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Meio Desligado – MPB, a Música da Panelinha Brasileira

qua, 30 de agosto de 2017 05:16

meio desligado

No meio da comunicação, volta e meia vejo mais exemplos de que um bom network faz milagres. Quando digo milagre, é milagre mesmo. Gente visivelmente despreparada para determinada função, ou mesmo o contrário, ótimas pessoas sem o devido reconhecimento porque não tem uma “boa rede” amigos ou contatos profissionais. Estava desconfiada de que essa métrica afetava também outros meios. Tive mais uma prova disso ao assistir a excelente entrevista do Lobão para o Danilo Gentili, que foi ao ar no dia 8 de agosto.

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Lobão foi, nas palavras dele, “ejaculado” de histórias da música brasileira (ele cita como exemplo o filme do Cazuza, de quem era amigo pessoal e sequer foi mencionado na história) simplesmente por não concordar com a postura de determinados artistas e por não participar de determinados círculos. Claro que essa questão do network não é tão genial e muito menos nova. Duchamp nos mostrou a importância das galerias de arte para determinar o que é arte. Se está dentro, é. Se está fora, não é.  Mas minha atenção se voltou para as consequências disso e o quanto isso pode afetar as relações sociais, sem que a gente se dê conta.

O que dizer então do cenário musical nacional? Tudo aquilo que não pede benção para a “Máfia do Dendê” é desconsiderado ou reduzido. Essa turma de Gilberto Gil, Caetano e companhia que a galera até hoje está endeusando chegou a participar de uma passeata contra a guitarra elétrica, que seria um instrumento “capitalista”, corruptor da cultura popular. Que cultura popular? A que eles inventaram, é claro. Lobão falou sobre a Ópera do Malandro, o quanto ela é em si contraditória. Faz sentido, ora, se o protagonista fosse mesmo malandro não teria sido preso. Aí temos a exaltação e a glamour por bandidos, algo mais antigo que Racionais.

Tem um troço mais supervalorizado na música brasileira do que Chico Buarque? Não chega a ser ruim, mas também está longe de ser genial. E assim as panelinhas vão dando destaque para uns e renegando outros. Um exemplo de cara renegado é o Alceu Valença. Talentosíssimo, letras e canções lindas, mas que passa totalmente alheio a essas articulações aí.

Toda música atual tem que ter essa pegada MPB, esse jeitinhinho humilde, sandália de couro etc. Quando não é esse padrãozinho de MPB, é a psicodelia desconstruídx lisérgica de Mutantes, Tom Zé. Ou então é post-punk (ou seja, o pós do pós punk). Tudo vindo desse caldeirão aí. Será que veio mesmo ou só sabemos porque outra coisa que não seja isso passa completamente batida? Estou na dúvida.

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Ainda espero ver alguns corajosos rompendo com a Máfia do Dendê, descobrindo a nossa música pelos próprios olhos e com os próprios crivos. Espero ver nascer uma música diferente, que fale desse sentimento de que fomos enganados por quem dizia ser a revolução, mas que assim como o porquinho orwelliano, está a andar sobre duas patas. Não temos que pedir bença pra ninguém não!

Circuito Festival Timbre – Araguari

Galera toda marcou presença no clube Pica-Pau Country para esse show, uma espécie de esquenta para o 4º Festival Timbre, que será nos dias 6 e 7 de outubro em Uberlândia. Assisti as bandas Capela (SP), MandalaH (Araguari) e Goma (Araguari). A estrutura e a organização estão de parabéns, assim como as bandas. Som bacana e agradável para o clima de entardecer e comecinho de noite. Ponto negativo para o bar do clube. O sistema de adquirir cartões é confuso e gera demora na hora dos atendentes lançarem o pedido no computador.

1 Comentário

  1. Edvaldo Roberto da Silva disse:

    Parabéns pela publicação.Sou músico tbm,nota-se que o que os ignorantes do cenário da história da musica nacional
    chamam de sucesso é apenas aquilo que toca na caixinha do projac.

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