa mudança na legislação eleitoral? Não deu para fazer todas as visitas que a gente imaginava, porém fiz um trabalho ao longo de quatro anos, fiz projetos que deram certo, requerimentos que foram atendidos, então eu acho que de certa forma isso ajudou, supriu a falta desse tempo. A gente intensificou o trabalho com mídias, som automotivo, intensificamos as reuniões e fizemos algumas visitas pontuais, mas realmente, algumas visitas não foram realizadas por falta de tempo.

Sua votação foi maior nesta eleição. Foi. Na anterior tive 998 votos e nesta 1654 votos, fui o quarto vereador mais votado. Como você avalia esta campanha? Porque na sua primeira candidatura você foi a surpresa da eleição? Na última eleição, realizamos um trabalho no rádio e com o jornal do Bairro Goiás, que está paralisado, mas somente quem conhecia o trabalho sabia do nosso potencial. Minha coligação faria um vereador e para muitos realmente fomos uma surpresa, mas quem conhecia o trabalho que fazíamos sabíamos que tínhamos condições de ser eleito. Nesta eleição, avalio que fiz um bom trabalho.

O que você pode destacar em relação ao seu primeiro mandato? Tive a oportunidade de ser vereador, procurei fazer meu trabalho sem agredir ninguém, e sim, levando meus ideais, acreditando nos projetos que apresentamos, acreditamos que eles seriam benéficos para a cidade. Tive a oportunidade de ser líder do governo na Câmara, adquirindo uma experiência enorme e mostrar aquilo que a gente fez na cidade. O Poder Legislativo é sim fiscalizador; é o seu principal papel. Mas no meu ponto de vista, o principal papel do vereador é proporcionar que essas obras aconteçam, porque, se o Legislativo quiser, através do seu voto e do seu poder, atrapalhar o progresso da cidade, ele pode. Sempre pautei meu trabalho nessas condições. Fiscalizar sim, mas não atrapalhar o progresso da cidade. E isso eu fiz, com muita honra e satisfação, fui líder de um governo que, no meu ponto de vista, marcou história na cidade de Araguari. Talvez não seja reconhecido neste momento, mas no futuro todos verão esse trabalho realizado pelo Executivo com o apoio do Legislativo.

O que você acha que foi determinante para aumentar seu eleitorado? Foi não fechar as portas do meu gabinete. Tem o “Paulo do Vale no seu Bairro”, que é um projeto que eu criei, onde conheci várias situações da cidade de Araguari, fui em todos os bairros, pude levar essas reinvindicações ao Poder Executivo e muitas delas foram atendidas. Visitei a zona rural, enfrentamos vários desafios. Não dá para citar uma coisa específica, foi um conjunto de várias situações. Não é porque fui eleito que me tranquei no gabinete não. Trabalhei os quatro anos do meu mandato ouvindo as pessoas; coloquei realmente a cara a tapa. Não posso esquecer dos nossos assessores, da nossa família, dos nossos colaboradores que nos ajudaram a chegar nessa votação.

Você conseguiu expandir sua base para além do bairro Goiás? Consegui. É o bairro onde eu moro, há mais de 20 anos, onde tenho minha residência fixa. Costumo dizer que para cobrar da casa do vizinho, você primeiro tem que cuidar da sua casa, então vários dos meus pedidos foram referentes ao bairro Goiás e muitos deles atendidos. Mas trabalhei para toda a cidade, porque o vereador deve fazer isso. Não sou vereador especificamente de um bairro, então procurei sim expandir meu eleitorado, mas minha base de apoio é o Goiás.

O que você fazia antes de entrar na política? Vim da zona rural, meus pais são da zona rural. Meu primeiro emprego foi na zona rural. Depois disso trabalhei em uma agência franqueada dos Correios que não existe mais. Qual era sua função? Lá a gente fazia de tudo um pouco. Mas meu primeiro emprego foi com a idade de 7 anos, meu pai me pagava para que eu lavasse os currais para ele. Trabalhei na agência, depois voltei para a zona rural, trabalhei 6 anos na Maguary como operador e depois fui assessorar o prefeito Raul Belém na eleição dele para vereador em 2008. Tenho o programa na Rádio Planalto, o Planalto Solidário, desde 2010.

