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Meio Desligado – Cultura do estupro?

qua, 1 de junho de 2016 05:39

meio desligado

Não se falou em outra coisa nas redes sociais e na televisão durante a semana: o caso da menina de 16 anos que foi vítima de um estupro no morro da Barão no dia 21 de maio, após ter ido a um baile funk. Um vídeo da jovem, aparentemente inconsciente, começou a circular na internet. A gravação foi feita por um grupo de homens, que, em meio a risadas, toca nas partes íntimas da adolescente e um deles diz que ela “engravidou de mais de 30”.

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Imediatamente as pessoas se revoltaram com a notícia divulgada pela imprensa, de um estupro coletivo cometido por 30 homens. Assim, a comoção tomou conta do Facebook e a frase “Eu luto pelo fim da cultura do estupro” viralizou nas fotos de perfil. Quem não se chocaria com uma barbaridade dessas?

A medida que o caso começou a ser investigado, a primeira e chocante versão de “estupro coletivo”, alardeada pela imprensa, começou a perder força. A advogada da vítima, Eloísa Samy, acusou o delegado Alessandro Thiers de machismo e de constranger a vítima. Ele foi afastado do caso. Descobriu-se que não foram 30 homens envolvidos, e que isso era apenas uma alusão a uma letra de funk. A vítima tinha envolvimento com traficantes da área e teria passado por uma situação semelhante em outra ocasião. Não houve sinais de violência no exame de corpo de delito.

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Seis ordens de prisão foram expedidas pela Justiça contra os supostos envolvidos, uma vez que atos libidinosos, como aqueles que parecem no vídeo, também são considerados estupro pela lei. Raí de Souza, Lucas Perdomo Duarte Santos, Michel Brasil, Raphael Belo, Marcelo Corrêa e Sergio Luiz da Silva Junior. Esse último, conhecido como “Da Rússia”, é apontado como chefe do tráfico do morro da Barão.

Raí se entregou e disse ter mantido relações sexuais com a menina, mas negou o estupro. Ele afirmou também que estava no local no momento da gravação, que teria sido feita por um traficante da área.

Seria esse caso um novo “Escola Base”? A ânsia pela manchete fez com que a primeira versão do caso não fosse questionada. A ânsia do feminismo em se apropriar dessa história e disseminar ainda mais misandria na sociedade também deixou os fatos mais nebulosos.

Mesmo que a perspectiva jurídica mostre que a situação é um estupro, há uma diferença gritante entre ato libidinoso e violência sexual cometida por 30 homens. Jornalista não é ser humano, não pode errar. Minha opinião: se isso fosse mesmo verdade, o próprio código moral dos traficantes não tolera estupro e a pena é a morte. Não houve punições.

As feministas lançaram esse “combate à cultura do estupro”, que seria disseminada por essa “sociedade machista patriarcal eurocentrista capitalista”. Se tem uma cultura que pode vir a incentivar esse tipo de crime, essa cultura é o funk. Nas músicas, o sexo é tratado como esporte, um ato vazio, sem significado, feito com estranhos e por vezes animalesco.

O termo “novinha”, alusão às garotas menores de idade, está presente em muitas letras de conotação sexual. As danças, lascivas, muitas vezes chegam a simular posições. Não estou criticando quem gosta, cada um faz o que quer da sua vida. Mas não há como negar que essa cultura bombardeia a todo instante esse tipo de impulso e estímulo, logo, o que a sociedade entende como crime passa a ser algo normal, corriqueiro. Será que é só o homem que incentiva essa “cultura de estupro”?

4 Comentários

  1. Misandro disse:

    Na verdade uma cultura que incentiva esse crime está bastante presente (além do patriarcalistmo, machismo, capitalismo, eurocentrismo) nas mulheres que nunca se sentiram ameaçadas a não ser pela concorrência das novinha, e essencialmente na mídia que retrata o que o mercado patrocina. Interessante ver a essa altura do campeonato, um veículo oficial de imprensa ter a coragem de publicar matéria como essa. Deve ser o que chamam de mídia independente. Independe de ética, de bom senso, de humanismo, da realidade, do contexto.
    Só depende de uma coisa, do público seleto da provinciana rerigueri, seus coronéis e patrões, arguto$ negociadores de patrocínio e anúncios. Afinal, quem banca um jornal?

  2. Misandro disse:

    Parabéns pelas fotos.
    Alíás, só ocorre esse tipo de crime em baile Funk?
    Se olhar bem por aí, tem algumas notícias semelhantes em universidades, festas da playba, algumas envolvem políticos, igrejas, e até mesmo dentro da própria casa das vítimas que são aqui acusadas. Ou é má fé ou …

  3. Talita Gonçalves disse:

    Olá Misandro (boa referência),

    A coluna é de opinião, e como o próprio nome sugere, não reflete a opinião do jornal, e sim a minha. É normal que jornais garantam espaço para opiniões variadas, por isso quando alguém sugere que o jornal não preza pela diversidade, sugiro que converse com o professor e amigo Mauro Sérgio Santos. Ele possui uma ideologia bem diferente da minha, mas isso nunca foi empecilho para que muitos de seus artigos fossem publicados pela Gazeta do Triângulo.

    O termo “novinha” se refere à menor de idade. Nossa legislação proíbe severamente a utilização de menores em campanhas publicitárias que tenham apelo sexual. Isso é crime. Não é o mercado que influencia as pessoas a optaram pela beleza das mulheres mais jovens (e dos homens também).
    Aí você precisa questionar é a noção de belo que as próprias pessoas tem. O que é beeeeem diferente de garotas de 13 anos rebolando de shorts curtos rebolando em baile funk.

    Sobre existir crimes em baile funk ou em qualquer outro lugar: a coluna não é sobre isso, e sim, sobre uma pretensa noção de cultura do estupro da qual discordo. Abraços

  4. Talita Gonçalves disse:

    Para quem mais estiver em dúvidas sobre o assunto, deixo esse vídeo:

    https://www.facebook.com/yurivs/videos/vb.747858799/10153866447598800/?type=2&theater

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