Papo Quente
sex, 20 de novembro de 2015 08:12Na semana passada tivemos a notícia que a jovem Karina Moreno do curso de Veterinária postou nas redes sociais que amamentação é “coisa de pobre”, isto gerou indignação. Esta atitude da jovem repercutiu em todo Brasil e fez com que várias personalidades postassem fotos amamentando seus filhos… Diante deste fato relatarei algumas situações sobre a importância da amamentação para o bebê fortemente ligado a perda.
É fato que o ser humano tem imensas dificuldades em lidar com a perda, mas também reconhecemos que necessitamos perder para conseguirmos crescer… E por aí vamos… Amores, ilusões, dependências, expectativas, das quais nós temos de abrir mão para crescer…
Quando pensamos em perda, pensamos na morte das pessoas que amamos. Mas perda é muito mais abrangente em nossa vida…, pois nós perdemos, não só pela morte, mas também por abandonar e ser abandonado, por mudar e deixar coisas para trás e seguir nosso caminho… Nossas perdas incluem não apenas separações e partidas do nosso próprio eu jovem, o eu que se julgava para sempre imune às rugas, os que amamos, mas também a perda consciente ou inconsciente dos sonhos românticos, expectativas impossíveis ,ilusões de liberdade e poder, ilusões de segurança- e a perda do nosso próprio eu que se julgava pra sempre imune às rugas, invulnerável e imortal. São perdas de uma vida inteira. Essas perdas necessárias…
Enfim, começamos nossa vida com uma grande perda. Somos lançados para fora do útero sem um apartamento, cartão de crédito, um emprego ou um carro… Somos bebês que mamam, choram, se agarram indefesos. Bebês precisam de mães. Às vezes, advogados, donas-de-casa, pilotos, escritores e eletricistas também precisam de suas mães. A presença da mãe- da nossa mãe –representa segurança. O primeiro terror que conhecemos é o medo de perdê-la. Então, as crianças encontram na experiência da alimentação, um alívio para a fome e para outras tensões orais e que, com a repetição do ato de mamar e beber aos goles e da doce saciedade começam a equacionar satisfação com o contato humano… As conexões humanas são fundamentais para o ser… Somos programados para amar, desde o princípio… Nossa primeira paixão é pela mãe… é então que pela primeira vez nos apaixonamos…Esta simbiose, este afeto, este primeiro amor que temos pela nossa mãe deve nos propiciar reciprocidade e segurança para nos tornarmos adultos amorosos, confiantes e capazes de lidar com as perdas.
Na fase adulta, a amamentação então é mais que um alimento para o corpo do bebê e sim um alimento para a alma de um humano que deverá ir se distanciando aos poucos da primeira paixão que é a mãe com quem teremos laços eternos. Para ser um adulto confiante, firme e capaz de lidar com as perdas esta relação amorosa deve ser produtiva e prazerosa…, a perda nesta fase da vida poderá conviver conosco por toda nossa a existência… Então vamos amamentar nossos filhos sim e não quebrarmos esta conexão divina contribuindo assim com esta passagem de suas vidas com equilíbrio, segurança e lhe oferecendo o néctar dos deuses… o leite materno… E aquelas que por alguma razão não puderam amamentar seus filhos possam conseguir esta conexão de outras formas. Tudo é valido em nome do amor.
Fonte: Perdas Necessárias de Judith Viorst
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