Como foi o seu encontro com a política? Morei durante mais de 20 anos na Fazenda Cachoeirinha e lá era política 24 horas. Você respirava política. Vi muitas situações acontecendo em favor da cidade, em favor até mesmo do país, e pude assistir algumas decisões importantes envolvendo o saudoso Raul Belém. Eu era funcionário da fazenda, ele frequentava a casa dos meus pais, almoçava lá. Muitas coisas foram decididas na cozinha dos meus pais, porque o Raul tinha essa liberdade e vários políticos almoçaram na casa dos meus pais. Posso citar aqui o Odelmo Leão, que hoje foi eleito prefeito de Uberlândia, tem o Itamar Franco, que visitou a nossa casa, Wagner Nascimento, que foi prefeito de Uberaba, vários políticos. Acho que nasceu dali esse amor pela política. Sempre gostei de acompanhar os noticiários e tive a oportunidade de acompanhar a primeira atuação política do Raul, que foi em 2004, candidato a prefeito e dali para frente a gente sempre caminhou junto. Fui assessorá-lo em 2008 e desde então segui esse caminho.

A sua proximidade com o Raul é de longa data. Podemos dizer que somos como irmãos. Temos uma história de vida desde criança, é uma amizade que considero eterna, tenho uma gratidão enorme pela família Belém e pelo Raul, que me ensinou muito dentro da política.

E como foi encarar essa derrota dele das urnas? Olha, não é fácil, mas não acredito que seja uma derrota. Foi a vontade popular, o desejo por mudança. Acho que o Raul fez muito pela cidade de Araguari, ele teve um amor enorme pela cidade, fez o viaduto, que era uma promessa de longa data. Muitos criticam a saúde de Araguari, mas a saúde do país vai mal e aqui melhorou demais. Tenho certeza que o próximo grupo que fará o governo irá reconhecer isso, a gente sabe que a época de campanha tudo faz parte do jogo, mas a saúde melhorou bastante. Posso dizer que ela está organizada. Raul foi um prefeito corajoso e audacioso, que vai deixar uma cidade organizada para o próximo grupo político.

O que você espera do seu segundo mandato? Vou continuar trabalhando com a mesma determinação, visitarei todos os bairros com o meu gabinete móvel. Não pertenço a esse grupo político que irá assumir o próximo mandato, mas a gente respeita essa situação. Como vereador, vou continuar proporcionando melhorias para a cidade de Araguari. Fui eleito pelo povo e vou continuar trabalhando, com mais dificuldades, mas vamos sair vitoriosos. A pressão virá e estou preparado para isso. Mas uma coisa que sempre digo ao meu grupo de trabalho é falar a verdade para o povo araguarino. Aquilo que for viável de fazer, a gente fará e aquilo que não for a gente não vai enrolar e vai explicar porque não é possível. Vamos lutar até o fim para que as coisas aconteçam em nosso mandato.

Você tem a pretensão de assumir outros cargos no futuro? Irei me reunir com meu partido nos próximos meses; na eleição passada queriam me lançar candidato a deputado estadual. Vou me reunir com meu grupo político, com amigos e minha família. Muito provavelmente o PV terá um candidato a deputado nas próximas eleições. Não sei se serei eu, mas será alguém.

E a presidência da Câmara? Alguns vereadores manifestaram o interesse em ser presidente. Acho que todos tem condições. Não estou preocupado com a presidência da Câmara, vou refletir muito, analisar as propostas de cada candidato. Ainda não fui procurado por nenhum grupo para definir isso. Mas no momento vou descansar e pensar sobre a decisão a ser tomada.

Que mensagem você deixa para os araguarinos? Quero dizer que as pessoas podem contar com o vereador Paulo do Vale e que as pessoas acreditem na cidade de Araguari. Não deixem que a nossa cidade seja colocada para baixo. Nas últimas pesquisas que saíram a nossa cidade foi a melhor do Triângulo Mineiro. Para mim, a cidade onde vivo é a melhor. Que a população venha junto trabalhar conosco, que procure mais conhecer sobre as leis, pois só assim teremos uma cidade cada vez melhor.