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O que é Maio Amarelo?

sex, 16 de maio de 2014 00:00

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1- O que é Maio Amarelo?
O movimento intitulado “Maio Amarelo” foi criado com a intenção de chamar a atenção da sociedade sobre o alto índice de acidentes com mortes e feridos no trânsito de todo o país. O objetivo é mobilizar empresários, Governos, entidades diversas, sobre o tema e debatê-lo em toda sua amplitude. O Movimento MAIO AMARELO nasce com uma só proposta: chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito de todo o mundo. O objetivo do movimento é uma ação coordenada entre Poder Público e a sociedade civil. A intenção é colocar em pauta o tema segurança viária e, mais do que chamar a atenção da sociedade sobre os altos índices de mortes, feridos e sequelados permanentes no trânsito no país e no mundo, mobilizar o seu envolvimento e também dos órgãos de governos, empresas, entidades de classe, associações, federações, sociedade civil organizada para, fugindo das falácias cotidianas e costumeiras, efetivamente discutir o tema, engajar-se em ações e propagar o conhecimento, abordando toda a amplitude que o tema exige, nas mais diferentes esferas.

2-Qual é  a sua proposta?
Acompanhando o sucesso de outros movimentos, como o “Outubro Rosa” e “Novembro Azul”, os quais, respectivamente, tratam dos temas câncer de mama e próstata, o “MAIO AMARELO” estimula você a promover atividades voltadas a conscientização, ao amplo debate das responsabilidades e avaliação de riscos sobre o comportamento de cada cidadão, dentro de seus deslocamentos diários no trânsito de sua cidade e nas principais rodovias da sua região.

3-Qual o motivo do laço e da cor amarela?
É a vez de pintarmos o mês de maio de amarelo, que é a cor da advertência no trânsito e,  por isso, o seu símbolo não poderia ser diferente ao laço escolhido, na cor amarela, cuja simbologia em relação a conscientização no combate ao câncer de mama, de próstata (e a sua identificação precoce) e, até mesmo, ao vírus do HIV, está amplamente consolidada pela sociedade. A escolha propositada do laço como símbolo do Movimento vai ao encontro da necessidade da sociedade tratar os acidentes de trânsito como uma verdadeira epidemia e, consequentemente, acionar cada cidadão a adotar as cautelas e prudência hábeis a poupá-lo de ser uma vítima.

4-E qual motivo da escolha do mês de maio?
O mês de maio foi escolhido porque dia 11 de maio de 2011 a ONU decretou a Década de Ações para a Segurança no Trânsito, tornando-se um marco mundial para o balanço das ações educativas e preventivas que o mundo inteiro realiza.

Também é no mês de maio a Semana Mundial de Segurança do Pedestre, chamada de Semana Zenani Mandela, em referência à neta de Nelson Mandela, morta em um atropelamento aos 13 anos na África do Sul.

5-Qual o impacto dos acidentes de trânsito no mundo?
Os acidentes de trânsito são o primeiro responsável por mortes na faixa de 15 a 29 anos de idade, o segundo por morte na faixa de 5 a 14 anos e o terceiro  por morte na faixa de 30 a 44 anos. Atualmente, esses acidentes representam um custo de US$ 518 bilhões por ano, ou um percentual entre 1% e 3% do produto interno bruto de cada país.

Se nada for feito, a OMS estima que 1,9 milhão de pessoas deve morrer no trânsito em 2020 (passando para a quinta maior causa) e 2,4 milhões, em 2030. Nesse período, entre 20 milhões e 50 milhões de pessoas sobreviverão aos acidentes a cada ano com traumatismos e ferimentos. A intenção da ONU com a “Década de Ação para a Segurança no Trânsito” é poupar, por meio de planos nacionais, regionais e mundial, cinco milhões de vidas até 2020.

O Brasil aparece em quinto lugar entre os países recordistas em mortes no trânsito, precedido por Índia, China, EUA e Rússia e seguido por Irã, México, Indonésia, África do Sul e Egito. Juntas, essas dez nações são responsáveis por 62% das mortes por acidente no trânsito.

6-Quais são as recomendações que podem minimizar os impactos no corpo diante de um acidente?
Os cuidados para minimizar esse impacto no corpo podem começar antes de entrar no carro. A primeira dica para enfrentar o trânsito com a postura em dia é alongar os músculos do quadril, através da extensão da coxa.

Outra boa dica é fazer uma flexão de tronco, levando-o a frente. Assim você vai alongar um músculo que também vai encurtar na posição sentada, que são os posteriores da coxa.

A hora de entrar no carro também não pode ser de qualquer jeito; você deve deixaro apoio das duas pernas no solo, flexionar o joelho, e sentar-se. E a partir daí, com o apoio do quadril, você coloca a sua perna para dentro do carro.

Outra coisa importante é sentar sempre apoiado nos ossos ísquios, aqueles dois ossinhos do bumbum, sendo que um jeito bem fácil de a gente perceber esses ossos é numa cadeira. Apoie os seus dedos no seu glúteo. Chegue o tronco um pouquinho para frente e repare se dois ossinhos espetam seus dedos.

Um dos músculos mais importantes é o transverso, o mais profundo do abdômen, que fica na posição horizontal e serve como um estabilizador da lombar. Aí vem a dica para fortalecê-lo: você precisa ter a intenção de contrair a barriga, direcionando o umbigo para dentro da sua coluna, como se fosse uma contração, respirando naturalmente e mantendo a contração do umbigo para dentro.

