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Meio Desligado – My Generation

qua, 29 de novembro de 2017 05:46

meio desligado

Dizem que minha geração é inferior as outras porque a juventude não é mais subversiva. Não tem nada a ver com a “minha geração“ que o The Who cantava nos anos 60, que queria morrer antes de ficar velha e não se importava em ter algum sentido. E por que deveríamos ser subversivos?

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O rock, o punk, o protesto, eram muito mais a expressão do próprio artista afetado por algum problema do mundo real. Nosso único problema externo é quando a internet cai ou o computador dá algum problema. Não há poesia nisso. Os dilemas internos continuam os mesmos, talvez até piores. O que significa longe, perto, distância, saudade? Não sabemos mais. As palavras têm seus significados, mas a forma como sentimos isso pode ter mudado. É o exemplo clichê da pessoa que está ao seu lado, mas enquanto mexe no celular, te ignora. Ou alguém que está em outro país, mas você pode falar com e ela e vê-la todos os dias, por um bom período de tempo. Ela está perto ou longe?

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A primeira Meio Desligado anunciava o fim do rock, mas naquela época, o artigo ainda trazia uma pontinha de esperança. Hoje vemos que ele acabou mesmo, e foi sepultado por um revival de anos 70. O mundo não precisa mais de cópias mal feitas do Led Zeppelin. E assim, ganha espaço um tipo de rap melancólico dos “sad boys”. As letras parecem um pouco Charlie Brown Jr, com aquele discurso de “vou levar essa mina daqui, eu sou foda com meu skate e meu baseado”.

Hoje nós sabemos como eram os jovens de 50, 60,70 anos atrás. Acho que antes fazia mais sentido só tentar ser diferente dos “caretas” que vieram antes de você. Mas quando você não quer bancar o doidão e nem se importa em querer superar quem veio antes, isso leva a alguns como eu pensarem que nasceram na época errada.  Mas acho que se a gente para pensar, tem muitos prós e contras sobre ter nascido numa época em que existiam algumas dificuldades, mas que por ser romantizada em nossas cabeças, seria melhor. “Eu queria ter vivido nos anos 80, eles pareciam tão felizes e coloridos”. Mas como não dá para voltar no tempo, esse pensamento parece um pouco imbecil.

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Às vezes parece que o mundo real ficou mais hostil ou talvez a minha geração seja molenga. Apesar de aparentar ser mais seguro, existe um novo mundo real na internet que é uma verdadeira piração se você parar para pensar. Maior do que qualquer onda de LSD ou chá de cogumelo. São novas modas, novas poses… as poses Tumbrl

Um amigo meu, Vinicius Pena, disse certa vez que a “internet é o grande confessionário da modernidade. Onde todos os desejos e frustrações são lançados.” A criação tem muito a ver com solidão, e talvez esse contato imediato e interminável com os outros tenha mudado completamente a maneira como nos relacionamos e enxergamos o mundo, mas ainda não apareceu ninguém que nos ajude a entender isso, e talvez nem apareça.

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