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Meio Desligado – O Homem nas Trevas, criminalidade e vitimismo

qua, 12 de outubro de 2016 05:13

meio desligado

Assisti recentemente o thirller “O Homem nas Trevas”, do diretor uruguaio Fede Alvarez, apadrinhado por Sam Raimi. No original, “Don’t Breathe” começa com três jovens delinquentes em um subúrbio de Detroit, cometendo pequenas contravenções até se depararem com a possibilidade de roubar um senhor cego, que recebeu uma gorda indenização após sua filha ter morrido em um atropelamento. No entanto, as coisas não são tão fáceis quanto parecem.

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Apesar de ser um filme regular, bem conduzido e com uma fotografia bacana, o que me chamou atenção na trama foi a maneira com que os jovens encaravam a prática de roubo e a maneira com que o filme sutilmente retira a responsabilidade deles pelo que estão fazendo. E isso me fez refletir sobre a forma como a criminalidade é tratada no Brasil.

A “mocinha” tinha o comportamento criminoso justificado pela origem pobre, e ainda mais, a nobre vontade de usar o dinheiro do roubo para começar a vida em uma nova cidade e longe do lar abusivo, levando com ela a irmãzinha. O outro, filho de um vigilante, se encarregava de pegar as chaves reservas das casas na vizinhança, abrindo assim as residências para que ele e os amigos cometessem os furtos. O “mocinho” tenta inicialmente recuar quando confrontado sobre o roubo na casa do cego, mas acaba cedendo, porque é apaixonado pela jovem. O terceiro é o “mau”, namorado da mocinha, com o típico comportamento criminoso e malandro.

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Logo no começo do filme, os três jovens são apresentados roubando pertences de alguma casa, como joias, relógios e notebooks. Depois, esses objetos são levados para um receptador, que, obviamente, paga bem pouco.

Mesmo não sendo tão lucrativo, o “mocinho” afirma que eles cometem esse tipo de delito porque, de acordo com a lei, quando o roubo não é a mão armada, não envolve dinheiro e objetos num valor abaixo de 10 mil dólares, a pena é mais branda.

Depois de entrarem na casa do cego, aparentemente um alvo fácil, o bom moço da turma repreende o colega por ter trazido uma arma, argumentando que roubo à mão armada daria 20 anos de cadeia e ainda por cima o direito de legítima defesa ao proprietário da casa, que poderia atirar neles.

Essas duas situações demonstram claramente que a certeza da punibilidade é forte, e por isso, a necessidade de precaução. Há também o medo da pena. São 20 anos, e isso é muita coisa. E por último, a oportunidade da vítima se defender se o direito de propriedade e da sua própria vida estiver em risco.

No Brasil, a lei para roubo à mão armada é extremamente benevolente com os assaltantes. Se esse filme se passasse no Brasil, com certeza os três entrariam na casa do cego, cada um com uma arma, poderiam até mesmo matar o dono da casa, certos de que sairiam impunes. Ou se, na pior das hipóteses, fossem presos, não passariam mais do que 5 anos presos, com todas as reduções de pena e privilégios que a lei oferece.

A lógica (ou falta de) dos esquerdistas é de que crimes como estupro e violência contra a mulher tenham pena mais dura. Que as leis contra álcool e direção sejam mais duras. No entanto, quando o assunto é tornar a pena de assaltantes mais dura, o que se vê são evasivas para minimizar a responsabilidade do criminoso. E quando o assunto é o direito a posse de arma, que é a possibilidade de ter uma arma em casa (diferente de porte), não há diálogo.

O sujeito que tem a audácia de cometer um assalto com uma arma de fogo, colocando em risco a vida de pais de família, de crianças, de seres humanos, deveria ficar preso sim, por muito tempo. Isso não pode ser aceitável em uma sociedade. No Brasil, preocupa-se mais com o bem estar do assaltante vagabundo do que com o sofrimento de famílias, que perdem entes queridos por um motivo tal vil que nem consigo achar palavras para descrever.

Temos que parar com essa conversa fiada de que torna-se bandido por falta de oportunidade. Afirmar isso implica em dizer que todas as pessoas pobres e sem oportunidade do mundo são criminosas ou que elas tem uma espécie de aval para ser, que não possuem escolha. É quase que igualar os mais pobres a semianimais, que não tem escolha, individualidade, caráter e personalidade. Esse é um dos maiores pecados da esquerda. Falar em nome dos pobres, sem ao menos conhece-los, sem sequer respeitá-los.

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