“Não há mais rock no Brasil”
qua, 19 de março de 2014 09:01Essa afirmação pode até parecer coisa de gente mais velha, tipo um “no meu tempo que era bom”. Mas infelizmente é difícil discordar do jornalista Ricardo Alexandre, que defende isso no livro Cheguei bem a tempo de ver o palco desabar (50 causos e memórias do rock brasileiro [1993-2008]). Ele trabalhou em mídias como a Bizz, Revista da MTV, Carta Capital, Folha de S. Paulo e aborda, além de memórias, como o rock foi perdendo espaço entre a juventude e as causas disso.
O que surgiu de tão forte no país depois de Raimundos, Los Hermanos, Mamonas Assassinas e do movimento manguebeat com seu Chico Science? Para o jornalista, essa separação entre público e o rock foi de comum acordo, por volta da metade dos anos 90. Mesmo bandas do cenário undreground que ele avalia ter potencial, não possuem uma veia pop suficientemente forte para conseguir um hit. O lado diversão do rock “foi devidamente retomado pelos ritmos nacionais, sertanejo, forró, arrocha, tecnobrega – brasileiríssimos e globalíssimos. E o que havia de contestação, pelo rap e pelo funk, idem”.
Também sobrou para o jornalismo cultural. Ricardo Alexandre aponta que os críticos fazem análises cada vez mais superficiais e longe da função de “criadores de mitos”. “Talvez estejamos vivendo uma geração cínica, sem o romantismo necessário para inspirar gente talentosa.”
Sem dúvida, a produção musical mudou bastante. Se por um lado as gravadoras deixaram de ser o único caminho para as bandas almejarem algum futuro na música, por outro, as pessoas passaram a fazer música “miojo” em casa, de forma instantânea, sem qualquer autocrítica, menosprezando o trabalho de produção. Falta inspiração, falta suor.
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Imperdível!
Show gratuito do cantor e compositor Alceu Valença, dia 27 de março, às 19h30, no Uberlândia Shopping. Justamente ele, que apareceu recentemente na nossa Discoteca Básica da MPB. Parece que o show faz parte da turnê do novo disco, “Amigo da Arte”, que reúne frevo, maracatu, ciranda e outros ritmos litorâneos. Diferentes artistas como o pessoal do Los Hermanos que odeiam “Ana Júlia” porque virou um hit, Alceu sempre toca “Morena Tropical”, “Anunciação”, “Cavalo-de-Pau”, aquela da onça pintada…
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DISCOTECA BÁSICA DA MPB
TIM MAIA (1970): TIM MAIA: Depois de passar um tempo morando nos Estados Unidos, o jovem Tim Maia trouxe de lá o soul para misturar com rock e ritmos brasileiros, fazendo esse belíssimo disco, rico em melodias e arranjos, com sua voz descomunal, o primeiro gravado em estúdio. Algumas canções são mais alto astral; outras mais lentas, mas é um daqueles álbuns que raramente se consegue ouvir sem pular nenhuma faixa. Fazem parte dele os hits “Primavera (Vai Chuva)” e “Azul da Cor do Mar”, um emocionante desabafo de Tim.
OUÇA TAMBÉM: “Jurema”, “Padre Cícero”, Cristina nº 2
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O país padece de uma epidemia do que há de pior em termos musicais; um amálgama de letras sem sentido e ritmos deprimentes, inexplicavelmente denominado “sertanejo universitário” que nem é sertanejo como deve ter faltando à maioria das aulas, especialmente de literatura.
A gente espera a passagem desse tempo ruim, pra ouvir de novo o que a música brasileira pode e sabe produzir de melhor.