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Mona Lisa

qua, 25 de novembro de 2015 08:21

Diomar Freire

Formado em Filosofia

Na minha adolescência , quando estudava no colégio interno, tinha prova oral que era mais difícil do que a escrita.  Três perguntas que me foram feitas naquela época até hoje delas não me esqueci. A primeira cursava o primário, o padre me perguntou qual o feminino de pão. Respondi: rosca. Fiquei uma semana sem comer pão no café da manhã para não fazer mais anarquia na classe. Pão não tem feminino e eu sabia. Anos depois o professor me perguntou uma questão literária, que interpretasse o pensamento do escritor francês Anatole France: “ganharia, em Atenas, um prêmio quem primeiro conseguisse ver o raio do Sol nascente”. Todos, menos um ateniense, se postaram nas elevações mais altas voltadas para o levante. Respondi: não sei. Venceu o que, no morro mais alto, se voltou para o poente. Foi quem viu, refletida no céu, a tênue luz do crepúsculo matutino. Muitos anos depois, na faculdade de filosofia, lendo as obras do referido escritor, compreendi o sentido sociológico da pergunta.

Ele quis dizer, em resumo, quem quiser avaliar o destino de um povo procura conhecer o seu passado. Cito de memória não ipsi literis, mas o sentido é esse. A última foi sobre as obras de arte da Renascença. Fazia o último ano de filosofia com os jesuítas. O professor me perguntou qual o sorriso mais belo e famoso do mundo? Eu me levantei e seguro da minha convicção disse: Mona Lisa. E expliquei: é  um sorriso fechado, que esconde os dentes, sem alterar a fisionomia do rosto. É um sorriso sem rir. É um sorriso que traduz afetividade e também um sorriso de sedução, como se fosse um convite para o amor. O seu olhar é manso e provocante. Surgiram, também, várias teses e especulações sobre a obra prima de Da Vinci, desde a hipótese da modelo estar grávida, e têm todas as aparências, inclusive os braços cruzados, escondendo a gravidez.

Quando olhamos para as telas dos grandes pintores  da Renascença: Leonardo Da Vinci, Miguel Ângelo, Velásquez, El Greco, Rafael, Ticiano e Rembrandt, dá para  perceber que eles quiseram dizer isto nas suas obras: eu senti, exprimi e realizei. Era o verbo que eles usavam para expressar o seu pensamento. Naquela época o meio de comunicação para expressar a vontade, era a palavra. Falar pelos romances, falar pela poesia, falar pelas estátuas, falar pela dramaturgia, falar pela pintura. E Da Vinci falou pelo sorriso da mulher que se imortalizou  com a mais famosa do mundo: Mona Lisa.

O padre Schutz, austríaco, professor de filosofia, de rara cultura, gostou da minha explicação e fez elogios imerecidos e me presenteou com o livro de memórias “As Grandes Amizades” de Räissa Maritain, esposa do filósofo católico Jacques Maritain  com uma linda dedicatória. É a joia preciosa da minha biblioteca.

Da Vinci, o sábio florentino foi um gênio universal. Foi filósofo, engenheiro, arquiteto e físico. O Louvre possui três grandes pinturas dele. Mona Lisa, ( é  a obra mais visitada no museu); Madoma dos Rochedos, a Virgem com o Menino Jesus, de Stª Ana. Grande parte da obra do artista se perdeu.

“A Verdade, a Grande Verdade” de Danton, é que  Mona Lisa possui o sorriso e a doçura da mulher mais amada, cobiçada e valorizada que passou pela humanidade.

 

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