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O que ninguém quer admitir sobre o Lollapalooza 2014

qua, 9 de abril de 2014 00:00

Abertura meio desligado
Nomes do rock alternativo se apresentaram dia 5, sábado e 6, domingo, no Festival Lollapalooza, levando 130 mil pessoas ao Autódromo de Interlagos, em São Paulo. Diferente do Rock In Rio, que fisga a multidão com nomes mais populares, o Lolla aposta na diversidade de bandas não tão conhecidas ou com menos fãs. Algumas até superam os headliners.

É difícil não concordar que a edição 2013 tinha mais solidez. Ou pelo menos, bandas que combinam mais com esse formato de show. Num só dia, por exemplo, contou com Queens Of Stone Age, Black Keys, Franz Ferdnand. Muito diferente de um Muse que vem no Brasil o tempo todo (dessa vez com o vocalista gripado e fazendo um cover de “Lithium” para homenagear o Kurt Cobain, me poupe), Imagine Dragons e Lorde, a vocalista do momento. O mínimo que se pode dizer deles é que seu trabalho se volta para o público teen.

Os dois palcos principais eram imensos e isso prejudica algumas bandas que soam melhor em espaços fechados. A não ser é claro, o Arcade Fire, cujo show fechou o festival. Eles são o “Slipknot do indie”, pelos muitos integrantes tocando instrumentos de percussão. O jornalismo cultural frouxo que predomina até em mídias respeitadas foi só amor para esse som derivativo de bandas dos anos 80 que o grupo faz. Cover de música brasileira e batucada não convence todo mundo.

O Nine Inch Nails foi um headliner ousado até para o Lolla. O eletrônico obscuro de Trent Reznor teve um público bem menor que o do Imagine Dragons, como esperado. Sem apostar em hits, provavelmente agradou os poucos fãs de verdade que estavam lá. Como dito anteriormente, o formato do festival não se encaixava bem com a proposta do NIN.

Quem leu o texto até agora deve estar se perguntando: “Cadê o Pixies, o New Order, o Soundgarden? Não vai falar nada deles? São os melhores!” Também acho. E como boa fã de Pixies que sou, tinha um arsenal pronto de elogios aqui, mas infelizmente não dá. O Frank Black parece cada dia mais cansado, as últimas músicas nem se comparam com as porradas do Doolittle (1989). Gente, não tem Kim Deal! Saudosistas que me perdoem, mas o New Order também não estava em boa forma. E nem o Soundgarden, um dos grandes do grunge. A voz rasgada de Chris Cornell já não é mais a mesma. Eles tocaram os hits, Cornell passeou um pouquinho em meio ao público. Falando nisso, fã brasileiro é assim meio carente, adora um carinho e acha essencial a banda se comunicar com eles em português.

Pode ser que o ponto de vista de alguém que acompanhou de longe, sem “aquela energia” de lá, não seja condizente com a realidade do Lollapalooza. Nem se compara mesmo. Mas por outro lado, ninguém que gasta dinheiro para prestigiar “o evento do ano” vai voltar admitindo que nem tudo foi maravilhoso.
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Jake Bugg

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Se pudesse escolher assistir a apenas uma das apresentações do festival, com certeza teria sido a do juvenil Jake Bugg. Manteve o jeitão blasé enquanto as menininhas se estrebuchavam na grade, mostrando que estava mesmo preocupado apenas com seu folk. Não ficou de conversinha e cumpriu o que se propôs a fazer. Cantou e tocou muito bem. Fez cover de “My, my, hey, hey”, do Neil Young e fechou com o hit “Lightning Bolt”.

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