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Meio Desligado – Cazuza de A a Z

qua, 8 de julho de 2015 07:57

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Um romântico inveterado, de língua presa, que denunciava as hipocrisias da burguesia. Cazuza faleceu no dia 7 de julho de 1990, aos 32 anos e com menos de 40 quilos. Já se passaram 25 anos, mas as canções que marcaram a juventude brasileira e ainda marcam, continuam vivas. A Meio Desligado preparou curiosidades de A a Z para lembrar o poeta.

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A – AGENOR – Na infância, Cazuza sequer sabia seu nome de batismo e por isso não respondia à chamada na escola. Quando descobre que um de seus compositores prediletos, o Cartola, também se chamava Agenor (na verdade, Angenor, por um erro do cartório) ele passa a aceitar o nome, escolha insistente da avó.

B – BARÃO VERMELHO – Considerada uma das quatro bandas brasileiras mais influentes fundadas na década de 1980, o Barão Vermelho lançou seu primeiro disco em setembro de 1982. O sucesso comercial veio poucos anos depois. Em 1985, a banda atingiu o estrelado.

C – CLARICE LISPECTOR – Era a musa literária do cantor. Só a obra “Água Viva” ele garantiu ter lido mais de 110 vezes. Certa vez sua mãe lhe perguntou como ele fazia para saber que tinha lido tantas vezes. A resposta: fazia palitinhos ao final de cada leitura.

D – DOENÇA – Cazuza foi um dos primeiros artistas a assumir publicamente ter Aids, em 1989. “Ele pediu para o Brasil mostrar a cara, como ele não ia mostrar a dele?”, diz a mãe.

E – EXAGERADOEm apenas nove anos de carreira artística, ele compôs 190 obras e 229 fonogramas, diz o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição. Exagerado é a mais tocada (nos últimos cinco anos), seguida por Bete Balanço e Malandragem.

F –FREJAT – A saída abrupta da banda mexeu com a amizade dos dois, reconciliada anos depois. Frejat assumiu os vocais e conseguiu manter a banda.

G – GERAÇÃO BEAT – No final de 1979, Cazuza fez um curso de fotografia na Universidade da Califórnia em Berkeley, Estados Unidos. Lá, descobriu a literatura da Geração Beat, os chamados poetas malditos, que mais tarde seriam influências em sua carreira.

H –HOLOGRAMA – Mais de 29.600 pessoas foram ao Parque da Juventude no dia 30 de novembro de 2013 para ver o músico “ressuscitado” graças à tecnologia. A imagem ficou no palco por cerca de 20 minutos.

I – IDEOLOGIA – O teor político de algumas letras, como Ideologia e Burguesia, reforça a atualidade das composições. Brasil, com George Israel, do Kid Abelha e vencedora do Prêmio Sharp em 1988, foi eleito como um dos hinos dos protestos de junho de 2013.

J – JOÃO ARAÚJO – O pai de Cazuza era produtor fonográfico e fundador da Som Livre. Lá arrumou um emprego para o filho no departamento artístico, onde ele fazia triagem de fitas de novos cantores. Anos mais tarde, Cazuza, com o apoio de produtores da gravadora, convence o pai a apostar no Barão Vermelho.

K –KARAOKÊ – Valério Cazuza é um dos covers mais conhecidos do poeta, não só fisicamente. O jeito de conversar também é muito parecido. Ele costumava frequentar uma pizzaria com karaokê e os amigos lhe disseram que cantava igualzinho a Cazuza. Ele então abandonou a profissão de enfermeiro e investiu na música.

L –LIVRO – “Só as mães são felizes”, escrito por Lucinha Araújo em parceria com a jornalista Regina Echeverria, com mais de 100 mil exemplares vendidos e esgotado, será reeditado e ampliado neste ano.

