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Meio Desligado – Hillary X Trump: a crise de credibilidade da mídia

qua, 25 de outubro de 2017 05:04

meio desligado

“Há um ano, o New York Times fazia sua grande previsão eleitoral para 2016: Hillary Clinton tinha 93% de chance de vencer as eleições, segundo o jornal nova-iorquino. O jornal, que até hoje é viciosamente contra Donald Trump, não parece ter conseguido separar sua torcida de sua campanha, e ambas de sua suposta ‘análise’.

A despeito de ser uma das únicas fontes da mídia brasileira quando se trata de política americana, o New York Times é tão desacreditado pelos americanos que o jornal quase faliu. Os dois últimos andares do seu prédio são ocupados pelo Snapchat, e os dois primeiros são ocupados pela Kushner Companies, de Jared Kushner, ironicamente genro extraordinário de Donald Trump.

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Em uma crise de confiança, e inclusive financeira, o atual CEO do New York Times, Arthur Gregg Sulzberger, deu uma entrevista de capa à revista Wired tão logo Trump foi eleito, com o curioso título The news in crisis. A culpa da crise, obviamente, era de supostas fake news que não afetaram em nada os valores, opiniões e crenças americanas, e uma suposta “pós-verdade”, que só existe para editores de mídia desculparem seus erros.

Para salvar o New York Times que fracassava em vendas, Sulzberger explicava que apostava em assinantes, que aumentavam em resposta a Trump. Ou seja, importa mais fazer uma militância de esquerda do que oferecer notícias com credibilidade que vendam.

É a turma do New York Times que quer acusar a mídia independente de fake news, e dizer que Trump foi eleito por uma “pós-verdade”, só porque a verdade e o New York Times parecem estar de mal há muito tempo. E quase tão somente o jornal dos 93% de chance de Hillary que é citado como “fonte confiável” pela mídia brasileira.

Em tempo: nós, da mídia independente, acertamos 48 dos 50 estados, inclusive apontando que Trump decidiria as eleições na Pensilvânia, como fez nosso analista e sub-editor Filipe Martins.”

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Este é um trecho do texto “Há um ano, New York Times previa 93% de chance de vitória de Hillary Clinton” de Flavio Morgenstern, postado no site Senso Incomum. Essa análise sobre o declínio de um dos principais jornais do mundo também serve de reflexo para os veículos de comunicação brasileiros. Vide Folha de São Paulo. Pelo menos uma vez por semana sou bombardeada com alguma manchete tendenciosa.

Quando Dória assumiu a prefeitura de SP, cada dia era um motivo mais imbecil que o outro para criticá-lo. Esses dias vi um “Game Of Thrones” da polícia nacional, com MBL e Temer. Parecia ter sido algo vindo de um youtuber, de uma página de humor feita por adolescentes e não de um dos maiores jornais do país. Chegamos ao ponto em que mídias independentes, como o Senso Incomum, oferecem mais informações confiáveis do que as tradicionais gigantes.

Não sei se nós, jornalistas de hoje em dia, somos mesmo um bando de incompetentes se comparados a grandes do passado, se a revolução virtual interferiu de forma negativa nos métodos tradicionais, no rigor da apuração de fontes, ou simplesmente chegamos ao ponto de não conseguir mais discernir convicções pessoais dos fatos.

Me lembro bem que, na época, não via com tanta incredulidade a vitória de Trump. Não por questão de ser ou não simpática a ele, mas por entender que ele estava indo totalmente contra a política tradicional e que sua plataforma atendia os anseios de muitos americanos. As “fake news” só serviram para impulsionar sua candidatura e posterior vitória, ainda que apertada.

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Não gostaria de comparar o Bolsonaro ao Trump, porque acredito que ainda falta muito feijão com arroz para o nosso tupiniquim se comparar ao multimilionário americano em termos de competência para governar uma nação. E fica aí o alerta para quem acha que o Bolsonaro não tem a menor chance de ganhar e para a mídia, que se distancia cada vez mais das pessoas de carne e osso, pagantes de impostos, a tal da massa, que a gente vê por aí todos os dias.

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