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Meio Desligado – Dinheiro é a raiz de todo mal?

qua, 25 de maio de 2016 08:26

meio desligado

“Atlas Shrugged” de Ayn Rand recebeu dois títulos em português: “Quem é John Galt?” na edição antiga e “A Revolta de Atlas” na atual.  Para muitos jovens que assim como eu se indignam com a realidade do país, as obras dessa filósofa acabam se transformando num divisor de águas. Na coluna de hoje deixo um dos trechos mais impactantes do livro, ainda que mutilado pela falta de espaço, na esperança de que estas palavras despertem revoluções. Revoluções individuais.

“Então o senhor acha que o dinheiro é a origem de todo o mal? O senhor já se perguntou qual é a origem do dinheiro? O dinheiro é um instrumento de troca, que só pode existir quando há bens produzidos e homens capazes de produzi-los. O dinheiro é a forma material do princípio de que os homens que querem negociar uns com os outros precisam trocar um valor por outro.(…) É isto que o senhor considera mau? (…)

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Mas o dinheiro é só um instrumento. (…) O dinheiro não compra felicidade para o homem que não sabe o que quer; não lhe dá um código de valores se ele não tem conhecimento a respeito de valores, e não lhe dá um objetivo, se ele não escolhe uma meta. O dinheiro não compra inteligência para o estúpido, nem admiração para o covarde, nem respeito para o incompetente. O homem que tenta comprar o cérebro de quem lhe é superior para servi-lo, usando dinheiro para substituir seu juízo, termina vítima dos que lhe são inferiores. Os homens inteligentes o abandonam, mas os trapaceiros e vigaristas correm a ele, atraídos por uma lei que ele não descobriu: o homem não pode ser menor do que o dinheiro que ele possui.(…)

(…) O seu dinheiro provém da fraude? Da exploração dos vícios e da estupidez humana? O senhor o obteve servindo aos insensatos, na esperança de que eles lhe dessem mais do que sua capacidade merece? Baixando seus padrões de exigência? Fazendo um trabalho que o senhor despreza para compradores que o senhor não respeita? Neste caso, o seu dinheiro não lhe dará um momento sequer de felicidade. Todas as coisas que o senhor adquirir serão não um tributo ao senhor, mas uma acusação; não uma realização, mas um momento de vergonha. Então o senhor dirá que o dinheiro é mau. Mau porque ele não substitui seu amor-próprio? (…) O dinheiro será sempre um efeito, e nada jamais o substituirá na posição de causa. O dinheiro é produto da virtude, mas não dá virtude nem redime vícios. (…)

Quando o padrão é a força, o assassino vence o batedor de carteiras. E então esta sociedade desaparece, em meio a ruínas e matanças.

Quer saber se este dia se aproxima? Observe o dinheiro. O dinheiro é o barômetro da virtude de uma sociedade. Quando há comércio não por consentimento, mas por compulsão – quando para produzir é necessário pedir permissão a homens que nada produzem – quando o dinheiro flui para aqueles que não vendem produtos, mas influencia – quando os homens enriquecem mais pelo suborno e favores do que pelo trabalho, e as leis não protegem quem produz de quem rouba, mas quem rouba de quem produz – quando a corrupção é recompensada e a honestidade vira um sacrifício – pode ter certeza de que a sociedade está condenada. (…) Não pergunte quem está destruindo o mundo: é o senhor. (…) O senhor encara o dinheiro como os selvagens o faziam, e não sabe por que a selva está brotando nos arredores das cidades. Em toda a história, o dinheiro sempre foi roubado por saqueadores de diversos tipos, com nomes diferentes, mas cujo método sempre foi o mesmo: tomar o dinheiro à força e manter os produtores de mãos atadas, rebaixados, difamados, desonrados. (…)

Enquanto a produção era governada pela força, e a riqueza era obtida pela conquista, não havia muito que conquistar. No entanto, no decorrer de séculos de estagnação e fome, os homens exaltavam os saqueadores, como aristocratas da espada, aristocratas de estirpe, aristocratas da tribuna, e desprezavam os produtores, como escravos, mercadores, lojistas – industriais. Para a glória da humanidade, houve, pela primeira e única vez na história, uma nação de dinheiro – e não conheço elogio maior aos Estados Unidos do que esse, pois ele significa um país de razão, justiça, liberdade, produção, realização. Pela primeira vez, a mente humana e o dinheiro foram libertados, e não havia fortunas adquiridas pela conquista, mas só pelo trabalho, e ao invés de homens da espada e escravos, surgiu o verdadeiro criador da riqueza, o maior trabalhador, o tipo mais elevado de ser humano – o self-made man – o industrial americano. Se me perguntarem qual a maior distinção dos americanos, eu escolheria – porque ela contém todas as outras – o fato de que foram os americanos que criaram a expressão “fazer dinheiro”. Nenhuma outra língua, nenhum outro povo jamais usara estas palavras antes, e sim “ganhar dinheiro”; antes, os homens sempre encaravam a riqueza como uma quantidade estática, a ser tomada, pedida, herdada, repartida, saqueada ou obtida como favor (…)

(…) Enquanto pessoas como o senhor não descobrirem que o dinheiro é a origem de todo bem, estarão caminhando para sua própria destruição. Quando o dinheiro deixa de ser o instrumento por meio do qual os homens lidam uns com os outros, os homens se tornam os instrumentos dos homens. Sangue, açoites, armas – ou dólares. Façam sua escolha – não há outra opção – e o tempo está esgotando.”

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