Mais um músculo que precisa ser trabalhado para evitar lesões é o períneo, sendo o último de todos, que fica no assoalho pélvico e sustenta toda a ação da gravidade atmosférica e todos os órgãos. A contração dele é como se você tivesse querendo ir ao banheiro urinar e não pudesse naquele momento, então você precisa reter a urina.

7-Qual é a magnitude do problema representado pelos acidentes de trânsito em termos de morbidade e mortalidade em nosso País?
Nos pacientes jovens, com menos de 35 anos, os acidentes de trânsito e a violência urbana são as causas mais importantes de mortalidade. Especificamente, em se tratando da população masculina com menos de 35 anos, os acidentes de trânsito são a primeira causa de morte no Brasil inteiro. Embora não se tenha dados confiáveis a respeito, provavelmente eles sejam também a causa principal de morbidade, lesões e incapacidades graves nessa faixa etária.

 8-Entre os acidentes de trânsito, quais são os mais frequentes?
Apesar de o Brasil ser um país tão grande e com tantas estradas, os acidentes ocorrem com mais frequência dentro do perímetro urbano, nas ruas ou avenidas de alta velocidade. Em geral, são acidentes graves e os que trazem maiores problemas em termos de saúde. Em cidades como São Paulo, por exemplo, prevalecem os atropelamentos e os acidentes com motocicletas nos quais as vítimas costumam sofrer lesões muito sérias e até fatais.

A propósito, não se pode deixar de mencionar a questão do álcool, uma droga lícita responsável por grande parte dos acidentes. Todo o mundo acha que pode beber um pouco, pegar o automóvel e sair por aí e nossa sociedade é permissiva e complacente com as pessoas que dirigem embriagadas.
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9-Que perigo as motos representam no trânsito das cidades?
Nas regiões urbanas, em termos de vítimas graves ou fatais, acidentes com motos só perdem um pouco para os acidentes com pedestres. Se considerarmos o número de pessoas a pé e o número de motoqueiros, proporcionalmente as motos representam um problema maior na cidade de São Paulo. Basta observar como os motoboys dirigem entre os automóveis nos corredores de trânsito para se ter uma ideia do risco que correm. De um lado são jovens com menos de 20 anos submetidos a condições de trabalho absurdas que ganham por corrida que fazem e têm de cumprir prazos e horários rígidos. De outro, são jovens interessados num esporte radical que lhes libere muita adrenalina.

As autoridades de trânsito devem estar conscientes do problema, mas acredito que haja certa pressão para manter essa atividade profissional num país em que arranjar emprego é cada dia mais difícil. No entanto, as perdas humanas e os custos sociais são bastante altos. Em geral, as empresas não registram esses funcionários que trabalham como autônomos, não tem seguro saúde e vão parar nos hospitais públicos onde chegam a ficar internados por meses, às vezes, um ano inteiro, e de lá saem, em muitos casos, com sequelas permanentes. As empresas deveriam incluir no custo um seguro para os motoboys que sofressem um acidente. Além disso, é preciso tomar providências a fim de evitar que nossos jovens continuem morrendo por uma postura inadequada no trânsito.

10-Uma cidade como São Paulo talvez não dispense mais o trabalho dos motoqueiros que circulam feito formigas em alta velocidade pelos corredores de trânsito. Suas atitudes são temerárias e parece que não contam com a possibilidade de um imprevisto. Que tipo de lesões eles sofrem com mais frequência?
As pernas costumam ser a região mais comprometida nos acidentes de moto, principalmente a tíbia, osso muito exposto e desprotegido. Não importa como tenha ocorrido o acidente, o motoqueiro sempre cai da moto. Muitas vezes é lançado longe e sofre lesões graves com perda de pele que infeccionam e demandam longo tempo de tratamento ou até mesmo a amputação do membro.

Na verdade, num país sem campos minados nem guerras, estamos criando uma geração de indivíduos que perderam a perna em acidentes de moto ou que tiveram que amputá-la como consequência desses acidentes.

Em segundo lugar, vêm os traumatismos da face e do crânio, em geral traumas mistos também com lesões graves. A propósito, é importante observar que alguns trabalhos de campo com motoqueiros mostram que as condições do capacete que usam deixam muito a desejar. Os protetores estão vencidos ou foram retirados, a mentoneira está quebrada ou não existe, e os capacetes servem, quando muito, para esquentar a cabeça e enganar a fiscalização. Quando arremessados da moto, os motoboys batem a cabeça que é pesada e está mal protegida e sofrem traumas de crânio de difícil e lenta recuperação. Eles ficam em coma durante muito tempo e nunca se sabe como será sua recuperação.

Em terceiro lugar, estão as lesões dos braços e do plexobraquial, nervos que enervam os membros superiores. Os motoqueiros podem sofrer trações violentas provocadas por movimentos bruscos da coluna cervical em relação ao tronco e que resultam em estiramento ou ruptura. O plexobraquial é arrancado na região da medula na altura da coluna cervical, o que resulta em paralisia do membro afetado. Às vezes, essas lesões são graves e nenhuma microcirurgia consegue reparar o dano e fazer o paciente recuperar os movimentos.

Por fim, vêm os acidentes que lesam tronco e coluna. Quando o motoqueiro está em velocidade e bate em alguma coisa ou se depara com um obstáculo, é lançado longe, porque a energia acumulada na moto é transferida para seu organismo. Dessa forma, tanto motoqueiros quanto pedestres recebem um impacto sem nenhum tipo de proteção o que explica a gravidade das lesões sofridas por esses indivíduos. Nos automóveis, o ocupante que usa o cinto de três pontas está muito mais protegido do que aquele que não o utiliza.

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