“São a mesma juventude que vai sempre, sempre, matar amanhã o velhote inimigo que morreu ontem! Vocês não estão entendendo nada, nada, nada, absolutamente nada!”. Acho profética a citação de Caetano no Festival da Canção de 68. Transcende o tempo e até o contexto em que foi dita.

 

Estava decidida a não tocar nesse assunto. Então li um texto escrito por um tal de Leandro Fortes, intitulado “Marcha dos Hipócritas”. Ele diz que quem vai as ruas odeia pobres, é racista,  homofóbico, alienado, se juntou a nazistas e fascistas na manifestação, é hipócrita porque votou no Aécio e só sabe odiar os outros.

Esse grupo de pessoas que acusa os manifestantes “coxinhas” de tudo isso que você leu acima é o mesmo grupo que, minutos depois, reclama da intolerância e do discurso de ódio. Mas todos esses ataques de Leandro Fortes são em sua essência um discurso de ódio, o verdadeiro discurso de ódio.

 

Aqueles que criticam a manifestação são os mesmos que reclamam da Lava Jato “porque Dirceu e Vaccari foram sem provas”, mas que aplaudem acusações a Eduardo Cunha. Sem provas! Que ignoram a vontade popular quando ela é favorável a redução da maioridade penal, ao porte de armas e a tudo aquilo que joga por terra as frágeis suposições criadas por eles em torno da ideia de “povo”.

Eles acusam o FHC de vender o país, mas não se importam com as privatizações das estradas, aeroportos, da Petrobrás, do pré-sal. Não se importam se os funcionários dos Correios vão ter que pagar mais para garantir a própria pensão porque o governo pegou o dinheiro deles para investir no Eike Batista. Legal, né?

Não se importam se o Estado ajuda a criar monopólios com os empréstimos do BNDES, se a Dilma mentiu na campanha, se os bancos nunca lucraram como agora. Não se importam com o desemprego. Não se importam se o Lula acha bonito falar mal do Brasil no exterior e inventar números sobre a miséria (Aqui está a prova: www.youtube.com/watch?v=kY1MUqgykdE).

Entre os eleitores de Dilma Rousseff, tem um grupo que acha que ser preso na ditadura concede não só a santidade, mas também algum tipo de inteligência suprema. Dilma é infalível. Not! As trapalhadas e gafes diárias mostram justamente o contrário. Uma mulher que usa a grosseria para cobrir sua incapacidade e fragilidade. Coitadinha, colocada às pressas para disputar a presidência apenas porque isso dava uma boa publicidade para o partido.

 

A corrupção incomoda. Mas a incompetência incomoda muito mais. Juntas, esfacelam nossa nação. Por isso fui até a praça Getúlio Vargas no domingo. Para me reunir com outras pessoas que também estão vendo a chegada de tempos difíceis. Para fazer um apelo a sociedade.

Mas não pensem que sou arrogante ou prepotente enquanto reflito sobre estas palavras do Caetano. O que sinto é tristeza, desalento. Penso que talvez nem a realidade seja capaz de fazê-los enxergar. São como os vizinhos e colegas de trabalho de Winston Smith, comemorando porque o partido aumentou a ração de chocolate de ‘25 para 20 g semanais’. Vocês não estão entendendo nada.