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Meio Desligado: Emicida: a contradição que veste “calça sarja com nervuras”

qua, 29 de julho de 2015 07:23

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Camisa manga longa, 319 reais. Worker boot, 399 reais. Para quem não sabe, “worker boot” é aquela bota de solado alto que está na moda entre os homens. Calça sarja com nervuras, 229 reais. Acessível, não? Qualquer morador da favela ou pessoa pobre desse país pode entrar na moda “consciente” do rapper Emicida. O artista firmou no mês passado uma parceria com a marca West Coast. “A partir de agora, a parceria entre a marca e o artista estará ao alcance dos fãs com a coleção de moda West Coast Emicida.” este trecho é de uma matéria da Rolling Stone sobre o assunto.

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Pelo visto os fãs do rapper desfrutam de um poder aquisitivo semelhante ao dele, que segundo a matéria da RS, sobe ao palco para “soltar as rimas” com um look escolhido a dedo pelo diretor criativo da West Coast, João Pimenta. A West Coast se define como a “Marca da Moderna cultura worker. A conexão entre a moda, a música e o esporte sintetizam o estilo de vida da Marca, sem fazer distinção entre trabalho e diversão.”. Nada contra.

Quanto ao jovem rapper, não vou nem falar dessa idolatria que ele nutre ao Caetano Veloso e a tudo que remeta à MPB sob orisco de virar persona non grata. Afinal de contas, o rapaz é uma das nobres figuras atuais que detém o monopólio da bondade.

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Mas a crítica aqui não é musical. Porque criatividade e um pouquinho menos de autopiedade, dele eu não espero. É muito fácil segurar uma placa dizendo que não “capitaliza a realidade, mas socializa sonhos”. Só acho que um discurso de esquerda consciente não combina com a prática de lucrar numa grife de roupas com preços excludentes como estes.

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Não vejo exemplo mais claro de consumismo do que incentivar as pessoas a pagarem 319 reais numa camisa enquanto muita gente vive com um salário mínimo de 788 reais. Seria legal incentivar a juventude a não dar tanta importância para o visual. A seguir o caminho do “faça você mesmo”, pintando e desenhando as próprias camisetas. A não gastar só para estar na moda. A não se deixar levar pela propaganda. Como, se ele ganha dinheiro fazendo justamente o oposto disso?

Eduardo Cunha, o deputado baterista

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É uma notícia um pouco velhinha, mas que não podia passar em branco aqui na Meio Desligado. Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, apareceu num programa da Rede TV! demonstrando seus dotes com as baquetas e se dizendo fã de Led Zeppelin. Quem poderia imaginar este lado roqueiro do chefão “House Of Cards” da Câmara? Como Danilo Gentilli bem observou, “em um país sem Batman, Coringa matando o Pinguim é motivo de alegria.” Esse Coringa nos diverte à beça.

Renato Russo, amores e drogas

O recém lançado diário autobiográfico do líder da Legião Urbana é focado no período em que ele tentava se livrar dos vícios em álcool, cocaína e heroína. “Só por hoje e para sempre” é o resultado de uma das terapias recomendadas a ele durante os 29 dias em que permaneceu internado em uma clínica de reabilitação no Rio de Janeiro, entre abril e maio de 1993. Além de revelar ter sofrido três overdoses, Renato Russo também expõe seus amores, dentre os mais conhecidos, o colega de banda, Dado Villa-Lobos, e o americano Scott, com quem chegou a se relacionar. O jovem e belo morador de rua teria inspirado muitas composições do cantor.

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