O fim do Orkut
qua, 1 de outubro de 2014 00:28
A rede social que impulsionou a inclusão social de milhões de brasileiros chegou ao fim ontem, depois de 10 anos. O Orkut era bem popular por aqui lá pelos idos de 2008, quando chegou a ter 40 milhões de usuários. Foi nessa época que começaram a pipocar lan houses por todo canto. Com a debandada em massa para o Facebook, que oferecia mais recursos e possibilidades, o Orkut se tornou motivo de piada.
Sim, nós fomos uns ingratos. Pensando bem, lá o ambiente era mais feliz. As discussões do Orkut aconteciam em comunidades e não existia essa mendicância por curtidas. Ninguém ficava polemizando tudo o tempo todo como acontece hoje em dia no Face, principalmente porque as pessoas recebem uma notificação de que o outro respondeu e aí a discussão não acaba nunca. Ninguém enchia sua timeline de porcaria e selfies, enfim, puro ego. Quem teve o Orkut com certeza se lembra dessas coisas aqui:
Comunidades – Tinha comunidade de tudo, tudo mesmo. Algumas eram úteis, com links para baixar músicas, filmes e séries. Outras nem tanto. A mais popular era “Eu Odeio Acordar Cedo”, com mais de 6 milhões de membros, exemplifica bem isso. Outras eram ainda mais óbvias, como “Eu amo a minha mãe” e “Eu gosto de lasanha”. Outras eram para ser engraçadinhas – “Não se faz amigos bebendo leite”, “Onde é a casa da mãe Joana?” “Vão me deixar no altar”, “Queria sorvete, mas era feijão”. A escolha das comunidades era uma forma de revelar a própria personalidade (ou boçalidade). No começo todo mundo adicionava um monte delas, mas com o tempo ter muitas comunidades adicionadas era contra a “etiqueta” da rede social. Algo parecido aconteceu com a função “cutucar” do Face.
Depoimentos – Uma espécie de recado elogioso que se escrevia para um amigo, mas usuários costumavam conversar por depoimento. Quem recebia tinha a opção de excluir ou aceitar. Se o depoimento era aceito, as informações passavam a ser públicas no perfil. Alguns até escreviam um “NÃO ACEITA” antes do conteúdo (comprometedor em muitos casos), mas nem sempre o alerta era suficiente para impedir a tragédia…
Buddy Poke – O aplicativo permitia aos usuários criarem bonecos em 3D com a aparência e humor desejados. Eles podiam interagir com os bonecos de outros usuários, dando beijos, abraços, tocando guitarra, passeando de bike…
Espionagem – No Orkut, era possível saber os nomes de quem acessava seu perfil. No Facebook, não. De quebra, ainda dava para colocar o perfil no “oculto” e acessar perfis alheios sem que o dono soubesse. Porém, era uma via de mão dupla, porque não era possível visualizar quem acessava o seu perfil.
Miguxês – O “miguxês”, língua derivada de “miguxo”, que por sua vez é a forma reduzida de “amiguxo” era o idioma dos emos, muito populares dos tempos de Orkut. Era a arte de enfeitar ao máximo a frase. Algo simples como um, “Gosto muito de você, nossa amizade é muito importante para mim” virava “GoOoxxToO mUiTchOO Di voOouxÊ mmeeeU miGuxoo, Taah nOoh CooLaXãaaoZinHoo s2”.
Recados animados – Era de doer. Sempre tinha algum amigo que colocava no seu mural de recados aqueles cartões virtuais com ursinhos, frases motivadoras e muito, muito glitter. Que ainda por cima piscavam. O Orkut foi muito zoado por isso depois de ser abandonado, mas adivinhem só o que está aparecendo no Facebook?
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