Se teve uma coisa que a campanha presidencial dos Estados Unidos mostrou é que até o dia da eleição, muita água rola por debaixo da ponte. Em 2015, Trump não passava de uma piada para os analistas políticos e jornalistas de lá. Aliás, por aqui, João Dória (PSDB) começou a eleição como um cavalo azarão e conseguiu a proeza de ganhar as eleições para a prefeitura de São Paulo no primeiro turno.

Pois bem, o Instituto Datafolha realizou uma pesquisa divulgada pelo jornal Folha de São Paulo nesta segunda-feira, referente aos presidenciáveis de 2018. No primeiro turno o cenário é o seguinte: Lula (PT): 25%; Marina Silva (Rede): 15%; Aécio Neves (PSDB): 11%; Jair Bolsonaro (PSC): 9%; Ciro Gomes (PDT): 5%; Michel Temer (PMDB): 4%; Luciana Genro (Psol): 2%; Ronaldo Caiado (DEM): 2%; Eduardo Jorge (PV): 1%; Branco/nulo: 20%; Não sabe: 6%

 

No segundo turno, Marina Silva aparece com a vitória em todos os cenários de segundo turno. Na disputa com Lula, Marina obteve 43% e ele 34%. Se o segundo turno fosse com Aécio, ela teria 47% e o tucano, 25%. Contra Alckmin, a ex-senadora teria 48% e o governador, 25%. Por fim, num eventual segundo turno contra Serra, Marina teria 47% e o rival teria 27%.

Ainda faltam dois anos para as eleições e até lá, muita coisa decisiva pode alterar este cenário. No entanto, algumas observações, acredito eu, podem ser extraídas. Tem quem duvide da credibilidade dessas pesquisas. Não precisa se apegar a elas, mas é possível ter sim um indicativo do cenário real.

Vi muita gente reclamando da intenção de voto que o Lula recebeu. Não parece ser um problema de pesquisa. Mesmo em outras feitas por institutos diferentes, na comparação com eleições anteriores, é possível notar que o PT tem uma margem estável que varia de 20 a 30%. No entanto, a rejeição do PT pode ser considerada a soma de todos os outros candidatos, com exceção de Ciro e Luciana Genro. Isso fica ainda mais evidente quando se observa o desempenho de Marina Silva em prováveis cenários de segundo turno.

 

Jair Bolsonaro e Ciro Gomes tem plenas perspectivas de crescimento. Arrisco dizer até que Bolsonaro pode surpreender, atingindo aqueles 15% da “terceira via” bem sucedida, como aconteceu com Marina. Uma pena é ver Ronaldo Caiado e Eduardo Jorge com uma porcentagem tão baixa de votos. Acho que isso seria o mais próximo de uma disputa decente entre dois candidatos com pontos de vista diferentes e relativamente sensatos no Brasil.