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Meio Desligado – Centenário de Orson Welles

qua, 27 de maio de 2015 09:14

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Centenário de Orson Welles

ORSON FOTO PRINCIPAL

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Aos sete anos tocava violino. Aos 15 foi pintor e aos 16 já era diretor premiado e especializado em Shakespeare. Aos 23 anos, dirigiu o rádio-teatro “Guerra dos Mundos”, narrando uma invasão da Terra por ETs tão realista que colocou toda uma Nova York em pânico. Precoce e genial, Orson Welles ampliou as fronteiras do cinema, e no ano de seu centenário, é homenageado pelo mundo em mostras e exposições.

Naquelas listas de melhor filme feitas por críticos e revistas especializadas Cidadão Kane (1941) é quase sempre considerado o melhor de todos os tempos. E não é para menos. Welles tinha apenas 25 anos quando dirigiu e interpretou o protagonista desta obra prima que mudaria a história do cinema, ao inovar tanto na narrativa, com flashbacks, quanto na técnica, ao explorar novos enquadramentos e profundidade de campo.

A trama que narra a trajetória do personagem fictício Charles Foster Kane é inspirada na do magnata da imprensa William Randolph Hearst, que ficou furioso com o diretor e começou a fazer campanha contra ele em Hollywood. Daí em diante, Welles pegou a fama de que seus filmes eram difíceis de entender.

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Crimes desconcertantes e reviravoltas fascinantes marcam o noir A Dama de Xangai (1948), escrito, dirigido e estrelado por Orson Welles. Contratado para trabalhar no iate do marido aleijado da bela Rita Hayworth, (com quem Welles viria a se casar), um homem inocente se envolve numa perigosa rede de intrigas. Apesar de ser considerado um clássico, não teve sucesso comercial, o que tornaria difícil a relação de Welles com os estúdios.

Mesmo sem conseguir fazer filmes rentáveis, encontra gente disposta a financiar clássicos de Shakespeare, nos quais ele era diretor e ator, como Macbeth (1948) e Othello (1952). Esse último teve cortes feitos contra a vontade de Welles e foi mal recebido nos EUA, mesmo com o sucesso que fez no Festival de Cannes.

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Anos mais tarde, o noir A Marca da Maldade (1958), seria considerado o segundo melhor longa de Orson Welles (atrás, é claro, de Cidadão Kane), que também foi um fracasso comercial.

A história do pintor e falsificador húngaro Elmyr de Hory e de seu biógrafo Clifford Irving suscitam uma interessante discussão sobre ética, história e arte em Verdades e Mentiras (1973), no original, F for Fake, seu último filme.

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O inacabado “É Tudo Verdade” (Orson Welles veio ao Brasil para filmar o Carnaval em 1942) gerou polêmica. Era para ser um filme que ia melhorar as relações entre os Estados Unidos e a América do Sul, mas a visão aguçada de Welles não pode deixar passar batido as riquezas e misérias do Brasil, e acabou dessagrando governos americano e brasileiro. Uma das passagens do documentário mostra a história de quatro jangadeiros cearenses que navegam até o Rio de Janeiro para pedir ao governo ajuda para seu povo. O filme, porém, nunca foi terminado por ele, sendo lançado em 1993.

Orson Welles morreu de ataque cardíaco em sua casa em Hollywood, Califórnia em 10 de outubro de 1985, aos 70 anos. Uma de suas mais célebres frases mostra bem como ele encarava a sétima arte: “O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho.”

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