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O dia em que o futebol tomou as ruas de Uberlândia

qui, 3 de abril de 2014 17:00
Abertura Ficha TécnicaHá 30 anos, a cidade mobilizava para a
maior conquista dentro dos gramados

No dia 28 de março de 1984, quase 22 mil torcedores se dirigiram ao estádio Parque do Sabiá. O motivo era a decisão da Taça CBF, equivalente a segunda divisão do futebol nacional na época. Com renda de 22.249,500,00 cruzeiros, a primeira partida da final reunia o Uberlândia Esporte Clube e o Remo, de Belém do Pará.

Era o prefácio de uma página inesquecível na memória do esporte local. O jogo terminou com o placar de 1 a 0 a favor dos anfitriões, que embarcaram para Belém com a missão de sentenciar o título.

Uberlândia E.C., campeão da Taça CBF

Uberlândia E.C., campeão da Taça CBF. Foto: Divulgação/UEC

 

Conduzido pelo ex-técnico Vicente Lage, o time de Zecão (atual treinador), Chiquinho, Geraldo Touro, Maurinho e companhia, encarou a equipe do Remo, que não poupou pressão aos visitantes. Apesar das dificuldades, o Uberlândia segurou o empate e, o dia 1º de abril ficou eternizado com a lembrança da principal conquista de sua história.

Trinta anos depois, os personagens daquele episódio se reúnem em Uberlândia. Integrantes da comissão técnica, funcionários e ex-jogadores foram agraciados nesta terça-feira, 1º, com uma homenagem do governo municipal. Na ocasião, o elenco campeão recebeu um certificado, sob a imagem da Taça de Prata, exibida no local.

Na atual temporada, o Verdão disputa o acesso à primeira divisão do Campeonato Mineiro. Após o confronto direto diante do Democrata nesta quarta-feira, 2, a equipe tem um novo desafio frente ao Social, no próximo sábado.  O confronto ocorre a partir das 16 horas, no Parque do Sabiá.

Campeões recebem homenagem do Governo Municipal. Foto: Divulgação

Campeões recebem homenagem do Governo Municipal. Foto: Divulgação

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PANO DE FUNDO:
O perigo da Copa do Mundo retorna ao país de origem

“Os arquivos estão sendo abertos, a memória recuperada, a verdade construída. Para que nunca mais donos do poder digam que nada tinha a ver com o genocídio de tanta gente. Para que, enfim, seja possível pavimentar a estrada que leva ao nunca. NUNCA MAIS!” (Lúcio de Castro).

Pelé e Médici antes da Copa de 1974, na Alemanha

Pelé e Médici antes da Copa de 1974, na Alemanha

Durante 21 anos, o regime militar povoou sobre o território brasileiro. Com rastros de sangue e a sombra da repressão, até a maior paixão nacional servia para promover o governo. Entre a fiscalização contundente e o controle ditatorial, o futebol nada mais era que um estandarte do sistema.

Confederações dominadas, clubes subordinados. Nem a seleção brasileira não era poupada. De acordo com um documento do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), em 1970, Pelé chegou a se comprometer em defender a ditadura, caso o regime julgasse conveniente. Na época, o Rei do Futebol negou a assinatura de um manifesto contra o governo Médici, que matava e torturava sob a fantasia de um “milagre econômico” e campanhas ufanistas como “Brasil: ame-o ou deixe-o”.

Naquele ano, a Copa do Mundo também revelou a influência do sistema. Após a demissão do técnico esquerdista João Saldanha nos momentos que antecediam a competição, a delegação do Brasil tinha a companhia de Roberto Câmara Guaranys, torturador do regime.

A seleção acabou faturando o tricampeonato mundial e a conquista só não virou campanha eleitoral. Era o maior pano de fundo que o Estado precisava. As deficiências do sistema e as necessidades da população ficavam em segundo plano. Quase 44 anos depois, a mesma situação pode ser protagonizada. Desta vez, em plena “democracia”, mais parecida como ditadura cultural.
vinheta pj

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