M – MALANDRAGEM – A música conhecida na voz de Cássia Eller foi composta por Cazuza e Frejat especialmente para Angela Ro Ro, mas a cantora se recusou a gravá-la. Depois de 20 anos, ela contou que gostou da melodia das guitarras, mas decidiu não gravar a música porque achou a letra um “absurdo”.

N – NEY MATOGROSSO – Com uma diferença de idade de 21 anos (Cazuza tinha 18 anos quando o conheceu) os dois namoraram por quatro meses em 1979. A versão de “Pro Dia Nascer Feliz”, na voz do já famoso Ney, ajudou a abrir caminho para o Barão Vermelho.

O – O TEMPO NÃO PARA – Dirigido por Sandra Werneck e Walter Carvalho, o filme sobre a trajetória do músico foi lançado em 2004, tendo como protagonista o ator Daniel Oliveira.  O filme foi o mais visto naquele ano.

P –PRO DIA NASCER FELIZ – Visto por mais de 200 mil espectadores, o musical “Cazuza, Pro dia Nascer Feliz, O Musical” foi levado a espaços públicos, sempre com acesso gratuito. As apresentações aconteceram em abril deste ano.

Q –QUERO A SORTE DE UM AMOR TRANQUILO – O trecho da canção “Todo amor que houver nessa vida”, presente no primeiro álbum solo do cantor, “O tempo não para”, se tornou também famosa na voz de Cássia Eller e hoje enfeita muitos perfis de redes sociais.

R – REGRAVAÇÕES – “Codinome beija-for”é campeã de versões, com 65. Depois, vêm Brasil (56), Pro dia nascer feliz (53), Exagerado(51), que ganhou recentemente um novo clipe, e Bete Balanço (49). Para comparar: Garota de Ipanema, a recordista do país, tem 240 gravações.

S –SOCIEDADE VIVA CAZUZA – Criada por Lucinha Araújo três meses após a morte do filho – e, portanto, às vésperas de completar 25 anos -, a Sociedade Viva Cazuza fornece medicamentos, exames e assistência a portadores de HIV. São atendidos 140 pacientes.

T –TEATRO – Depois de passar um tempo nos Estados Unidos, em 1980, Cazuza retornou ao Rio de Janeiro, onde ingressou no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone no Circo Voador.

U –ÚLTIMOS DIAS – Pouco mais de um ano antes de morrer, Cazuza gravou e produziu o disco Burguesia quando se encontrava em uma cadeira de rodas e com a voz nitidamente enfraquecida. Meses depois, os médicos disseram que não havia mais o que fazer. Pesando 38 quilos, comemorou seu 32º aniversário em abril de 1990.

V – VERDADES SECRETAS – Três novelas tem músicas dele atualmente. A canção “Sorte e Azar”, em Sete Vidas, “Um trem para estrelas”, em Babilônia e a versão dele de “O mundo é um moinho”, de Cartola, na trilha da polêmica minissérie.

W – WAYFARER – O modelo de óculos fabricado pela Ray-Ban em 1952 desfrutou de muita precoce popularidade entre as décadas de 1950 e 1960. Nos anos 80, o Wayfarer estourou no Brasil ao aparecer no rosto do poeta. Outra marca de Cazuza são as bandanas. Segundo a mãe, tinha mais de 20.

X – XINGAMENTOS – Em seu último show, no Centro de Convenções de Pernambuco, em 24 de janeiro de 1989, ele começou a falar em inglês sobre o sucesso no exterior, foi vaiado pela plateia e respondeu com insultos e palavrões.

Y – YOUTUBE – Uma simples pesquisa pelo nome do cantor na plataforma de vídeo mais conhecida do mundo revela mais de 200 mil resultados, dentre músicas, clipes, documentários e shows.

Z –ZOMBETEIRO – Assim como foi em toda a sua vida, o poeta manteve o bom humor até mesmo enquanto a doença lhe roubava as forças. Ele escolheu o caminho de viver intensamente, aguentando o peso das consequências.

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